Transformações

Transformações

SÃO VÁRIOS OS FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR DECISIVAMENTE a carreira de um tenista. Uma vitória inesperada pode acender uma chama vigorosa, que vai levá-lo às mais altas posições do ranking. Do mesmo modo, um percalço qualquer pode desmotivá-lo e fazer com que ele desista de continuar competindo.

Neste Brasil Open, diversos tenistas puderam dar exemplo de como pequenas coisas têm o potencial de transformar uma vida. A começar por Nicolas Almagro. No início de carreira, o espanhol era bastante antipático, fechado e demonstrava uma soberba em quadra que irritava adversários e torcida. Os anos passaram e o jovem cansou de ser vaiado. Arrumou uma namorada, tratou de ouvir os mais velhos, começou a ser menos intempestivo e a jogar melhor. Atualmente, trata a todos muito bem, esforçando-se para deixar para trás a imagem de bad boy.

Outro que certamente ainda vai aprender muito com as coisas que aconteceram neste Brasil Open é Thomaz Bellucci. Primeiro, soube suportar a pressão de jogar contra o experiente Ricardo Mello. Depois, soube usar a torcida para conseguir a virada sobre o argentino Leonardo Mayer. Por fim, não soube exatamente como se portar em quadra para demonstrar a essa mesma torcida que estava se esforçando por ela. Ainda assim, valeu. Vivendo e aprendendo, como se diz.

Saber lidar com detalhes como esse é essencial e quem lidou muitissimamente bem com tudo foi Fernando Gonzalez, que anunciou sua aposentadoria depois do Masters 1000 de Miami (talvez a cidade que mais recebe brasileiros e para a qual demos dicas para quem quer aproveitar a estadia durante o torneio). A turnê de despedida do chileno passou pelo Brasil, já que, segundo ele, foi aqui onde deu um passo decisivo em sua carreira ao vencer o Banana Bowl. Carismático, Feña vai deixar saudade, especialmente por sua direita fenomenal (que retratamos aqui em detalhes).

O Brasil Open recebeu ainda três grandes nomes quando se trata de devolução de saque: David Nalbandian, Gilles Simon e Fernando Verdasco. Portanto, analisamos suas respostas de backhand. Vale observar e aprender com esses mestres. Assim como vale ouvir o que Marcos Daniel, que agora se aventura na carreira de treinador, tem a dizer para os mais jovens. E não podemos deixar de citar os experientes duplistas mineiros, André Sá, Bruno Soares e Marcelo Melo, que ajudam a pavimentar o caminho das duplas no País.

Por fim, o Brasil Open 2012 – com seu público expressivo desde as primeiras rodadas e casa cheia nas finais – deixou inúmeras lições para quem esteve em São Paulo e viu de perto, e que fazemos questão de reproduzir em nossas páginas.

Boa leitura e bom jogo!
Arnaldo Grizzo e Christian Burgos


Editorial

Artigo publicado nesta revista

Brasil Open 2012

Revista TÊNIS 101 · Março/2012 · Brasil Open 2012