Com que tênis eu vou?

Raquetes, cordas e bolinhas são essenciais para o tênis, mas os calçados, cada vez mais específicos, também merecem total atenção


O contato diário com todos os tipos de tenistas pode comprovar que um bom número deles - e principalmente (mas não apenas) os iniciantes - não dá a devida atenção ao calçado que utilizam. Pois saibam que esse erro é gravíssimo, porque este item, assim como bolinhas e raquetes, é mais do que essencial para uma boa performance. Praticar tênis com o calçado inadequado traz grandes prejuízos. Primeiramente, o financeiro, pois usar um calçado comum de caminhada, por exemplo, fará com que ele degaste muito mais, por não ter o solado mais alto, de material reforçado e estrategicamente ampliado e proteções laterais para movimentos comuns que o tenista faz ao deslizar. Assim, a lateral do calçado entra em contato com a quadra "rasgando o tênis" com grande facilidade.

Depois, vem o prejuízo físico, pois um calçado comum não possui absolutamente nada que auxilie a segurar e estabilizar o corpo do tenista nos movimentos e paradas bruscas que o esporte pede. Um tênis para caminhada é projetado apenas para andar para a frente, enquanto o para tênis, ele é desenvolvido levando em consideração que aproximadamente 85% dos movimentos de um tenista são para as diagonais e laterais. Por isso, a estrutura e tecnologias para estabilidade e instrumentos antitorsão são infinitamente mais adequados, ajudando o praticante a prevenir lesões nos joelhos e tornozelos.

Outra tecnologia indispensável utilizada nos melhores calçados é a estrutura do solado. Nota-se que normalmente a parte da frente é separada da parte do calcanhar, o que liga uma parte à outra são as barras de estabilidade e antitorção. Isso serve para o caso de o tenista realizar algum movimento em falso. O calçado não induz o pé inteiro a possíveis torções (ou até mesmo queda do corpo), dando tempo (milésimos de segundos) de recuperação. Mais uma singularidade do tênis é que o jogador passa grande parte do tempo com os calcanhares fora do piso, por isso, o amortecimento na área dianteira dos melhores calçados é tão boa quanto a da área do calcanhar.

Um para cada terreno

Existem calçados mais apropriados para cada tipo de superfície, porém não existe um padrão a ser seguido para detectar o melhor tipo de tênis para cada superfície. Por isso, o ideal é procurar um especialista para ter certeza que está adquirindo o calçado adequado. O normal (mas não obrigatório) é que, por exemplo, calçados específicos para quadras de saibro possuam ponto de giro (círculo com ranhuras localizado na parte da frente do solado) que ajudam na rotação do corpo e ranhuras um pouco mais profundas ou "cravos" milimétricos para auxiliar na fixação do tênis no saibro.

Um calçado totalmente específico para quadra rápida nunca terá o ponto de giro. Terá um solado de desenho mais uniforme, na maioria das vezes, e pontos de ventilação para os pés (mais uma tecnologia muito eficaz). Os tênis para quadra rápida tendem a possuir solas de materiais de maior durabilidade, o que os deixa um pouco mais pesados.

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Durabilidade

Esse tipo de calçado é comumente mais pesado e robusto, reforçado principalmente no solado. Os modelos top de linha reúnem excelentes tecnologias. Exemplos: Adidas Barricade, Babolat Propulse, Wilson Trance e K-Swiss Stabilor.

Conforto

Tratam-se de calçados mais leves e com os melhores sistemas de amortecimento do mercado, porém a durabilidade tende a ser menor. Exemplos: Nike Air Zoom Vapor V, Lacoste Repel, New Balance 1001 e Asics Gel Resolution.

Custo x benefício

Normalmente não são modelos top de linha, mas apresentam grande qualidade em um custo mais baixo. É comum que alguns desses modelos não reúnam as principais tecnologias de suas marcas. Exemplos: Head Extreme, Adidas Tirand, Asics Gel Challenger e Fila Xp plus.

Específicos para saibro

Contam com solado especificamente desenhado para proporcionar maior aderência ao saibro. Alguns até possuem proteção extra para evitar que o pó penetre o calçado. Exemplos: Babolat Team Clay e Adidas Feather.

Obviamente, existem mais modelos e o mercado sempre lança produtos novos. O importante para nós, tenistas, é aproveitar essa grande gama que está ao nosso dispor atualmente, sempre lembrando de dar a devida importância não só às raquetes e cordas, mas também aos instrumentos que nos mantém firmes em quadra, nossos pés!

Fabrizio Tivolli é encordoador e consultor de equipamentos de tênis há mais de dez anos fabrizio@tivollisports.com.br
Fabrizio Tivolli

Publicado em 16 de Dezembro de 2009 às 13:53


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Artigo publicado nesta revista