Tiriac está certo: Federer é o melhor!

O veterano romeno que enfrentou grandes feras, nunca viu outro igual


O TÊNIS PASSA por um momento de total domínio do suíço Roger Federe : até aí todos já sabem. Também é sabido que o espanhol Rafael Nadal, com seu sólido jogo de fundo de quadra e muita força, é o único que consegue fazer frente ao fenômeno Federer, a ponto de vencê-lo em quatro finais este ano, três na temporada européia de saibro e uma em quadra rápida. Porém, a hegemonia técnica e tática do suíço é tão evidente, que nem mesmo Nadal a discute.

A verdade é que a supremacia de Federer nestes últimos três anos nos leva a um questionamento: Ser á que ele é o melhor de todos os tempos?

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Pergunta difícil de ser respondida , até porque o momento atual pode ser considerado de entressafra , já que o número três do mundo é o croata Ivan Ljubicic, ótimo jogador, mas sem carisma e técnica refinadas, o que pode levar à desconfiança com relação à hegemonia de Roger Federer.

Hoje há uma rotatividade bem maior entre os 10 melhores do mundo e parece mais fácil integrar esse seleto lugar tão sonhado por todo tenista.

O Master Series de Madrid deixou algo claro: conforme o piso mais rápido, Nadal fica mais vulnerável e se torna um tenista que alguns concorrentes podem bater, inclusive Ljubicic.

Por outro lado, Roger Federer, nas quadras mais rápidas, tem mostrado que tem um novo desafio : derrotar a seus oponentes com um "pneu" em algum dos sets. Foi o que aconteceu contra o argentino David Nalbandian na semifinal (6/4 e 6/0) e contra o chileno Fernando Gonzalez na final (7/5 6/1 6/0).

TIRIAC FALOU POR MIM

Pessoalmente, acredito que Mr. Federer seja, sim, o maior dos maiores. Acho uma pena ele não ter contemporâneos como os norte-americanos Jimmy Connors, John McEnroe e Pete Sampras; os suecos Bjorn Borg, Stefan Edberg e Mats Wilander; o tcheco Ivan lendl e o alemão Boris Becker. Isso certamente faria com que o suíço e levasse ainda mais seu nível e empurraria seu jogo a uma zona que a sua exigência atual não vai alcançar.

Após a final do Masters de Madrid, depois dos agradecimentos do vice-campeão, o chileno Fernando Gonzalez, outro cara que faz muito bem ao tênis, chegou a vez de entregar o prêmio ao campeão - que, por sinal, bateu Pete Sampras no número de Masters Series (12) e se tornou o primeiro tenista a ganhar mínimo 10 torneios por ano em três anos seguidos.

Simples como sempre, o suíço foi eco nômico nas palavras . E a cerimônia não teria nenhuma novidade se o romeno Ion Tiriac não aproveitasse o momento para fazer um importante testemunho. Tiriac foi um fenômeno do tênis. Não pela técnica apurada, mas pela garra e de terminação impressionantes. É um caso raro de alguém que começou a jogar tarde, aos 14 anos, e se tornou um dos melhores de sua geração.

Ao lado do talentosíssimo Ilie Nastase, Tiriac levou a Romênia à final da Copa Davis, enfrentou todos os grandes tenistas e jogou todos os grandes torneios por mais de uma década. Ao pendurar as raquetes , ainda se tornou um empresário super bem-sucedido, que organizou as carreiras milionárias do argentino Guillermo Vilas e do alemão Boris Becker.

Enfim, este Tiriac que sabe tudo de tênis, pegou o microfone e disse o seguinte: "Mr. Federer, eu tenho estado envolvido com esse jogo de várias formas , joguei contra alguns dos melhores, Rod Laver, Jimmy Connors, entre outros, e no meu livro o senhor consta como o maior tenista de todos os tempos".

Eu concordo !

O paulista Dácio Campos foi tenista profissional e titular da equipe brasileira da Copa Davis. Atualmente trabalha como comentarista do SporTV.
Dácio Campos

Publicado em 31 de Outubro de 2006 às 07:37


Coluna/Análise

Artigo publicado nesta revista