Escolha sem dor

Dicas para escolher seu equipamento sem que isso acarrete prejuízos às suas articulações


fotos: divulgação

Nessa edição, vamos falar sobre a relação do equipamento com o desempenho. Então, a primeira pergunta que se faz é: “Como posso melhorar minha perfomance sem sobrecarregar minhas articulações?” Antes de responder essa questão, contudo, vamos entender como funciona o nosso corpo durante os fundamentos do tênis.

Cadeia Cinética

A figura ao lado representa todo o caminho da energia até chegar à raquete. A somatória das energias geradas pelas pernas, tronco, ombro, cotovelo e punho e mais a raquete (peso, flexibilidade) e corda (tensão) determina a potência que será transferida para a bola. Então, se você tiver algum tipo de falha na coordenação do movimento poderá ocorrer: sobrecarga articular; perda de potência e diminuição da performance. Por exemplo: durante um dos fundamentos do tênis (forehand, backhand ou saque), se você não flexionar os joelhos, irá perder pelo menos 50% da energia que poderia ser transferida pelo corpo até a bola. Dessa forma, terá somente 50% de energia restante dividida entre tronco e braço. Como o movimento do braço é mais fácil de se realizar, normalmente o tenista menos habilidoso faz mais força com o braço, podendo sofrer, a médio prazo, de tendinites ou alguma lesão mais séria. Além disso, o uso de equipamento incorreto sobrecarrega os membros superiores, aumentando o risco de lesão.

A raquete

Normalmente quando uma pessoa se inicia no tênis vai a uma loja e compra a raquete da mesma marca do ídolo, mas será que a raquete do profissional é mesma que se vende nas lojas? As raquetes dos profissionais são feitas sob medida (peso, equilíbrio etc), com características distintas que não são possíveis de identificar a olho nu. E as raquetes vendidas nas lojas são manufaturadas, ou seja, produzidas em grande escala.

A melhor forma de se escolher uma raquete é testar pelo menos 10 raquetes diferentes, com a mesma corda e tensão ou, melhor ainda, três tipos de corda e tensões diferentes. Não é tão simples, mas pense, é uma escolha para um longo período.

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Peso da raquete

Você escolheria uma raquete leve ou pesada? Isso é uma questão pessoal. Com as raquetes mais leves, é possível manusear e gerar maior aceleração, mas a bola pode “rodar” a raquete na mão rapidamente, principalmente no contato com a corda. A escolha da raquete mais pesada pode prejudicar o iniciante, pois, como ele ainda não possui habilidade suficiente, irá sobrecarregar as articulações envolvidas. Mas, para os mais experientes e/ou habilidosos, a raquete mais pesada consegue proporcionar uma aceleração maior e, consequentemente, uma maior potência.

“Os segmentos do corpo agem como um sistema de cadeias conectadas, em que a força gerada por um segmento, ou parte do corpo, transfere-se em sucessão para o próximo segmento...” J. Groppel (1984)

Tamanho e tipo da empunhadura

Certifique-se que o tamanho da empunhadura seja o mais adequado para você. Existe um tipo de “gabarito” para medir a sua mão e determinar o tamanho correto. Se tiver alguma dúvida entre o maior e o menor, escolha o maior. O tamanho da empunhadura inadequado obrigará a fazer mais força com as mãos, podendo formar calos e bolhas e tendinite de punho. A empunhadura Western, a mais virada, é altamente prejudicial para o cotovelo, punho e ombro.

Tamanho da cabeça da raquete

A área da raquete que vibra menos é chamada de sweet spot (ponto “doce”), que fica no centro da cabeça. Se você optar por uma raquete de cabeça maior, além de ganhar em potência, terá uma chance menor de sobrecarregar seu braço com as vibrações geradas durante o contato da bola com a corda.

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Prefira as cordas sintéticas e de calibre menor. Não use as de nylon e muito menos as de poliéster. Esses tipos demoram mais para quebrar, mas costumam ser de péssima qualidade

Corda

Prefira as cordas sintéticas e de calibre menor. Não use as de nylon e muito menos as de poliéster. Esses tipos demoram mais para quebrar, mas costumam ser de péssima qualidade. Atualmente os profissionais estão usando tensões cada vez menores nas cordas, pois, além de contribuir para uma maior potência, sobrecarregam menos o braço.

Mas, afinal de contas, com quantas libras devo calibrar a corda da raquete? Sempre recomendo colocar abaixo de 50 libras. Testes recentes demonstraram que a maioria das pessoas que participaram de um estudo não conseguiram constatar uma diferença de 10 libras de tensão em termos de sensação e potência da raquete.

Antivibradores

Segundo pesquisas, os antivibradores não possuem efeito na atenuação da vibração para o braço. O efeito seria apenas psicológico, pois modifica o som da batida.

Referências Bibliográficas

1. Adelsberg S. The tennis stroke: an EMG analysis of selected muscles with rackets of increasing grip size. Am J Sports Med. 1986;14:139-142.

2. Hatch G. The Effect of Tennis Racket Grip Size on Forearm Muscle Firing Patterns. Am J Sports Med. 2006; 34(12):1977-83;

3. Nesbit S. The Effects of Racket Inertia Tensor on Elbow Loadings and Racket Behavior for Central and Eccentric Impacts. Journal of Sports Science and Medicine. 2006; 5, 304-317;

4. Wei S. Comparison of Shock Transmission and Forearm Electromyography Between Experienced and Recreational Tennis Players During Backhand Strokes. Clin J Sport Med 2006;16:129–135;

5. The Physics and Technology of Tennis. Howard Brody, Rod Cross and Crawford Lindsey. 2007.

Ricardo Takahashi

Publicado em 23 de Março de 2010 às 07:34


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Artigo publicado nesta revista