Profissão: Tenista

É possível ganhar dinheiro jogando tênis? A Revista TÊNIS faz as contas e mostra quantos jogos um tenista precisa vencer em cada tipo de torneio para poder sobreviver no circuito


Engenharia? Direito? Medicina? Não, eu vou ser um tenista profissional. Por volta dos dezessete anos, enquanto a maioria dos jovens se prepara para buscar as vagas das universidades, outros arriscam uma carreira menos tradicional. Encarar o tênis como profissão pode levá-los a milhões de dólares, glórias e títulos. Mas também pode significar uma vida de privações, apertos financeiros, distância da família etc.

Nas carreiras mais tradicionais, existe o vestibular para a escolha dos melhores alunos. Depois, a seleção é feita pelo mercado de trabalho. Para os tenistas, o funil vai ficando cada vez mais estreito enquanto crescem os pontos oferecidos pelo torneio, a premiação e as regalias. O sonho de estar entre os melhores do mundo, nos maiores campeonatos, está na cabeça e no coração de todos.

Aí, muitos se perguntam: "é possível viver de jogar tênis?" Sim, é possível, mesmo longe do glamour dos principais torneios do circuito, mas, até passar os primeiros estágios - os Futures -, não é fácil. Juntar dinheiro jogando nos menores torneios profissionais do mundo - porta de entrada para os eventos de grande porte - é uma tarefa complicada. Mesmo nos Challengers - segundo estágio de competições - é preciso saber dosar para fazer algum dinheiro.

A partir do terceiro nível, os ATP Tours é que há certo consenso de que um jogador começa a fazer seu pé de meia. O argentino Martin Vassallo Arguello, por exemplo, é profissional desde 1999 e jamais venceu um torneio de simples, em nível ATP. Em 10 anos de carreira, passou a maior parte do tempo no top 200 e, desde julho de 2006, se manteve entre os 120 melhores tenistas do mundo. Apesar de ter alcançado o top 50 pela primeira vez neste ano, já ganhou mais de um milhão de dólares, apenas em premiação de competições.

"Há mais de 4 mil jogadores tentando ganhar dinheiro no circuito, e apenas 100 conseguem. É muito difícil, mas é muito motivador, porque é um esporte que depende muito de cada um, da força de cada um. E é um esporte que traz satisfação, alegria, dinheiro, além dos lugares que conhecemos", conta o tenista de 29 anos.

Aos 30 anos, o gaúcho Marcos Daniel acredita que os 100 primeiros do ranking conseguem se manter, mas que só os top 60 estão "tranquilos": "Os top 100 têm um dinheiro bom garantido nos Grand Slams e ATPs. Isso dá uma gordura para queimar, porém, sem patrocinador, você não dá conta do circuito, pois os gastos são muito maiores do que as pessoas podem imaginar. O panorama muda se você é um cara com ranking sólido abaixo de 60 do mundo".

Só os melhores sobrevivem?

Antes de alcançar alto nível profissional, os candidatos aos principais torneios do circuito passam por muitas etapas em que a seleção fica cada vez mais restrita. São os torneios Futures, geralmente disputados por jovens que buscam os primeiros pontos na ATP, e os Challengers, para quem já está por volta do top 300 e quer se aproximar do top 100.

"Se você está jogando Challengers e não tem nenhum patrocínio, é difícil. Existem muitos jogadores entre os 200, 300, batalhando para conseguir ganhar bem", conta Thomaz Bellucci, 21 anos, o melhor tenista brasileiro no ranking da ATP. Para ele, a evolução nos pequenos torneios foi rápida, o que lhe rendeu uma boa ascensão no ranking. Em 2008, Bellucci foi o tenista que mais venceu torneios da série Challenger (ao lado de Teimuraz Gabashvili e Kristof Vliegen). Foram quatro títulos, sendo três consecutivos.

Com os troféus, ele se estabeleceu no top 100 desde maio do ano passado. "A partir de quando você está ali entre os 120, 130, fica mais tranquilo. Aí você começa a jogar os ATPs e vai para o torneio sabendo que vai ficar no positivo. Às vezes, no Challenger, você perde na primeira rodada e tem que pagar hotel, pagar técnico, passagem de avião... às vezes, você sai no prejuízo", revela.

