O grande potencial do brasil open

Um evento de primeira linha que pode ser melhor


HÁ MUITOS ANOS não se vê um evento esportivo de grande porte em nosso país. Não tenho dúvida que isso se deve ao fato de a América do Sul estar engatinhando na área de marketing esportivo. Enquanto os Estados Unidos e Europa movimentam milhões de dólares com a NBA, MLB e Champions League, o Brasil continua pecando com a falta de seriedade e competência no setor.

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Apesar da escassez de eventos bem estruturados e empresas competentes no ramo de marketing esportivo no Brasil, acontece todos os anos, desde 2001, o Brasil Open, uma das 63 etapas do circuito da ATP, que culmina na Tennis Masters Cup, a Copa do Mundo de tênis, reunindo os oito melhores tenistas e 16 duplistas da temporada.

Assim como a maioria das etapas de circuitos mundiais de diversas modalidades, o Brasil Open atrai os melhores atletas de todo o planeta. Em 2007, participaram do evento tenistas de renome como os campeões de Roland Garros, Gustavo Kuerten, Juan Carlos Ferrero, Carlos Moyá e Gaston Gaudio, além do ex-top 10, Guillermo Cañas.

Jogado no complexo hoteleiro da Costa do Sauípe, o torneio é um prato cheio para os turistas que freqüentam os hotéis e amantes do tênis da região de Salvador. A estrutura impressiona: quadra central com capacidade para quatro mil e duzentas pessoas, elevadores de acesso à área VIP, sala de jogadores com computadores, serviço de catering, televisão, mini-sala de musculação com esteiras, bicicletas e halteres. O principal patrocinador do evento desfruta de um monstruoso Hospitality Center, onde são servidos 'comes e bebes' o dia todo. Isso tudo a menos de 15 metros da quadra central. Um luxuoso espetáculo esportivo regido pelo já bem sucedido empresário Luis Felipe Tavares.

Embora muito impressionado com toda a organização, me pergunto: Porque não trazer um evento como o Brasil Open para uma grande cidade como São Paulo, Rio de Janeiro ou Porto Alegre?

A NBA, por exemplo, escolhe as cidades de seus 'franchises' baseada em um estudo de como um time de basquete pode ajudar o desenvolvimento do esporte no país. Não precisa ser formado em Ciências Espaciais para perceber que todos os franchises da NBA estão em cidades de fácil acesso, com habitantes de alto poder aquisitivo.

O Brasil Open, uma das três únicas etapas do circuito ATP na América do Sul, poderia muito bem seguir os moldes da NBA e ser jogado em uma grande cidade brasileira. O torneio não só ganharia em exposição, mas serviria a alguns dos principais propósitos de eventos de grande porte em qualquer lugar do mundo: divulgar e apoiar o desenvolvimento da modalidade, além de promover a prática do esporte.

Aliado aos grandes meios de comunicação de uma metrópole como São Paulo, o Brasil Open também serviria de vitrine para a expansão do marketing esportivo do nosso país e empresas, como a já bem sucedida Koch Tavares, multiplicariam seus ganhos.

A Costa do Sauípe é definitivamente uma das regiões com melhor infra-estrutura turística. Porém, não há como negar que o Brasil Open, um dos eventos de maior porte do País, passa quase que despercebido quando jogado em um lugar de tão difícil acesso.

Acredito que há esperança no tênis e marketing esportivo do Brasil e é por isso que sigo frustrado com a fraca freqüência de eventos de grande porte em um país com tanto potencial como o nosso.

Luiz Fernando Procópio de Carvalho é gerente de operações de marketing da ATP. lcarvalho@atptennis.com
Luiz Carvalho

Publicado em 13 de Março de 2007 às 06:31


Coluna/Análise

Artigo publicado nesta revista