Rio para todos

Quadras e campos de futebol é o que não faltam no Brasil, certo? Sendo assim, um professor de Educação Física ousou e mudou as regras do jogo. Tirou as redes do gol de uma quadra de futsal, ao lado de um viaduto na zona norte do Rio de Janeiro, e trouxe nova rotina ao bairro Pilares, comunidade carente da capital fluminense.

Acostumado ao atletismo, Artur Ricardo não teve contato com o tênis durante a faculdade, mas a vontade de aprender foi maior e capaz de levar à frente um projeto que a própria comunidade acompanhou desconfiada. "Eles nunca tiveram contato antes com uma raquete de tênis, parecia coisa de outro planeta. Para eles, somente as pessoas ricas praticavam esse esporte. Hoje, por outro lado, temos total apoio da comunidade", explica o também morador de Pilares.

Humilde, Ricardo aprendeu a jogar tênis por conta própria e acompanhou três meses de estágio no Fluminense. Dessa forma, em janeiro de 2011, o Fontesprojeto " Tênis Solidário" teve início e, desde então, tem atraído a atenção de todos os bairros próximos da região que conta com aproximadamente 35 mil pessoas.

Mesmo que a estrutura seja modesta, com apenas uma quadra cheia de rachaduras e que apresenta falhas na cobertura parcial, a "escola de tênis" atende a inúmeras crianças, sem cobrar um centavo dos jovens meninos e meninas que têm a oportunidade de descobrir no esporte uma nova realidade. Ainda sem parceiros formais, o projeto recebe doações como raquetes, bolas e até lanches para os 44 alunos que têm aulas de etiqueta, português e inglês. Para os de alto rendimento e que jogam os campeonatos pela Federação Carioca, há a opção de intercâmbio com técnicos em outros locais de treinamento.

"É uma escola onde os alunos não pagam nada. Tudo é gratuito. Dificilmente, os alunos teriam condições de praticar tênis, então o projeto está dando essa oportunidade, não só da inclusão, mas também da descoberta de alguns talentos. A curto prazo, nosso objetivo já foi alcançado, pois a comunidade já vê o tênis como uma realidade e não lembra apenas do futebol. Hoje, formamos cidadãos", enfatiza o professor que recebe o auxílio do coordenador Alberto Machado desde o ano passado.

De aposta, o projeto já tem objetivos concretos para o futuro como a reforma da quadra e a possibilidade de um patrocínio que ajude a bancar o sonho dessas crianças que querem despontar no esporte. Mas, acima de tudo, o "Tênis Solidário" quer que a população acredite que é possível criar a noção de cidadania através da bolinha nas mãos.

Para ter contato com o projeto "Tênis Solidário" acesse http://tenis-solidario.blogspot.com.br/ ou telefone: (21) 9154-7760 ou e-mail: tenis.solidario@bol.com.br