Dicas para encordoar sua raquete

Noções básicas para quem vai trocar as cordas da raquete


VOCÊ É DAQUELES que acha que corda é tudo igual? Que quem é bom mesmo joga até com linha de pesca? Desculpe contrariá-lo, mas não é bem assim que a coisa funciona. Um encordoamento pode fazer uma grande diferença e saber qual modelo e tensão de corda usar lhe proporcionarão um melhor aproveitamento do potencial de sua raquete e de seu jogo, além de evitar desconfortos. A primeira dúvida do iniciante quando chega à loja é: "Que corda e tensão coloco?" Se este candidato a tenista cair na mão de um lojista inexperiente, pode acabar levando gato por lebre e, em decorrência de uma escolha ruim, pode sentir dor no braço e desistir do esporte precocemente. "Quem está começando pode optar por um nylon comum e tripas sintéticas", dá a dica Cláudio da Conceição, proprietário da SOS Raquetes. Estas são cordas mais baratas, que podem ser usadas até os iniciantes se acostumarem com o novo esporte.

Após a escolha da corda, o lojista faz uma pergunta ainda mais difícil: "Que tensão você quer?". O principiante geralmente não possui todos os fundamentos bem desenvolvidos e ainda não consegue gerar muita potência nos golpes, por isso, a melhor escolha é uma tensão de média para baixa. Para saber qual é a tensão média de sua raquete, basta olhar na parte interior do aro. Quase todas têm uma escala em libras ou em quilos. "Nas primeiras vezes, é melhor 'errar' para baixo, pois uma tensão mais baixa requer menos esforço e dá mais conforto na batida", afirma Conceição.

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Antes de sair da loja, para não ficar completamente na mão do lojista na próxima vez que quebrar a corda, a melhor coisa é anotar o modelo e a tensão usados. Somente assim poderá dizer se gostou ou não do resultado. Se a corda arrebentou em pouco tempo, pedirá uma mais durável. Se batidas saíram muito, solicitará um aumento na tensão.

QUEBRA-QUEBRA

Se você acha que está quebrando a corda com muita freqüência, talvez uma mudança de modelo possa ajudar. Porém muitas vezes não solucionará o problema. Pois, os que mais quebram corda geralmente são tenistas que usam raquetes com uma malha de cordas - que se chama de padrão - muito aberto e batem com muito topspin. Para estes casos, uma das possíveis soluções seria usar um tipo encordoamento mais durável e mais grosso. Sim, cada corda tem uma espessura, dada em milímetros ou gauges (quanto maior o gauge, menor a espessura). Lembre-se: cordas mais grossas também são menos sensíveis.

Um tenista avançado, sem problemas no braço, pode até usar um poliéster, duro e resistente. Ou então, pode optar por uma corda hibrida, que nada mais é que uma junção de dois tipos de filamentos: um mais durável na vertical e um mais macio na horizontal. "Nos casos extremos, o melhor é comprar mais uma raquete de reserva", avisa Conceição. Mas, se não é este o seu caso, tente uma fibra feita com um polímero mais resistente e, ao mesmo tempo, macio.

O nylon (como a Prince Tournament, por exemplo) é a corda mais comum e barata. Ela tem durabilidade média/baixa e tende a afrouxar com o passar do tempo. As tripas sintéticas (como a Wilson Syn Gut Extreme) são fibras compostas com nylon e outros materiais, com melhor qualidade, porém um pouco mais caras e menos resistentes. Os poliésteres (Babolat Duralast) são muito duráveis, mas duros e costumam ter preço razoável.

Existem ainda as fibras feitas com diversos tipos de polímeros e cada uma possui uma qualidade de destaque, seja durabilidade, sensibilidade, conforto, etc. Babolat Hurricane, Luxilon Alu Power, Kirschbaum Competition, Head Ultra Tour e Signum Pro Poly Plasma, são alguns exemplos. Elas costumam ser mais caras, porém de altíssima qualidade. Além de todos estes tipos de tripas sintéticas, há as tripas naturais. Estas são, de longe, as melhores, porém as mais caras e menos duráveis.

ENCORDOAMENTO

Uma dúvida freqüente do tenista é: "Há alguma diferença de tensão se eu encordoar em máquina elétrica ou mecânica?" Não há consenso entre lojistas e vendedores sobre esta questão, mas podemos dizer que se as máquinas estiverem reguladas corretamente (há um dinamômetro para fazer a medição), não deve haver diferença alguma na tensão final. No entanto, uma máquina mecânica tende a se desregular mais facilmente comprometendo a precisão. "Na minha opinião, o encordoamento depende mais do operador do que da máquina", afirma Cláudio da Conceição. A maior diferença é que algumas máquinas elétricas possuem um sistema chamado pré-stretch (pré-estiramento). Se solicitado, ela vai esticar o filamento fazendo com que ele fique mais duro e perca menos flexibilidade com o tempo.

Outra dúvida é: "Por que algumas raquetes se encordoam com quatro nós, outras com dois?" A maioria das raquetes atualmente, principalmente as oversizes, são encordoadas com quatro nós. Somente algumas mais antigas e modelos intermediários permitem que o serviço seja feito com dois. A diferença é que com quatro pontos a pressão no aro da raquete diminui e as cordas afrouxam menos com o tempo. Com dois, é preciso que as raquetes sejam encordoadas no "sistema quadrado", ou seja, da cabeça em direção ao cabo.

Para finalizar, não se iluda pensando que quando encordoada com quatro nós dá apenas trocar as cordas verticais quando estas quebram. Isto até é possível fazer, mas a tendência é que a diferença de tensão entre horizontais e verticais comprometa o seu desempenho na quadra.

Arnaldo Grizzo Foto Gil De Souza

Publicado em 31 de Outubro de 2006 às 14:51


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Artigo publicado nesta revista