Os principais personagens do US Open 2011
COMO DJOKOVIC DOMINOU O TÊNIS?
A ascensão de Djokovic ao topo do tênis mundial é surpreendente. Para os analistas e até mesmo para seus colegas de profissão, é difícil dizer o que realmente fez diferença em seu jogo para, de um ano para o outro, o sérvio se tornar imbatível. A verdade é que, de meados de 2010 para cá, seus golpes não mudaram muito. O saque não ganhou potência, mas ficou mais táti co. Sua direita conti nua prati camente a mesma. Sua esquerda também, porém mais regular.
"Ele tem ti do menos erros do que antes", afirmou Nadal, acrescentando que a confiança de Nole também é um fator importante em sua evolução. A verdade é que a preparação física do sérvio agora se equivale (ou até suplanta) à do espanhol e, como ele possui a agressividade necessária para ti rar o Touro de sua zona de conforto (especialmente com aquele backhand na paralela que tanto machuca), tem levado vantagem no confronto. Djokovic é capaz de manter trocas de bola em ritmo aceleradíssimo e ainda assim ser capaz de trocar a direção da bola, levando os adversários à loucura.
Sua rapidez também o torna quase intransponível na defesa. Enfim, com essas armas, Nole superou Nadal e Federer (que sempre teve e terá dificuldade contra adversários que atacam a sua esquerda), e estabeleceu um domínio inimaginável.
IMPLACÁVEL
Vivemos numa era de gênios. Foi o que Djokovic comprovou ao vencer o US Open. Quando ninguém mais esperava que Federer pudesse ter rivais, surgiu Nadal. Quando todos esperavam que Nadal se tornasse imbatível, surgiu Djokovic. Ao vencer o US Open 2011, o sérvio alcançou 64 vitórias e apenas duas derrotas no ano, 10 títulos e a garantia de terminar como número um do mundo esta temporada.
Os três títulos de Grand Slam em 2011 fazem com que ele iguale as marcas obtidas por Federer em 2004, 2006 e 2007, Nadal em 2010, Mats Wilander em 1988 e Jimmy Connors em 1974 (só para citar a Era Aberta). Mais do que isso, prova que ele faz parte de uma seleta lista de jogadores que marcaram a história e dominaram o tênis.
UM TÊNIS NOVO
Depois de ano de domínio das irmãs Williams e seus jogos de força, o tênis feminino vem dando espaço a novos estilos recentemente.
Em 2010, foi a vez de a italiana Francesca Schiavone provar que é possível ganhar jogos usando algo mais do que a mesmice da potência das bolas de fundo.
Em Roland Garros do ano passado, Stosur também estava na final. Assim como a italiana, a australiana possui um jogo pouco ortodoxo (não tanto quanto o de Schiavone, obviamente), fugindo da esquerda para bater de direita, sem medo de variar o backhand com slices, além de não se intimidar e tentar o jogo de rede sempre que possível. E foi assim que ela contrariou as expectativas e venceu seu primeiro Grand Slam no US Open, tornando-se a primeira australiana a conseguir tal feito desde a lendária Margareth Smith Court em 1973. Este também foi o primeiro título de simples em Grand Slam da Austrália desde Wimbledon 2001, com Lleyton Hewitt.
CONTINUAR LUTANDO
Nadal fez tudo certo. Fez com que seu jogo (considerado muito defensivo) evoluísse para que ele tomasse as rédeas do circuito, destronando Federer. Desde 2005, o espanhol lutou intensamente para superar o suíço e deixar de ser apenas um coadjuvante, saindo do incomodo número dois do mundo. Contudo, o Touro certamente não contava que tão cedo surgiria alguém para rebaixá-lo novamente àquela posição. Em seis jogos (seis finais), seis derrotas para Djokovic em 2011. Baixar a guarda? Jamais. Não é do feitio de Rafa, mas quais suas alternativas agora?
NÚMERO UM?
Serena Williams, mesmo quando afastada do circuito, costuma desdenhar das adversárias e se autointitular número um do mundo. E, realmente, muitas vezes ela faz por merecer, pois, mesmo fora de ritmo, é capaz de trucidar as oponentes e vencer torneios sem muita dificuldade. Neste US Open, ela provou isso mais uma vez, alcançando a final sem muita dificuldade, passando por Victoria Azarenka, número quatro do mundo, e Caroline Wozniacki, líder do ranking. Ninguém, entretanto, conseguiu superá-la na base da constância e da força. Porém, quando sua força foi posta à prova com a variação de Stosur, sucumbiu.
NÚMERO UM SEM UM GRAND SLAM
Ninguém duvida que Caroline Wozniacki seja a tenista mais regular do circuito e mereça ser número um. Todavia, a dinamarquesa segue sem vencer um Grand Slam. A regularidade talvez não baste para que a musa consiga superar essa barreira, já que "fantasmas do passado", como Serena Williams, continuam a atormentá-la.
SORTE E OUSADIA
Angelike Kerber joga profissionalmente desde 2003. Nunca havia passado da terceira rodada de um Grand Slam. De repente, semifinalista do US Open. Como? Devido a um jogo de fundo muito pesado combinado com uma ousadia tática sem medo de definir o ponto, seja de trás, seja da rede. Mais do que isso, sorte na chave. A alemã de 23 anos, mera 92a do ranking antes do torneio, seguiu seu caminho sem ter de cruzar com grandes favoritas, que acabaram caindo antes. Kerber aproveitou e, por pouco, não foi à final.
O MESMO FILME
Três anos, três jogos que não deveria ter perdido. Em 2009, Federer liderava a final contra Juan Martin del Potro, tinha o argentino na mão, mas deixou a partida escapar. No ano passado, conseguiu dois match-points no saque de Djokovic na semifinal, porém não converteu e perdeu a partida. Neste ano, novamente contra Djokovic, esteve na frente, permitiu a igualdade, conseguiu uma quebra crucial no quinto set, teve dois match-points no saque e... deixou escapar de novo. Sinal dos tempos?
LONGE DOS TRÊS
Dos tenistas do top 4, Murray talvez seja o mais talentoso, o que possui mais recursos técnicos. Ainda assim, está muito longe de alcançar os três primeiros do ranking. O escocês não consegue ser regular e, quando consegue, não é capaz de vencer Djokovic, Nadal ou Federer. Talvez seja melhor ele começar a pensar em fazer a mesma dieta de Djokovic.
Publicado em 23 de Setembro de 2011 às 06:22
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