Instrução Saúde
Contra o sol ou para corrigir problemas de visão, jogar de óculos é uma boa alternativa?
QUANDO PENSAMOS EM equipamento de tênis, as primeiras coisas que vêm à mente são raquetes, cordas, bolas, tênis, camisetas, shorts, munhequeiras, overgrips, antivibrador, óculos. Óculos? Sim, óculos.
Imagine sair de um torneio em quadra coberta, sem nenhuma interferência externa, para atuar sob um sol de 40ºC? Não basta apenas se preocupar em passar o protetor solar porque no momento em que faz o toss... “Nossa, não consigo enxergar nada”, você deve pensar ao olhar diretamente para a luz solar.
Por isso, tantos jogadores utilizam algumas artimanhas para amenizar esse obstáculo, como bonés, viseiras e, recentemente, os óculos de sol têm se tornado outro instrumento valioso para vários deles, seja por se sentirem mais à vontade, seja por prescrição médica. Esses atletas encontram uma maneira prática e saudável de jogarem protegidos contra os efeitos prejudiciais dos raios solares e a fórmula é tão eficiente que já tem chegado aos amadores em seus clubes.
Diante dessa “novidade”, a Revista TÊNIS procurou saber de três grandes nomes do circuito profissional e também de técnicos como bons óculos de sol podem auxiliar numa melhor performance em quadra.
Também entramos em contato com oftalmologistas para informar quais são os perigos que a visão humana está exposta diariamente com as radiações solares e de que maneira jogar bem equipado pode evitar problemas à saúde.
Os olhos são a região mais exposta ao sol no dia a dia e, portanto, escolher um par de óculos escuros significa prezar pelo bem estar. Os especialistas recomendam o uso diário desse recurso como forma de proteção contra radiações ultravioletas A e B, pois elas aumentam a probabilidade de vários danos à visão humana.
Guilherme Favaron, especialista em retina e vítreo do Hospital do Olho (HORP) de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, explica um dos possíveis estragos que a pessoa pode apresentar em sua visão ao ficar de frente para o sol sem proteção. “A exposição ao sol por tempo prolongado pode causar lesão aguda chamada de retinopatia solar, em que há prejuízos imediatos às células da retina (região sensível responsável pela formação das imagens). Esse problema pode ser reversível ou não, dependendo do grau de comprometimento da retina”, avisa o médico.
Além disso, se o ser humano não tem o cuidado necessário com a visão, em um dia de forte sol, isso pode causar também a formação de pterígio, pele indesejável sobre a membrana que reveste a superfície da córnea – a parte anterior transparente e protetora dos olhos – e favorecer doenças oculares a longo prazo, como catarata (ausência de luz no cristalino, comprometendo a visão) e degeneração macular relacionada à idade, problema que ocorre com o excesso de sol na retina.
Por outro lado, ter um bom par de óculos à sua disposição impede o envelhecimento precoce e auxilia na prevenção de rugas entre os olhos e os pés de galinha, porque a pessoa não precisa contrair os músculos da face ao tentar resistir à radiação solar. Assim, se você perceber que está quase fechando os olhos diante de extrema claridade, é um sinal de que precisa ir a uma loja e não ter receio em gastar um pouco mais para trazer qualidade à sua visão.
FIQUE ESPERTO!O uso de lentes filtrantes (nome técnico para óculos solares) na prática de esportes deve levar em consideração alguns aspectos de segurança. Marcus Safady, presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, cita três pontos importantes para você se atentar em relação às lentes:
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E se o cuidado com os olhos jamais deve ser deixado de lado, vários atletas seguem à risca as determinações e não esquecem seus equipamentos oculares em casa. No tênis, tivemos vários destaques que até hoje são lembrados por seus “possantes” no rosto. Quem não se recorda do francês Arnaud Clement que chegou de forma surpreendente à final do Aberto da Austrália em 2001 com a faixa na cabeça e os óculos invocados? Ali mesmo em Melbourne, sete anos mais tarde, foi a vez do tatuado Janko Tipsarevic endurecer contra Roger Federer na terceira rodada insistindo com o par no rosto até a noite cair na Rod Laver Arena. O sérvio, que até meados dessa temporada esteve no top 10 do ranking, pensou na alternativa dos óculos ainda muito jovem. “Comecei a usá-los tão cedo que mal me lembro exatamente quando”, confessa o compatriota de Novak Djokovic.
Por mais que tenha problemas de visão (miopia) e jogue por prescrição médica, Tipsarevic se interessou primeiramente pela novidade por causa do incômodo diante do sol. “Levou-me um pouco de tempo para acostumar com eles, mas, uma vez que você se sente confortável para jogar de óculos, fica bem mais fácil. Agora estou usando óculos por outro motivo do que apenas por prescrição”, completou.
