Dez anos depois da inesquecível final da Masters Cup de Lisboa, Guga reencontra Agassi para jogo exibição no Brasil
EM 28 DE NOVEMBRO DE 2000, Gustavo Kuerten entrava em quadra para seu primeiro jogo na Masters Cup de Lisboa. Depois de um ano excepcional, quando conquistou o bicampeonato de Roland Garros, ele chegou ao desafio final da temporada poucos pontos atrás do russo Marat Safin, número um do mundo. Apesar de a língua local lhe ser familiar, a quadra da capital portuguesa era dura, um problema para o brasileiro. Para acrescentar mais dificuldade, seu primeiro adversário era Andre Agassi, um expert nesse tipo de superfície.
O resultado? O norte-americano saiu perdendo o primeiro set, mas virou o jogo. Durante a partida, Guga sentiu dores, que continuaram depois e quase o levaram a desistir do torneio. No entanto, decidido a dar o seu melhor, voltou nos dias seguintes, arrasando adversários, incluindo Pete Sampras na semifinal do torneio. Estava marcado novo encontro com Agassi na decisão. A vitória lhe daria, além do título, o número um do mundo. E aquele domingo, 3 de dezembro, entrou para a história do tênis nacional. Guga já havia jogado bem em quadras rápidas anteriormente, mas, certamente, nunca no nível que apresentou diante do norte-americano. Cerca de 11 mil pessoas tiveram o privilégio de assistir de perto uma das mais sublimes atuações de Guga e mesmo quem viu apenas pela televisão tem até hoje gravados os lances espetaculares que consagraram o brasileiro.
REVANCHE OU REENCONTRO?
O dia amanheceu ensolarado na quintafeira, 7 de outubro de 2010, no Rio de Janeiro. Havia pouca gente no Clube dos Caiçaras, ao lado da Lagoa Rodrigo de Freitas. Mas uma pequena aglomeração em um deck atestava que algo importante iria acontecer. A imprensa se reuniu para ouvir Guga, aposentado do circuito profissional desde 2008, falar com um entusiasmo de menino sobre uma exibição contra Agassi.
Mais do que um duelo entre dois grandes nomes do tênis, a partida é um reencontro entre dois tenistas que ajudaram a mudar o conceito do que era o tênis. Agassi foi um dos pioneiros ao transformar a imagem comportada e aristocrática do esporte nos anos 90, dando-lhe um ar de rebeldia, mas, principalmente, inserindo-o no mundo da moda, gritando ao planeta que tênis era "lifestyle". "Herdeiro" de Agassi nesse sentido, Guga também mostrou que a seriedade do esporte profissional poderia, sim, conviver com a descontração de uma vida "normal". Porém, o carisma de ambos atingiu níveis tão dramáticos, que, mesmo aposentados, eles são venerados. Agassi e Guga são a junção da quadra com a vida real.
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No dia 11 de dezembro, no Maracanãzinho, Agassi e Guga reviverão duelo
Tanto é assim que o duelo entre eles em Portugal, há 10 anos, apesar de ter sido um embate feroz entre dois competidores vorazes, foi um símbolo de novos ares no tênis. Era a verdadeira revolução do esporte, que aproximava os fãs dos atletas, que deixavam de ser deuses encerrados no inatingível Olimpo para se tornarem de carne e osso. E nem por isso perdiam seu status de divindade. Ao m de uma partida dura, mas fraterna, esse sentimento de camaradagem certamente prevaleceu e quem não se lembra das palavras de Agassi para Guga: "É um grande feito. É o seu dia, aproveite!". Em 11 de dezembro deste ano, no Maracanãzinho, será o dia de ambos.
Publicado em 21 de Outubro de 2010 às 08:23