E o Guga, hein?


João Pires/Fotojump

Durante muito tempo, mas especialmente nos últimos três anos do ocaso de Gustavo Kuerten, todo mundo me vinha com a fatídica pergunta: “e o Guga, hein?” Mas isso não acontecia só comigo, acontecia com todos os jornalistas especializados no esporte que este catarinense popularizou em meio a um povo que antes, aos domingos, dividia seu tempo entre as partidas de futebol e as corridas de Fórmula 1.

Imagino se sentirei falta dessa questão (in)oportuna pelos locais onde passarei de agora em diante. Qual será o novo foco da inquisição das pessoas? “e o Federer, hein?”

Não creio. “e o nadal, hein?” também acho que não. “e o tênis brasileiro, hein?” talvez seja esta a pergunta agora na cabeça de muita gente que viu acontecer o boom deste esporte nos anos dourados daquele catarinense magricela.

A difícil resposta para esta interrogação ainda ninguém tem, mas o próprio Kuerten – que enfim trouxe luz aos diletantes questionadores de seu futuro – apontou, durante o anúncio de sua aposentadoria, que o porvir do esporte no Brasil dependerá de um método, uma filosofia, do trabalho de pessoas diferenciadas e (por que não?) do acaso. Quando sua turnê chegar ao término, Guga parece decidido a abandonar as quadras, mas não o tênis. Felizmente, ele já deu sinais disso. uma inspiração como a dele pode mudar muita coisa.

Antes, porém, a primeira homenagem ao tricampeão de roland Garros ocorrerá no Brasil Open, torneio que está esmiuçado nesta edição, com perfis dos participantes, dicas do lugar, história da competição etc. além disso, o torneio será o primeiro no mundo a respeitar a sustentabilidade sócio-ambiental da região onde é realizado. idéia louvável e que sirva de exemplo ao mundo.

Guga falou do trabalho de pessoas diferenciadas? Que tal um Brad Gilbert? a inglaterra o contratou e ele garante, em entrevista exclusiva, que logo eles verão um campeão. eu não duvidaria da avaliação de um dos maiores estrategistas que já existiu no tênis. aliás, algumas dicas dele são extremamente úteis mesmo aos amadores. assim como são as instruções sobre o posicionamento nas duplas deste mês. e quem entende muito deste quesito é a parceria mineira de andré Sá e Marcelo Melo, sensação do tênis brasileiro no ano passado e grande esperança de bons resultados em 2008.

Se Guga parou com 31 anos devido às dores, contamos histórias de senhores e senhoras que têm prazer em jogar tênis mesmo depois dos 60. e já que o catarinense citou o acaso, seria ele por trás de um começo de ano tão bom dos brasileiros? e seria ele o responsável pelos ventos que tiraram a raquete das mãos do velejador robert Scheidt na adolescência? confira nesta edição especial.

Arnaldo Grizzo

Publicado em 28 de Janeiro de 2008 às 12:35


Editorial

Artigo publicado nesta revista