Instrução Duplas
Cinco dicas fundamentais com tudo o que é necessário saber sobre o jogo de duplas
JOGAR DUPLAS ESTÁ NA MODA. Com o sucesso dos duplistas brasileiros, a modalidade já não é mais vista como a opção dos “velhinhos do clube” que não apresentam mais a mobilidade dos seus áureos 20 anos. Agora, é cada vez mais comum ver as quadras com quatro pessoas e não mais somente duas. As duplas vieram para ficar.
Mas o sucesso não se deve somente ao bom momento de Bruno Soares e Marcelo Melo. O jogo de duplas sempre foi muito dinâmico e divertido, e o individualismo “natural” do tênis fez com que isso fosse deixado de lado por muita gente que nesse momento está redescobrindo a modalidade. Antes, era impossível um técnico convencer seus atletas juvenis a uma partidinha de duplas no fim do treino. Hoje, os garotos já pedem. Nos clubes, só resiste a um bom jogo de duplas o tenista que não compreende as diferenças para uma partida de simples e insiste em dizer que não sabe jogar. Pensando nessas pessoas, mas também em quem já têm “cancha” de dupla, a Revista TÊNIS resolveu montar um guia de táticas e técnicas, resumidas em cinco lições essenciais, para você se tornar um exímio duplista e deixar as suas partidas ainda mais divertidas.
Esqueça o corredor e a paralela`
O posicionamento nas duplas é simples. Você pode pensar: “um cobre a direita e o outro cobre a esquerda”. Parece bobo assim, mas é preciso ser um pouco mais específico. Essa máxima de que um fica de um lado e o parceiro do outro, na verdade, é usada por quem desdenha das duplas, dizendo que, por esse motivo, você corre menos e participa menos do jogo. Não acredite nisso. Em uma partida, você pode se esforçar física e tecnicamente tanto ou mais do que nas simples. Mas, voltando à questão do posicionamento, há regras bastante simples a serem seguidas:
Se seu parceiro tomar um lob, você deve correr atrás da bola para recuperá-la. E ele precisa cruzar e trocar de lado da quadra com você
Se você está na rede, não deve ficar parado. Repare no que fazem os duplistas profissionais. Quando a bola está na quadra adversária, o voleador geralmente está mais próximo da rede, fechando os ângulos. Quando a bola passa por ele na direção do seu parceiro, o voleador dá alguns passos atrás, cobrindo ângulos de defesa, de olho na movimentação do voleador rival. É como uma dança, para a frente e para trás, dependendo de onde está a bola. Isso faz com que você esteja sempre bem posicionado.
A velocidade do jogo de duplas, muitas, vezes faz com que alguns tenistas mais ansiosos cometam erros bobos, especialmente na devolução de saque. Por quê? Porque eles querem se antecipar à próxima jogada adversária e começam a se movimentar antes de terminarem de golpear. Então, pare. Primeiro você precisa estar equilibrado para realizar a devolução. Faça o split-step, posicione os pés e golpeie. Depois que a bola sair da sua raquete, aí sim, pense no que vai fazer e se movimente.
Você e seu parceiro estão na rede. Os adversários executam um lob. E agora, quem vai atrás da bola? Depende. Se o lob for sobre o seu parceiro, você vai correr para recuperar a bola. Se for sobre você, ele deve correr. Isso na maioria das vezes. Por quê? Porque, correndo em diagonal, fica mais fácil visualizar a bola e também o posicionamento dos rivais. Quando se corre de costas para a quadra, perde-se muita visão. Além disso, lembre-se: quem tomou o lob deve cruzar para defender o outro lado.
O jogo é na rede
Se você acha que o jogo de duplas é entediante, muito parado, especialmente para quem está na rede, vá ver alguns jogos de profissionais. Repare nos tenistas que estão na rede. Veja como eles se movimentam o tempo todo, mesmo quando não estão na jogada. Aí está um grande segredo de um bom duplista: a movimentação constante. Quando se está na rede, sua movimentação serve tanto para cobrir possíveis tentativas de passada quanto para se preparar para interceptar a bola adversária. Outro detalhe relevante: perceba que a maioria dos pontos é definida na rede ou em função de jogadas de rede. Dessa forma, valem as dicas:
Você veio para a rede e precisa matar o ponto no primeiro voleio. Tire isso da sua mente. Muitas vezes, você será pego no caminho para a rede. Portanto, nesses momentos, não queira definir o ponto em um voleio difícil, longe da rede. Faça um bom primeiro voleio, firme e fundo, de preferência no centro e espere uma oportunidade melhor para definir o ponto. O primeiro voleio prepara o ponto, raramente o define.
