Argentina e Espanha reeditaram final da Davis de 2008. Espanhóis, com 13 tenistas no top 100, provaram, mais uma vez, que têm time de sobra
COMO EM 2008, A FINAL DA COPA DAVIS reservou um idioma comum a duas nações que guardavam sentimentos distintos. A Espanha se orgulhava do feito alcançado em Mar del Plata, quando, sem Rafael Nadal, bateu os argentinos liderados por David Nalbandian e Juan Martin del Potro por 3 a 1. Por sua vez, era a chance de vingança do time de Títo Vázquez, que buscava acabar com a sina de nunca ter conquistado a "Ensaladeira".
No entanto, além de Nadal e David Ferrer, dois dos melhores jogadores no saibro, a Espanha tinha outras cartas na manga - o país ibérico não perde um confronto em casa e sobre a terra batida desde 1999, quando a equipe de Carlos Moyá e Alex Corretja acabou desbancada pelo Brasil de Guga e Meligeni. Além disso, Nadal e Ferrer estavam invictos na competição como mandantes.
No primeiro dia, Nadal atropelou Juan Monaco. Depois, Ferrer superou Del Potro em jogo épico, e praticamente selou o destino dos visitantes. No sábado, a dupla Nalbandian e Eduardo Schwank deu show diante de Fernando Verdasco e Feliciano Lopez. No domingo, Nadal saiu atrás, mas conseguiu uma virada heroica contra Delpo em jogo de mais de quatro horas para garantir o quinto título espanhol (2000, 2004, 2008, 2009 e 2011). A Argentina amargou o vice pela quarta vez (1981, 2006, 2008 e 2011).
FUTURO
Na última década, a Espanha instituiu uma verdadeira dinastia na maior competição entre equipes do tênis, porém o amanhã já se aproxima com incertezas. Tudo porque Nadal, após a vitória sobre Del Potro, declarou que seu ciclo na Davis terminou. É o que ele arma para 2012, que será um ano em que o atleta vai priorizar as Olimpíadas de Londres. "No ano que vem é garantido que não vou jogar [a Davis]. É um ano muito complexo, é um ano olímpico, e eu fui o que mais joguei em 2011. No ano que vem, fica impossível planejar a Davis e os Jogos de Londres ao mesmo tempo. Mas, graças a Deus, a Espanha tem jogadores de grande nível que nos substituirão", explicou Nadal.
Ferrer comentou que o país deve começar a olhar com mais carinho para os atletas mais jovens visando confrontos futuros. "Estamos mais velhos e não aguentamos tanto. Não sei se é fim de ciclo, mas será difícil que estejam os quatro na Davis, estão surgindo jogadores mais novos", concluiu.
Verdasco e Lopez parecem também não colocar em seu planejamento para 2012 a opção de atuarem juntos nas duplas, principalmente pelo retrospecto irregular neste ano na Copa Davis, em que perderam três do quatro duelos no Grupo Mundial, e pela disputa dos Jogos Olímpicos no ano que vem. A imprensa espanhola já especula que o processo de renovação do time de Albert Costa já se iniciaria em fevereiro, quando a Espanha recebe o Cazaquistão. Entre os possíveis titulares, Nicolas Almagro (10º) e Pablo Andujar (46º), são os nomes de maior destaque. A verdade é que, com 13 jogadores no top 100, a Espanha ainda tem "reservas".
CAIU DE PÉ
A Argentina deve se orgulhar das atuações de seus melhores jogadores e, mesmo com o quarto vice-campeonato acumulado no torneio, mostrou que pode enfrentar de igual para igual qualquer nação e em qualquer superfície. Afinal, quem não se lembra da vitória sobre a Sérvia de Novak Djokovic no piso rápido de Belgrado nas semi nais deste ano? Ou do triunfo diante da Austrália, na grama de Sydney, em 2005?
Se o sonhado título não veio mais uma vez, o time de Títo Vázquez deve ser novamente cotado para o próximo ano como um dos favoritos, pois, além da boa volta de Delpo, a Argentina pode contar com o avanço de Juan Monaco - que tem adquirido muita experiência - e com os já calejados Nalbandian e Chela - que, mesmo na casa dos 30 anos, se recusam a dizer adeus ao bom tênis. Se a Espanha tem 13 tenistas no top 100, a Argentina também sabe que tem "reservas", pois termina 2011 com 13 profissionais no top 200.
Publicado em 12 de Dezembro de 2011 às 13:40