Em dose dupla

Em dose dupla

Luiz Pires/Fotojump

FORAM 10 ANOS EM QUE AS EMOÇÕES VARIARAM desde a angústia, das lamentações, dos sentimentos de "quase" para alegrias pontuais, conquistas solitárias até chegar ao ápice. Setembro de 2012 fica marcado como um dos meses de maior euforia do tênis nacional na última década. Nele, Bruno Soares ganhou o US Open de duplas mistas e, uma semana depois, junto com seu parceiro, Marcelo Melo, fechou o confronto da Copa Davis que levou o Brasil ao Grupo Mundial.

Bruno se tornou apenas o quarto brasileiro (o quinto se considerarmos o título juvenil de Tiago Fernandes) a vencer um Grand Slam. Aos 30 anos, dedicando-se há quatro somente às duplas, o mineirinho é um exemplo. Ficou dois anos longe do tênis devido à uma lesão, voltou, viu que não teria sucesso em simples, mas não desistiu. Sempre simpático e solícito, ele logo se adaptou ao jogo em parcerias, pois, além do fator "se dar bem com as pessoas", ele ainda possui uma inteligência tática e emocional fora do comum - o que faz com que possíveis de ciências técnicas sejam superadas.

Bruno também serve de exemplo para o que se tornou a equipe brasileira da Davis. Muitos podem achar que Bellucci é o grande nome (ou deve se tornar), mas a verdade é que a grande força do Brasil parece ser a sinergia, o grupo como um todo. E, para que haja harmonia em um time, é preciso que todos joguem para todos. Dessa forma, as duplas são a melhor encarnação desse período do tênis brasileiro, representando o espírito de equipe. Bruno em especial, pois ele, por mais destaque que tenha tido, nunca quis os holofotes somente em si, fazendo questão de distribuir as glórias com todos.

O momento do tênis brasileiro é excepcional e essas vitórias vieram no momento certo. Neste ano, tivemos um ATP com casa lotada todos os dias, mostrando que o público se interessa sim pelo esporte. No m do ano, teremos exibições de Federer, Tsonga, Djokovic, Maria Sharapova (pela segunda vez no Brasil), Serena Williams, Caroline Wozniacki, os irmãos Bryan. Em 2013 teremos um torneio da WTA e, em 2014, mais um ATP e talvez mais um WTA. Como disse Bruno Soares logo após sua conquista em Nova York, é uma ótima maneira de começar o ciclo olímpico e inspirar a geração que está chegando. Sim, podemos vencer, basta acreditar.

Nesta edição, comemoramos a tão aguardada classificação para o Grupo Mundial da Davis, o título das mistas de Bruno (que explica como deve-se atuar nessa modalidade), analisamos o porquê de os norte-americanos não terem medo de ter sucesso em casa, no US Open, damos adeus ao maior sacador da história recente do tênis etc. Celebre conosco.

Bom jogo!
Arnaldo Grizzo e Christian Burgos


Editorial

Artigo publicado nesta revista

Brasil no topo do mundo

Revista TÊNIS 108 · Outubro/2012 · Brasil no topo do mundo

Bruno Soares campeão do US Open e a volta do Brasil à elite da Davis