Campeã do US Open de 2011, a australiana Samantha Stosur também desfila com óculos escuros desde os tempos de juvenil. Por ser natural de uma região bem quente do seu país, a iniciativa pelos acessórios veio mais por proteção. Com o passar do tempo, Sam foi se sentindo bem mais à vontade em quadra e jogar de óculos a possibilitou melhorar suas atuações, principalmente no serviço, fundamento em que ela já se destacava desde as duplas no início da carreira profissional. “Uso mais pelo conforto que me proporciona. Nem me preocupo mais com o sol nos meus olhos quando estou jogando de óculos. É uma vantagem para mim, em especial quando estou sacando”, revela.
Em 2012, o espanhol Tommy Robredo ficou mais de cinco meses longe dos torneios se recuperando de uma cirurgia na perna. Quando voltou, recomeçou seu caminho em competições menores até chegar à sua melhor forma. Nesse espírito de renovação, Robredo optou por experimentar a novidade, principalmente quando jogava em locais de alta temperatura. Sem patrocínio de óculos especializados, ao contrário de Stosur e Tipsarevic, que têm contratos com a mesma empresa, o ibérico passou a usá-los apenas nos dias em que o excesso de luminosidade o atrapalhava e a tática parece ter funcionado. “Gostei tanto de utilizar óculos nos treinos que me acostumei, depois, a jogar de óculos de sol. Após os jogos, meus olhos ficam mais relaxados. Não acho que melhorei meu nível por causa disso, mas me sinto bem melhor para jogar e o sol acaba me atrapalhando menos”, relata o experiente jogador de 31 anos, que alcançou as quartas de final de Roland Garros este ano.
Óculos indicados para o tênis | ||
OAKLEY FAST JACKET Desenvolvido para usar ao longo do dia e noite, o modelo é um produto que fornece filtração de luz, bloqueio de brilho, contraste visual e equilíbrio de cores, além de ter arquitetura de meio aro para não atrapalhar sua visão para baixo. R$ 710 |
OAKLEY RADARLOCK TM PATH Tem a tecnologia que corrige a distorção visual causada quando a luz solar passa por alguma superfície curvada, permite adaptar a sua visão para qualquer ambiente e manter-se com as mudanças de luz, com suas lentes otimizadas e alta resistência a qualquer impacto. R$ 740 |
X-EYES DELTA ESPELHADO O modelo tem lentes antiembaçantes e antirisco, que possuem proteção UV, com hastes removíveis para colocação de elástico, garantindo melhor ajuste e conforto. Alta resistência a impacto. Lentes espelhadas (in out) ou cinzas. R$ 138 |
Por tamanha demanda de várias modalidades além do tênis, como ciclismo, vôlei de praia, triatlo, surfe, motovelocidade, dentre outras, as empresas de óculos especializados evoluíram bastante no sentido de ver quais as reais necessidades dos seus patrocinados quanto ao tamanho, modelo, cor ou tipo de lente. Na opinião de Rodrigo Sevieri, gerente de comunicação da Oakley, os tenistas necessitam de algo que proporcione um melhor encaixe no rosto, maior aderência e tratamento que evite ficar embaçado. É claro, desde que o atleta se sinta seguro com a peça escolhida. “O que acaba acontecendo é, naturalmente, o jogador se adaptar e adquirir a preferência por um determinado modelo. Uma característica em comum entre todos os modelos destinados à prática do esporte é a curvatura mais envolvente ao rosto, o que, na prática, amplia o campo de visão, pois não limita a visão periférica”, explica.
Quanto às lentes, Favaron acaba com qualquer dúvida e afirma que elas apresentam a mesma espessura das de óculos normais. De acordo com a necessidade de cada esporte, as lentes acabam recebendo tratamentos distintos – no caso do tênis, elas recebem filtros especiais para aumentar o contraste, além de corrigirem o erro refracional (miopia, astigmatismo ou hipermetropia) do atleta. Geralmente, são produzidas em material de alta resistência como o policarbonato, que garante clareza, elimina totalmente a distorção e tem filtro para a radiação ultravioleta. Fábio Villa, diretor da X-Eyes, cita outras particularidades das lentes dos óculos esportivos:
“Deve-se priorizar lentes que não embaçam, que evitem a limpeza constante em caso de transpiração; lentes antirrisco, desenvolvidas para situações extremas de impactos; e lentes ‘in out’ que possuam alto nível de transparência de visão”.
Já quanto à armação dos óculos, “é importante que não seja metálica, pois pode machucar o atleta em caso de quedas”, emenda Villa. Ela, portanto, deve ser feita de um material leve e resistente a fim de oferecer mais conforto.
A treinadora Suzana Silva, que começou a usar óculos em suas aulas por irritação ao excesso de luminosidade, mostra-se impressionada com a precisão da tecnologia dessas empresas e crê que o jogador de hoje tem um acessório a mais na manga para controlar esse obstáculo vindo do céu. “Às vezes, esqueço que estou de óculos, porque parece grudar no rosto. Os tenistas de antigamente, que usavam óculos, tinham que jogar com elástico para eles não saírem do lugar. Mas hoje você tem um instrumento tecnológico para bloquear o sol e de precisão produzido para essa finalidade”, encerra.
Publicado em 23 de Agosto de 2013 às 00:00
Os grandes ídolos que se sucederam na ponta do ranking da ATP