Agremiação possui tênis no nome e raquetes como símbolos, mas a modalidade só lhe rendeu destaque agora, com o sucesso dos duplistas mineiros
O contraste entre o tradicionalismo mineiro e o espírito arrojado de Juscelino Kubitschek, um dos principais nomes da história do Estado, dá o tom e o charme da capital de Minas Gerais, Belo Horizonte. A Praça da Liberdade, situada na região central da cidade, traz estes elementos, aparentemente contrários, em rara sintonia. Esta complementaridade se mostra entre a arquitetura neoclássica das secretarias do governo que cercam a praça e os modernos traçados dos prédios de Oscar Niemeyer, que também aparecem na paisagem local.
Nas redondezas da Praça da Liberdade, está localizado o ponto de partida de uma das mais bem sucedidas associações esportivas do país. É a sede do Minas Tênis Clube, situada no bairro de Lourdes, vizinho da badalada região da Savassi. O clube começou a ser construído em 1935 e teve a sede principal inaugurada cinco anos mais tarde. Como o tênis era o esporte da moda entre a alta sociedade da época
e foi um dos primeiros a ser implantado, o nome lhe caiu bem.
Hoje, o Minas mantém a combinação entre tradição - nas longas relações sociais
com os belo-horizontinos - e modernidade - na completa infra-estrutura para o
esporte competitivo - que tanto se destaca na capital mineira. A palavra "tênis" e
as raquetes aparecem em destaque no nome e no símbolo do clube mineiro, no
entanto, este esporte ainda trilha seu caminho para ser a principal modalidade de
lazer e competição do clube.
Tênis só no nome?
Mesmo com estrutura invejável para a prática de tênis - com 28 quadras de saibro (sendo cinco cobertas) distribuídas em quatro sedes na região metropolitana de Belo Horizonte (Minas I, Minas II, Minas Náutico e Minas Country) -, costuma ser em outros palcos esportivos que o nome da agremiação ganha verdadeira expressão.
Destacam-se, principalmente, as conquistas nas piscinas, nas quadras de vôlei e nos tatames. Thiago Pereira, que se tornou o recordista de medalhas de ouro em uma única edição dos Jogos Pan Americanos, em 2007, é um dos destaques da equipe de natação.
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Clube combina tradição com modernidade |
O time principal de vôlei masculino - maior campeão da história da Superliga, com quatro títulos -, conta com os atuais vice-campeões olímpicos André Nascimento e André Heller, além de já ter formado diversos outros grandes profissionais.
O campeão mundial de judô na categoria meio-pesado em 2007, Luciano Corrêa, é estrela da equipe de luta, ao lado de Ketelyn Quadros, que foi bronze nas Olimpíadas de Pequim e se tornou a primeira brasileira a ganhar uma medalha olímpica em competições individuais.
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A vez do tênis
No entanto, três atletas que possuem forte relação com a associação também colocaram o nome do clube em evidência neste ano de Olimpíadas. Em 2008, chegou a vez do tênis. Marcelo Melo, André Sá e Bruno Soares, os três principais duplistas do País e principais nomes do Brasil na temporada, passaram pelas quadras do Minas durante o processo de profissionalização.
Esportes olímpicos são destaque no Minas, grande formador de atletas. Clube se destacou no Pan-Americano |
Esse fato chama atenção para um trabalho que se foca, essencialmente, na base. "No caso do tênis, temos uma equipe de base. O nosso treinamento é para infantojuvenil. Os cursos de tênis do Minas tem mais de 600 alunos matriculados. Têm aulas para jovens de 6 a 16 anos, que passam pelo aprendizado, aperfeiçoamento, pré-equipes e depois equipes de competição", explica Roberto Carvalhais, o Neneco, chefe do departamento de tênis.
O tênis divide atenção com natação, vôlei e judô |
Além da infra-estrutura de tênis - que mesmo sem ser a prioridade do clube é uma das melhores do País -, os tenistas podem utilizar a academia e os profissionais de nutrição e fisioterapia que o clube disponibiliza para atletas de todas as modalidades. "O Minas é um dos clubes mais preparados para o treinamento de tênis do Brasil. Tem muitos recursos. A estrutura deles é fantástica", conta Pedro Braga, 33 anos, que formou equipe no clube com Daniel Melo (irmão mais velho de Marcelo), Marcos Leite, entre tantos outros.
Atualmente, 40 jovens treinam nos times de tênis do clube, na sede Minas Country - unidade mais focada no treinamento competitivo. O processo de seleção é concorrido e lembra até as tradicionais peneiras para vagas nos grandes times de futebol. No fim de cada ano, várias pessoas vão ao clube para realizar testes voltados para formação da equipe principal e também para as pré-equipes do ano seguinte. A expectativa de Neneco é que o sucesso de Melo, Sá e Soares, formados no clube, impulsione novos jogadores da base do Minas. "Os meninos pensam: 'Eu jogo, como juvenil, mais ou menos como eles jogavam na minha idade. Opa! Quem sabe posso ser profissional?' Então, acho que talvez possa até sair mais gente nos próximos anos. Estamos com bastante esperança", conta o dirigente. Luiz Eymar, gerente de esportes, completa: "O destaque deles (Marcelo, André e Bruno) foi muito importante para trazer à tona todo o trabalho que é feito na base do Minas".
Os grandes resultados dos tenistas iniciados na agremiação comprova o bom trabalho na base. Porém, a idéia de formar uma equipe profissional de tênis para atuar constantemente pelo clube, como acontece em outros esportes, é difícil de ser realizada. "Os tenistas jogam individualmente, não é como um time de vôlei ou uma equipe de natação, que carregam o nome do clube. Mas eles têm um vínculo e a gente faz questão de vê-los defendendo o Minas em competições como o Troféu Brasil de Tênis. Até porque, eles têm uma história aqui dentro. E temos muito orgulho de ter participado desta história", explica Neneco.
Publicado em 5 de Dezembro de 2008 às 13:52