O paulista Caio Zampieri, de 22 anos, se estabeleceu entre os 300 melhores do mundo em 2008 e agora vai tentar o sucesso nos Challengers para conseguir melhorar sua situação financeira. "Na situação que estou hoje, fico no 'empate'. Mas, se me aproximar do top 120, dá para viver do tênis sim", garante o tenista. "A galera fala que o tênis é uma das profissões mais difíceis do mundo, porque são só 100 pessoas que conseguem ganhar dinheiro com o tênis por ano", explica.

Quem ainda não ganha o seu sustento nas quadras, corre atrás deste objetivo com unhas, dentes, raquetes e muito treinamento. Tiago Lopes, também de 22 anos, que disputa torneios Futures e tenta furar o top 400, conta algo revelador: "Uma das melhores coisas que me aconteceu foi ter perdido um bom patrocínio que tinha.

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fotos: João Pires
Bellucci, "saldo positivo" só nos ATPs

Quando parei de ter a certeza de que, mesmo se não vencesse, teria minhas contas pagas, comecei a render mais, a me dedicar mais e passei a ter melhores resultados, pois sabia que, se não ganhasse os jogos, não teria como pagar as contas".

Zampieri: "Fico no empate"

Ele diz ser daqueles que consegue se manter, minimamente, mesmo jogando Futures, especialmente quando as séries são no Brasil, onde os gastos são menores. No entanto, se for jogar fora do País, corre o risco de ter prejuízo. "Você ganha uma grana para reinvestir em você mesmo. Paga suas despesas de voos, estadia, alimentação etc. Mas isso jogando quase só no Brasil. Jogando fora daqui, você teria sempre que fazer semi, ou final de Future para valer a pena", explica Lopes. O pensamento dele está correto, como você pode ver nas tabelas ao fim desta reportagem.

A lógica de gastar o dinheiro da premiação para reinvestir citada por Tiago é a mesma usada pelo top 100 Martin Vassallo Arguello. "O dinheiro, fundamentalmente, serve para continuar investindo, para poder treinar melhor, descansar melhor, viajar melhor", revela o argentino. Quanto mais se sobe no ranking, maior a equipe do tenista e o custo da preparação para estar no nível dos melhores do mundo.

TÊNIS É Uma careira como outra qualquer?

O tenista Ricardo Hocevar, 23 anos, compara a evolução tradicional de um tenista profissional com as outras opções do mercado de trabalho: "Você precisa se preparar bem no colégio, fazer o cursinho, entrar na faculdade. A partir daí você vai começar a dar os primeiros passos na carreira. Com um tenista, é a mesma coisa. Primeiro, você se prepara, depois disputa Futures, qualifying de Challengers. Quando começa a jogar bem os Challengers, você está formado e vai começar a ganhar algum dinheiro. Depois, você entra nos torneios ATP e consegue acumular mais. É como se estivesse em um cargo mais importante de uma empresa".

Apesar do caminho comum, alguns tenistas conseguem pular etapas e entram na disputa pelos principais torneios muito antes do esperado. Rafael Nadal, por exemplo, venceu seu primeiro título de Grand Slam aos 19 anos, enquanto muitos jogadores ainda estão se adaptando ao circuito profissional. Outros aparecem com força depois dos 25 anos, como Marcos Daniel. O gaúcho de Passo Fundo alcançou o top 100 pela primeira vez em novembro de 2005, aos 27 anos. A melhor posição de sua carreira veio em setembro do ano passado quando chegou à 61ª colocação no ranking.

Ismar Ingber

"Às vezes, parece impossível jogar tênis, mas não é assim. Porém, as lutas são grandes. Se você não tem apoio e tem que fazer tudo sozinho, se não tiver muita atitude ou muita confiança de que tem condições de chegar, talvez jogue por muitos anos e não consiga nem recuperar o que investiu. Parece uma visão pessimista, mas é a realidade da maioria dos atletas que não têm apoio no circuito", diz o gaúcho.

Hocevar: evolução gradual como em uma carreira convencional

* Como a premiação destes eventos varia, indicamos a menor. ** Premiação do US Open 2008

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fotos: João Pires e SXC
Melo e Sá se sustentam nas duplas

Apoio incondicional

Nem todos possuem aptidão ou talento necessário para esta profissão, então, é importante ter a orientação e o incentivo de pessoas especializadas que possam observar se você leva jeito para coisa. Na família de Ricardo Hocevar, muitos parentes estão envolvidos com o tênis e as palavras do pai e do tio, Marcos, que foi número 30 do mundo nos anos 80, sempre deram confiança ao garoto.

