Os três pontos-chave do saque-e-voleio

Saque, split step (parada de pernas) e primeirovoleio. Quem quer seguir a estratégia de sacare volear sempre deve ficar atento a estes trêsfundamentos básicos


TIM HENMAN se aposentou e o saque-e-voleio perdeu mais um dos poucos jogadores que ainda cultivava esta estratégia no circuito profissional. O estilo enfrenta problemas para sobreviver à evolução e às condições de jogo atuais. A velocidade dos atletas e a lentidão das bolas e das quadras são apontadas por muitos como as culpadas pelo desaparecimento do chamado "Big Game". Para dois expoentes do tênis nacional que jogavam no saque-e-voleio, Carlos Alberto Kirmayr (Sim! Ele sacava e voleava com menos de 1,75m!) e Maria Esther Bueno, o estilo está em decadência, pois os tenistas não treinam o fundamento do voleio. "Ninguém mais joga dupla. É o primeiro passo para aprender a volear", diz Maria Esther.

Excluindo da lista o croata Ivo Karlovic e o bielo-russo Max Mirnyi (dois gigantes), um dos poucos tenistas que ainda se arrisca a jogar no saque-e-voleio de maneira clássica é o tcheco Radek Stepanek. "Não sobraram muitos caras no circuito que jogam com saque-e-voleio. A maioria deles está batendo forte de forehand e backhand. Então, meu jogo não é muito confortável para os adversários, porque eles não estão acostumados a isso. Isso é uma grande vantagem", afirmou o atleta após perder uma partida épica na segunda rodada do US Open para o sérvio Novak Djokovic. E para exemplificar as dicas de como executar o saque-e-voleio da melhor maneira, ilustramos com uma seqüência feita por Stepanek durante este jogo memorável.

PRIMEIROS PASSOS
Sacar e subir à rede é uma ótima maneira de surpreender seus adversários. Mas não é só isso. Também é uma forma de pressionar, coagir, intimidar e quebrar o ritmo do oponente. Efetuar uma passada, seja na devolução ou na segunda bola, pode não ser ou parecer tão difícil na primeira ou segunda vez, porém, são golpes que requerem muita precisão, dependem de muita concentração, muito físico, devido ao ajuste fino e posicionamento. Para uma boa passada, além de coordenação perfeita de todos estes aspectos, é preciso aliar outro fator indispensável: o elemento surpresa, que gera mais uma necessidade, a variação. Todos estes fatores passam despercebidos, quase naturais nas primeiras tentativas, mas após algumas vezes, o passador sentirá a pressão, o desgaste e assumirá uma posição de defesa. Esta é a primeira consciência que o jogador de saque-e-voleio tem que ter. Isso responde à pergunta que invariavelmente os leigos fazem ao ver um tenista deste estilo sendo passado: "Por que ele insiste em ir para a rede se está levando passada a toda hora?" Então, experimente, surpreenda, pressione, intimide e quebre o ritmo, mas lembre-se, seja persistente.

SAQUE
1. A primeira estratégia para o saque é aproveitar as deficiências de devolução, ou seja, explore o golpe mais fraco de seu oponente. Exemplo: tenistas amadores costumam executar devoluções de saque com slice no backhand; que muitas vezes é fraco e "flutua" pelo meio da quadra. Este seria um bom motivo para você sacar e subir, tirando proveito desta fraqueza do adversário.

2. Varie o saque. Se você sacar sempre da mesma maneira, seu oponente pegará o ritmo da devolução e complicará a sua vida. O segundo ponto para um saque-e-voleio eficiente é a estratégia de saque, sua variação e elemento surpresa. Varie não só a colocação do serviço (aberto, fechado e no corpo), mas também os efeitos. Os saques com efeito dificultam a precisão da devolução e dão mais tempo para chegar à rede.

Os saques "flat" ou chapados, não são a melhor opção para esta jogada, porque são mais rápidos e, por isso, também voltam rápido, reduzindo seu tempo para subir à rede.

#Q#

SPLIT STEP
1. O split step, que chamamos de parada de pernas, é um passo ou quase um salto, em que você se apóia, ou "cai" com os dois pés, com quadril e tronco de frente para o ângulo a ser coberto.

Este detalhe técnico é um dos responsáveis pela eficiência e velocidade na quadra de tênis. Realize o split step quando seu adversário for bater a bola, para que, assim que ela saia da raquete dele, você comece a se movimentar o mais cedo possível.

2. O segundo ponto-chave será tentar fazer a parada de pernas o mais avançado possível, porém, sem ser apanhado correndo (trocando passos) no meio da quadra. Após o saque, corra para frente até o momento que anteceda a devolução. Isto mesmo! Você terá pouco tempo para sair da linha de base e posicionar- se para o primeiro voleio. Seu objetivo poderia ser: sacar e subir até o "T".

Esta seria uma ótima posição para realizar o primeiro voleio, e também será um dos pontos mais próximos da rede que você conseguirá chegar sem "atropelar" a bola, ou ter que volear sem um posicionamento correto. Mas, lembre-se, não se baseie pelo ponto da quadra que você vai parar.

Na seqüência de fotos, pode-se reparar que devido a velocidade do serviço e devolução, Stepanek faz a parada de pernas bem antes da linha de saque (T). Quando a bola está começando a voltar, Stepanek já está completamente "parado", estabilizado para o primeiro voleio (foto 4).

PRIMEIRO VOLEIO
1. Grandes jogadores conseguem dar dois, até três passos após o split para volear a primeira bola, mas, nem pense nisto. Um tenista amador, que seja rápido e tenha bom voleio, consegue dar até dois passos para o primeiro voleio. Mas o normal para estes casos seria fazer o split e dar um passo antes do primeiro voleio. Na seqüência de fotos, Stepanek faz o primeiro voleio e só então se aproxima mais da rede, conseguindo um posicionamento para definir ou "matar" o voleio. Repare que o segundo split (foto 9) é realizado entre a linha do saque (T) e a rede, posição correta, que já permite "matar" o voleio, mas é recuada suficiente para conseguir pegar uma tentativa de lob do adversário.

2. Se observarmos a seqüência de fotos, Stepanek está muito longe da rede e o primeiro voleio torna-se um approach volley (voleio de aproximação). Sendo assim, ele faz um voleio profundo e no meio para não dar ângulos favoráveis de passada a Djokovic. Ou seja, use o primeiro voleio para conseguir a posição ideal, não tenha como objetivo definir o ponto com ele, isto provocará muitos erros devido ao seu posicionamento (muito afastado). Mas, obviamente que um voleio mais curto ou colocado resolverá todo o problema, principalmente se você conseguiu "jogar" seu adversário para fora da quadra com um bom saque aberto.

Arnaldo Grizzo E Carlos Omaki

Publicado em 18 de Outubro de 2007 às 09:47


Instrução - Tática

Artigo publicado nesta revista