Na televisão pode não parecer, mas os tenistas profissionais jogam o mesmo tênis que você
Na televisão pode não parecer, mas os tenistas profissionais jogam o mesmo tênis que você. Ao invés de apenas assistir, que tal absorver dicas dos jogos? Eis sete grandes nomes que podem lhe ensinar algo
SERENA WILLIAMS
Tenha um movimento simples para lançar a bola no saque
Não é segredo que mesmo os profissionais mais técnicos podem ter problemas com seus saques e, mais particularmente, com o toss (lançamento da bola). Também não é segredo que, mesmo que isso não passe na tevê, diversos tenistas amadores sofrem com o mesmo frustrante e místico problema. Há algo mais básico do que jogar a bola para cima e golpeá-la? A resposta parece ser sim, pois não é tão fácil quanto parece.
A não ser que você seja Serena Williams. Ano após ano, momento crucial após momento crucial, ela continua mandando a bola no mesmo lugar e golpeando-a com o mesmo movimento solto. Qual o segredo dela? Enquanto não houver um tipo de saque que sirva para todos, timing, prática e forma atlética significam grande parte do sucesso. Mas observar Williams lhe mostrará que quando estamos falando de precisão constante, mais é menos. Ela começa com o corpo relaxado e as mãos juntas à frente. Ela inicia o saque sem trazer ambos os braços para baixo, porém afastando-os um do outro. Enquanto ela transfere o peso do corpo para trás, o braço do lançamento vai reto para cima em um movimento suave, enquanto o braço direito, do golpe, vai para trás e para cima. Ela deixa a bola subir como parte natural do movimento do braço. Parece fácil, não? E é, para Serena.
ROGER FEDERER
Não faça mais do que o necessário nas devoluções
Qual o maior devolvedor de saque na história do tênis? A lista começa com Jimmy Connors, Andre Agassi e Monica Seles. Contudo, Roger Federer deveria estar aí também. A razão pela qual ele não está é que o que o suíço faz bem com sua devolução não é tão notório quanto os famosos devolvedores do passado faziam. Agassi, especialmente com seu backhand de duas mãos, tentava tomar o controle do ponto com a devolução, mesmo quando seu adversário colocava um bom primeiro saque. Ele geralmente adivinhava onde o serviço ia ser, então podia avançar nele. Federer, por usar o backhand de uma mão - o que dificulta golpear as devoluções daquele lado - tem uma filosofia completamente diferente. Ele deixa sua forma física natural ajudá-lo a reagir em qualquer direção que venha o saque, então ele tenta devolver o maior número possível de saques dentro da quadra. Na maioria das vezes, no lado do backhand, ele deseja fatiar a devolução em direção ao meio da quadra e esperar para tomar controle do rali quando percebe uma brecha. Sim, é improvável que você tenha uma reação tão rápida quanto a de Federer e consiga alcançar um saque de 200km/h com sua raquete como ele faz. No entanto, seu estilo de devolução é mais realista para um tenista amador do que o de Agassi. É simples - devolva a bola, faça o outro cara jogar -, é pouco arriscado, pois poucos tenistas sacam e voleiam, e não requer um timing absurdo. Pense na devolução desta forma: cada uma que você errar, equivale a uma dupla-falta. Não dê ao seu oponente pontos de graça quando ele está sacando e você deixará o game muito mais complicado para ele.
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ELENA DEMENTIEVA
Proteja seu ponto fraco tornando o restante forte
Diz-se que perder a visão deixa sua audição mais aguçada. Elena Dementieva tem mostrado que esse conceito pode ser estendido para o tênis. A russa passou muito tempo da carreira sem ter um saque confiável, o que equivale a uma cegueira para um tenista profissional. No segundo saque, ela sempre precisava improvisar um movimento lateral do braço que fazia com que a bola apenas passasse para o outro lado da quadra.
Você se lembra o que acontecia com Dementieva quando ela sofria com seu serviço? Você lembra de ela ter caído no ranking? Não, ela nunca terminou uma temporada fora do top 20 desde 2000. Recentemente, ela tem conseguido vencer seus pontos fracos, mas ela era bem sucedida quando ainda os tinha. Sua vulnerabilidade flagrante não deixou escolha e ela preciso se tornar melhor em todo o resto de seu jogo. Quando uma adversária agredia seu saque pingado, ela aprendeu a reagir rapidamente, com um movimento curto e potente e um apoio em open stance no backhand. Quando seu saque era quebrado, ela acreditava em suas devoluções e seus golpes de base fortíssimos para voltar para a partida. Não é surpreendente então que Dementieva tenha se tornado uma das tenistas mais forte do fundo de quadra. Tão forte que ganhou a medalha de ouro olímpica em Pequim, em 2008.
Todo jogador tem fraquezas. Dementieva prova que você não precisa ficar refém delas - você não precisa fazer tudo perfeito para ganhar. Da próxima vez que for treinar, concentre-se no que faz bem. É nisso que você vai se fiar no fim das contas.
#Q#
ANDY RODDICK
Não seja repetitivo
Costuma-se dizer que Andy Roddick é "pouco mais do que um saque". O fato de ele poder disparar serviços de 230km/h com uma alta porcentagem de primeiro saque lhe dá uma vantagem intransponível contra seus oponentes. Todavia, durante os últimos dois anos, com ajuda do treinador Larry Stefanki, Roddick se tornou um tenista difícil de vencer do fundo de quadra. Ele não fez isso tornando-se mais agressivo ou transformando qualquer um de seus golpes de base. Em vez disso, o norte-americano concentra-se em ser tão consistente e bem fisicamente quanto possível, e mesclar efeitos e ritmos em um ponto, assim o adversário nunca saberá qual será o próximo golpe.