O mineiro André Sá, 31 anos, que já foi o 48º do ranking, teve certeza de que poderia ser um profissional quando tinha por volta de 18 anos e enfrentou Luiz Mattar - na época, o número um do Brasil -, em um torneio em Fortaleza. "Eu ganhei convite da organização e joguei com o Luiz Mattar. Joguei muito bem, ganhei até um set e perdi o jogo por 6/3 na negra. Depois do jogo, o Paulo Cleto, que era treinador dele na época, veio conversar comigo e disse que eu tinha potencial. Esse elogio e esse resultado me encorajaram bastante a seguir a na carreira."

O tenista Marcelo Melo, 25 anos, atual companheiro de Sá nas duplas, conta que muitas pessoas que optam pelo circuito profissional não alcançam o sucesso esperado e abandonam a "profissão". "A grande maioria tenta por três, quatro, cinco anos, vê que não teve um bom desenvolvimento no ranking, e deixa o tênis profissional. São poucos os que continuam. Você corre um risco, tenta, mas, se não conseguir, pode voltar e continuar estudando normalmente", garante o mineiro.

Outras opções no circuito

Nem todo o dinheiro que se movimenta no tênis está concentrado nas 100 primeiras posições do ranking de simples. Marcelo Melo, por exemplo, é um que aproveitou suas habilidades e apostou em outra possibilidade de carreira no tênis profissional. O jovem se especializou nas duplas, subiu no ranking e está entre os melhores do mundo na categoria.

"A minha primeira decisão foi ser um tenista profissional. A segunda grande escolha da minha carreira foi virar duplista, e foi uma decisão acertada. Se não tivesse me dado bem como duplista, provavelmente, já estaria estudando hoje. Eu tinha consciência de que, em simples, não iria chegar aonde almejava. Então, você tem que ir tomando decisões ao longo da sua carreira", conta o tenista, que foi um dos três jogadores com menos de 26 anos a terminar 2008 no top 20 do ranking de duplas da ATP.

Seu parceiro, André Sá, teve uma trajetória diferente. Por muitos anos, se dedicou à carreira de simples e chegou a alcançar as quartas-de-final em Wimbledon, em 2002. "Quando decidi parar de jogar simples, estava ali entre os 160, 170 e não conseguia ir melhor do que isso.

Então, jogar duplas foi uma decisão que até veio com muita facilidade, porque eu já estava com trinta anos e não estava sentindo que conseguia jogar meu melhor tênis em simples. E nas duplas, como estou agora entre os 30, você ganha muito mais dinheiro do que sendo 160, ou 180 em simples. Além de jogar os melhores torneios. Então, vale muito mais a pena", explica.

Em 13 anos como tenista profissional, Sá já recebeu mais de US$ 1,7 milhão em premiação. Mesmo com o sucesso da parceria, o bem sucedido tenista não recomenda que um jogador jovem abra mão de jogar simples desde o começo da carreira para se dedicar apenas às duplas.

No dia em que terminar seu ciclo como tenista profissional, ele não pretende deixar o tênis e sabe que o esporte pode mantê-lo em atividade e remunerado mesmo fora das quadras. "No Brasil tem muito espaço para você atuar. Não só como treinador, mas como promotor de eventos.

A experiência conta muito nestas áreas. E também tem uma área que me interesso e penso em fazer depois que parar de jogar: o trabalho de manager, ser empresário de atletas do tênis. Os contatos que tenho, as pessoas que conheço, tudo isso me dá uma boa chance de ser bem sucedido", garante.

Começo caro e depois?

Não dá para ingressar na vida profissional no tênis sem ter uma noção básica dos gastos que um atleta profissional tem nos primeiros torneios da carreira. Obviamente, depois que ele se estabeleceu entre os 50, ou entre os 100 primeiros do mundo, não vai precisar fazer tantas contas. Mas, mesmo antes de chegar neste estágio, todos os tenistas preferem olhar para as despesas no início da carreira não como um gasto, e sim como investimento.

