A Croácia foi grande demais

Karlovic

TODOS SABIAM QUE as chances de vitória brasileira em Zadar, na Croácia, pelo play-off do Grupo Mundial da Copa Davis eram remotas. Com tenistas mais experientes e de melhor ranking, os croatas ainda por cima jogavam em casa em quadra rapidíssima, que, obviamente, favorecia seus jogadores. E assim foi. O Brasil perdeu por 4 a 1, com nosso único ponto vindo da entrosada dupla mineira, André Sá e Marcelo Melo. Nos outros jogos, o saque e o sangue-frio dos europeus fizeram a diferença. O gigante Ivo Karlovic, com seus 2,08m, deitou e rolou em seu serviço, vencendo quatro tiebreaks nas duas partidas de simples que disputou e isso foi determinante para a vitória de seu país.

Mesmo sem Ivan Ljubicic e Marin Cilic - cortado de última hora por contusão -, o time dos Bálcãs veio forte com Mario Ancic, além de Karlovic. Lovro Zovko e Roko Karanusic completaram a equipe. O Brasil foi com Thomaz Bellucci e Thiago Alves para as simples e a dupla mineira. Bellucci abriu o confronto contra Ancic, que vinha se recuperando de contusão e era dúvida. Como havia feito em todos os últimos jogos contra tenistas mais gabaritados, o brasileiro equilibrou a partida, levando-o ao tiebreak nos segundo e terceiro sets, mas parou por aí. Quando precisou, Ancic mostrou que era superior.

Em seguida, Alves - trinta centímetros mais baixo que Karlovic - tinha a ingrata missão de segurar os saques do croata. Todavia, o estreante, empolgado pelos últimos resultados, não fez feio. Só perdeu os dois primeiros sets no desempate e, com um pequeno descuido, sofreu uma quebra irreversível no terceiro. Mas, assim, as poucas chances do Brasil diminuíram e uma vitória nas duplas era essencial.

A dupla Marcelo Melo e André Sá e, abaixo, Thiago Alves

Querendo decidir tudo no sábado, o capitão croata escalou Karlovic para formar parceria com Zorko. E eles quase conseguiram bater o que o Brasil oferecia de melhor. Melo e Sá precisaram se desdobrar, porém ganharam no quinto set. Com isso, esperava-se que o gigante dos Bálcãs sentisse um pouco de cansaço - físico e mental - no domingo e, quem sabe, abrisse uma brecha para Bellucci.

No entanto, o número um do time da Croácia foi decisivo novamente. Sem ter seu saque quebrado, ele abriu 2 sets a 0 no jovem brasileiro. Na terceira parcial, Bellucci salvou matchpoint e venceu o único tiebreak para o Brasil em todo o confronto (ao todo foram 11 em cinco jogos). O grandalhão, enfim, pareceu sentir e chamou atendimento. Na volta, revigorado, levou a decisão para mais um desempate e aproveitou os equívocos de Bellucci para selar o confronto. Alves ainda jogou contra Karanusic, porém perdeu.

Saldo final: Croácia de volta ao Grupo Mundial; Brasil de volta ao Zonal Americano - que, por enquanto, parece ser a realidade do nosso tênis. Mas, tudo indica que nossas chances estão aumentando. Temos uma dupla decisiva e nossos tenistas estão dando trabalho aos jogadores top. Como diria um amigo, só falta sair da síndrome: "Jogou como nunca e perdeu como sempre".

Em 2009, o time brasileiro novamente será cabeça-de-chave do Zonal Americano e aguarda o vencedor do confronto entre Uruguai e Colômbia. Os colombianos jogam em casa e caso vençam, o Brasil terá de ir para lá, pois neste ano ganhamos deles em Sorocaba. Se os uruguaios passarem, o time brasileiro atua em casa, já que em 2005 o último confronto foi em Montevidéu.

Thomaz Bellucci	Mario Ancic

ARGENTINA x ESPANHA

O SONHO ARGENTINO ESTÁ próximo de se realizar. A equipe sul-americana venceu a Rússia em Buenos Aires, com brilhante atuação de Juan Martin del Potro, novo ídolo local. O menino venceu suas duas partidas por 3 sets a 0 e não se incomodou em assumir a responsabilidade de decidir o confronto após a derrota de David Nalbandian para Nikolay Davydenko no quarto jogo.

Agora, os argentinos decidem o título, inédito, em casa, em novembro, contra a Espanha. Para passar à decisão, o time de Rafael Nadal superou com facilidade os Estados Unidos em Madrid, com o número um do mundo tendo atuação impecável sobre o saibro, como é de praxe. Esta será a terceira vez que a Argentina disputa a final da Davis e a primeira em seu território.

Argentina decide em casa pela primeira vez