Não é preciso muita ciência e sequer bolas mirabolantes. Em outras palavras, o jogo de Roddick pode funcionar com você. Observe um rali com ele. Ele vai bater um forehand de topspin cruzado com uma grande margem de erro. Depois vai dar um slice de backhand na paralela. Depois vai cruzar o slice. Na próxima bola, ele pode bater um forehand topspin na paralela. Nenhum desses golpes foi arriscado, nenhum empurrou o oponente para muito longe da quadra. Porém, nenhum foi previsível também. Roddick não permitiu ao adversário encontrar ritmo com os golpes e antecipá-los. Ele manteve a iniciativa do rali e forçou o oponente a enfrentar sua consistência e versatilidade. Ele sabe que não é fácil fazer isso. Tente mesclar desta maneira. Você pode fazer muito contra o adversário sem parecer que está fazendo muito
RADEK STEPANEK
Tente um golpe de aproximação da velha guarda
Temos ouvido isso durante anos: jogadores de rede são uma raça em extinção. As raquetes cada vez mais tecnológicas permitiram ao tenistas profissionais bater tão forte que impossibilitou qualquer um de segurar as passadas. E é verdade, a vasta maioria dos homens e mulheres gruda-se à linha de base e tenta se virar por lá. Muitos também fazem isso usando uma empunhadura semi-Western que ajuda no topspin. Isso os auxilia a agredir as bolas de meio de quadra, evitando uma transição para a rede através do "antigo" approach na paralela.
Contudo, isso não significa que esse golpe, um dos principais fundamentos do jogo durante décadas, não funcione mais. Para provar, você pode olhar para o jogo do perpétuo top 30, Radek Stepanek. Usando uma empunhadura Eastern e um movimento chapado, ele é um dos raros jogadores que pegam a bola dentro das linhas e mandam na paralela para ficar em posição de vencer o ponto com um voleio. Apesar da potência dos adversários, esse antigo ofício ainda funciona. O jogador de base ainda sente pressão e o da rede ainda está em uma posição ofensiva. Como muitas das táticas da velha guarda, essa é uma que os amadores - que não conseguem muitos winners de fundo - podem usar. Se Stepanek consegue fazer um approach funcionar contra os profissionais, você conseguirá contra seu adversário no fim de semana.
RAFAEL NADAL
Angule seus voleios
Nadal é o rei do saibro, uma superfície que torna os voleios batidos em direção ao fundo da quadra mais lentos. Isso significa que a maneira mais efetiva de se trabalhar na rede é através de voleios firmes curtos ou angulados, de forma que seu oponente tenha que correr muito para alcançá-los. Mesmo que Nadal não tenha um técnica de voleio magnífica, ele é um mestre na hora de angulá-los e deixá-los fora do alcance dos adversários.
Essa é uma jogada interessante em todas as superfícies e, como Nadal, você não precisa ser um grande voleador para fazê-la funcionar. Aprendemos muito com a maneira com que ele vence os pontos na rede. Primeiramente, ele só vem para a frente quando estabelece uma posição ofensiva e bate um approach que tenha desestabilizado o oponente no fundo de quadra. Isso lhe permite pressionar e, na maioria das vezes, pegar uma bola que flutua bem perto da rede. Deste ponto, Nadal pode usar um movimento simples e curto - ele não bate na bola, dá apenas um tapa - e direciona o golpe para as linhas laterais. Mesmo se ele não golpear com extrema precisão, é uma bola difícil para o oponente, que está no fundo da quadra, tentar alcançar. Essa é uma coisa boa, pois, para a maioria das pessoas, um voleio é o máximo que se pode pedir.
CAROLINE WOZNIACKI
Jogue uma bola para o alto quando necessário
Wozniacki é uma atleta top, mas ela não se tornou número dois do mundo por causa de sua força. Ela o fez pela consistência, determinação e por ter um nível acima das concorrentes. Ela é inteligente o suficiente para saber que no tênis de hoje, se você não puder colocar a bola no lugar certo, pelo menos precisa fazer o possível para colocá-la de volta na quadra adversária. Por mais medonho que isso possa soar, isso significa, às vezes, jogar a bola para cima.
Este golpe maldito esteve em voga 30 anos atrás, quando Andrea Jaeger colocava suas adversárias contra a parede mandando bola atrás de bola na estratosfera. Não estamos advogando para que você use esta bola alta durante seus ralis, e não é assim que Wozniacki joga. Mas quando alguém lhe joga para fora da quadra, este golpe pode lhe salvar por diversas razões. É mais seguro e mais inteligente do que ir para o tudo ou nada em uma bola paralela. O tempo que a bola leva para chegar do outro lado da quadra lhe dará a chance de se recuperar na quadra. O quique, alto e relativamente reto para cima e para baixo, forçará seu oponente a gerar sua própria força no próximo golpe. E, melhor de tudo, se seu adversário errar a próxima batida, isso pode incomodá-lo o suficiente para ficar com isso na cabeça por muito tempo. Moral do jogo: um golpe chato pode ser um golpe efetivo.
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Publicado em 19 de Agosto de 2010 às 10:49