*Na tabela, o dólar vale 2,375 reais
*Premiação para a dupla, não individual

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Mas, enfim, é possível sobreviver jogando estas competições? O jovem Tiago Lopes diz que sim: "Pago minhas contas". O experiente Marcos Daniel é outro que também acha possível: "O importante é saber quanto gasta. Passei seis anos lutando para não parar de jogar, pois não tinha ajuda nenhuma. Quando consegui juntar um dinheiro maior, consegui fazer um calendário mais apropriado. Resultado: entrei entre os 100 do mundo pela primeira vez".

fotos: Arnaldo Grizzo e SXC
É possível se manter nos Futures? Tiago Lopes garante que sim

Mas o gaúcho faz uma ressalva: "Quantos aguentam passar este sufoco e ainda assim ser competitivos? Depois é fácil dizer: 'esse cara não é tão bom'. Só que passamos seis ou sete anos da vida lutando para não parar de jogar e não apenas tratando de evoluir."

Jogar ATPs já sugere que o jogador tenha um alto nível e que o dinheiro ganho neste patamar já é suficiente para ele se sustentar. Neste nível, as competições bancam quase todos os gastos dos tenistas, pois oferecem gratuidades em estadia e alimentação. As principais despesas são com passagens e treinamento. Os menores ATPs do mundo, que atualmente oferecem US$ 450 mil, pagam cerca de US$ 4 mil para quem perde na primeira rodada - quase a mesma coisa que recebe um campeão de um Challenger de US$ 35 mil.

No entanto, mesmo jogando ATPs, a vida pode não ser tão simples quanto parece. Manter-se em alto nível requer gastos maiores. Fazer-se acompanhar de uma equipe técnica sai caro. As gratuidades começam na semana do torneio, ou seja, se você chegar antes para se preparar melhor, terá de pagar do bolso. Como os ATPs costumam ser um em cada país ou continente - diferentemente de Futures e Challengers que costumam ter sequências de torneios em lugares próximos -, as passagens são bem mais caras. Por tudo isso, é bom o tenista ficar atento nos gastos mesmo quando tem nível ATP.

A seguir, listamos as situações econômicas que um tenista pode encontrar nos dois primeiros níveis de torneios: Futures e Challengers.

Para o jogador de Future

Como a premiação destes torneios é menor - de 10 a 15 mil dólares -, o ideal é aproveitar os campeonatos no Brasil, ou na América do Sul. O campeão ganha 13% da premiação total e pode receber US$ 1.950 em um torneio de US$ 15 mil. Mas, se perder na primeira rodada, vai receber pouco mais de 1% da premiação total. Neste caso, com aproximadamente 200 reais recebidos em premiação, o tenista sai no negativo se tiver que tirar do próprio bolso os gastos com alimentação, estadia e viagens.

Acompanhantes: Se você faz parte de uma equipe de treinamento e vai dividir as despesas com outros tenistas, dá para levar um treinador ou um preparador físico junto. Se não, o mais comum é viajar sem este suporte. Aliás, por enquanto, pode esquecer a idéia de viajar acompanhado da namorada.

Passagem: O preço das passagens varia bastante e é importante comprar com antecedência e procurar as promoções. Para jogar no interior do estado de São Paulo, por exemplo, o tenista vai gastar cerca de 40 a 120 reais se for de ônibus, dependendo do percurso. De avião, o gasto médio dentro da região sul e sudeste do Brasil é de 400 a 500 reais. Para ir da região sudeste ao nordeste, o preço é em torno de 600 a 700

E os valores sobem na hora de sair do País:

São Paulo - Buenos Aires (ARG): R$ 650
São Paulo - Assunção (PAR): R$ 880
São Paulo - Santiago (CHI): R$ 810
São Paulo - Bogotá (COL): 1.340
*Média de passagens de ida e volta.

Estadia: Os tenistas estimam um gasto de aproximadamente 50, ou 60 reais por dia. Além de procurar pelos hotéis mais baratos, eles podem receber algum desconto de estabelecimentos conveniados com o torneio. De vez em quando, dá até para conseguir lugar na casa de amigos, parentes, ou famílias que alugam quartos mais baratos. Fora do Brasil, os tenistas ficam dependentes da valorização do real em relação ao dólar. Geralmente, eles gastam 40 dólares com hospedagem. Mas dá para achar hospedagem em casas de família por valor menor.

Alimentação: É bom reservar cerca de 40 reais por dia para gastar com a alimentação.

Para jogador de Chalenger

Nos Challengers, a situação melhora. A premiação vai de 35 a 125 mil dólares no total e a maior parte destes torneios oferece, pelo menos por cinco dias, estadia de graça com um acompanhante aos atletas. Além disso, alguns hotéis têm as refeições incluídas. Quem perde na primeira rodada, já garante pelo menos 300 dólares de premiação.

Acompanhantes: Nestes torneios cresce a exigência técnica e teoricamente é importante viajar com algum membro de sua equipe de treinamento. Ricardo Hocevar conta que: "Às vezes, o tenista ganha um jogo e acha que foi bem, mas está cometendo vários erros. Se não tiver alguém para mostrar o que ele pode melhorar, fica fácil sair na próxima rodada. Com alguns toques do preparador, ou do técnico, ele poderia chegar bem mais longe." Em torneios que não oferecem estadia, nem alimentação, levar um acompanhante significa multiplicar por dois os seus gastos.

Passagem: Nestes torneios, a necessidade de jogar em países da Europa e nos Estados Unidos aumenta, e é aí que também sobem os gastos.

São Paulo - Miami (USA): R$ 2.000
São Paulo - Nova York (USA): R$ 2.000
São Paulo - Paris (FRA): R$ 2.700
São Paulo - Madri (ESP): R$ 2.400
São Paulo - Londres (GBR): R$ 3.100
*Média de passagens de ida e volta.

Fazendo algumas contas, um brasileiro que vai à Espanha e é campeão de um Challenger de US$ 100 mil pode receber mais de 20 mil reais em premiação - dependendo do imposto local. Retirando R$ 4.800 gastos com as passagens dele e de seu treinador, o lucro da semana passa de R$ 15.000.

Estadia e alimentação: Se não estiverem inclusas, estadia e alimentação têm, em média, o mesmo preço mencionado para os Futures.

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DICAS Perdi, e agora?

Hocevar explica que a decisão depois de ser eliminado depende de alguns fatores, mas ele prefere continuar no clima da competição se não for ficar muito mais caro. "Dependendo da situação, você já está no meio do caminho para um torneio na próxima semana. Às vezes, mesmo que seja 100 reais mais barato voltar para casa antes, e economizar na estadia e na alimentação, vale a pena ficar no torneio, treinando com os outros, do que voltar para sua cidade e ficar em casa, sem o clima da competição."

fotos: João Pires
Premiação alta e grandes "lucros", só mesmo nos ATPs
Para Arguello, dos mais de 4 mil jogadores, apenas 100 conseguem ganhar dinheiro

Patrocínio de Corda

Muitas vezes, quem olha de fora não vê a real importância do patrocínio de corda para um tenista, principalmente para os que estão no começo da carreira. É comum valorizar o patrocínio de roupas de marcas famosas, mas é nas cordas que os tenistas chegam a gastar quase 500 reais por mês, ou muito mais, já que só o valor do encordoamento em países da Europa pode alcançar os 25 euros. Se você considerar que um profissional de alto nível encordoa de duas a três raquetes por dia, essa conta não sai nada barata.

Torneios de Grana

Uma opção que ajuda os tenistas na hora de conseguir dinheiro para os torneios é participar de competições que, apesar de não contarem pontos para a ATP, ajudam a engordar a conta bancária. Estes torneios dão boas premiações em dinheiro - alguns oferecem R$ 4 mil ao campeão e outros dão até um carro. O calendário destes eventos costuma ser aleatório e são pouco divulgados. Geralmente, os tenistas que participam são convidados pelos organizadores.

Para quem promove a competição e para os patrocinadores, é interessante contar com a presença de profissionais de alto nível. Às vezes, o prêmio é tão disputado que muitos tenistas que jogam os Futures e Challengers também estão nos chamados "torneios de grana". "Uma vez participei de um em que estavam André Ghem, Caio Zampieri, Chico Costa e Lucas Engel. Consegui ganhar e usei o dinheiro para investir nos torneios", conta Hocevar. Enfim, depois de tudo isso exposto, perguntamos: "Vai encarar?"

Rodrigo Linhares

Publicado em 19 de Março de 2009 às 14:01


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Artigo publicado nesta revista