Nunca olhe para trás
O amarelo da bolinha de tênis é bastante atrativo. Essa cor foi elaborada para que o tenista e a plateia não percam a perfeita visão de sua trajetória. Porém, nas duplas, só quem deve ficar de olho grudado na bola é quem está diretamente envolvido na jogada. Se você está a todo momento vendo seu parceiro golpear é porque não está participando do jogo como deveria. Quando se está na rede, seu olhar deve se fixar, primeiro, no adversário que está executando o golpe. Depois, quando perceber que a bola não vai na sua direção ou que você não terá chance de interceptá-la, seu foco de visão deve estar no rival que está na rede. Esqueça a bola que passou por você. Ela é “problema” do seu parceiro. Se ela já passou, você nada pode fazer para ajudá-lo. E por que olhar para o tenista da rede? Porque, dependendo da movimentação dele, você poderá se antecipar. Enquanto se fica assistindo ao seu parceiro bater na bola, caso o oponente na rede resolva cruzar e interceptar a jogada, você será um “alvo”. Sua chance de se defender e proteger a sua quadra serão mínimas. Portanto, como diz a música, não olhe para trás.
Além disso, o fato de não olhar para trás também implica em confiar no parceiro, um ponto importante para uma boa dupla. Os parceiros precisam estar entrosados e confiando um no outro. A melhor (e única) forma de criar esse entrosamento é através de conversa. Por mais que você seja tímido, em dupla, troque algumas palavras com seu parceiro, nem que seja, pelo menos, para dizer qual estratégia de saque pretende usar. Acredite, quanto mais informações vocês trocarem, maior a chance de sucesso. Mesmo que vocês não sejam muito adeptos de falar durante a partida, deixe sempre um canal de comunicação aberto caso o jogo aperte. Nessas horas, é melhor acertar as estratégias na hora do que perder um game de saque importante, por exemplo.
Se vocês já estiverem bem entrosados, podem até nem precisar conversar entre si entre os pontos. Combinem sinais ou mesmo palavras-chave para que o parceiro já saiba tudo o que você quer que ele faça e o que você pretende fazer na jogada.
Se você está na rede, deve sempre observar o voleador adversário para tentar antever as jogadas
Treine golpes com os quais você não está acostumado
Quantas vezes você costuma usar slices nas simples? Algumas. E quantos slices de forehand? Talvez você nem saiba que esse golpe existe, mas existe, sim. E quantas devoluções chapadas ou bloqueadas você executa em uma partida de simples? Poucas, não é mesmo? Lobs? Voleios curtos? Backhands inside-out? Enfim, jogar duplas faz com que se tenha que usar um arsenal que, muitas vezes, você nem sabe que possui. Talvez até mesmo não possua e aí é que está uma das boas coisas dessa modalidade: ela faz com que você se torne um tenista mais completo, capaz de variar mais. Sendo assim, segue uma lista de coisas que você pode tentar e que dão bons resultados nas duplas:
A tática é mais importante do que a técnica
Entrar na quadra apenas para bater na bola e ver o que acontece pode até funcionar em um jogo de simples, mas, com quatro pessoas na quadra, é pouco provável que essa tática tenha algum resultado. Nas duplas, nem sempre os melhores tenistas, em termos técnicos, levam a melhor. Geralmente, quem compreende as estratégias, os espaços e deslocamentos do seu parceiro e dos rivais é que sai vencedor. Portanto, seguem algumas dicas valiosas que nem sempre funcionam nas simples, mas são ótimas nas duplas:
A australiana pode surpreender seus adversários, mas precisa ser bem combinada
Sim, podem, mas essa é uma formação que deve ser usada em uma situação específica de jogo: quando se está enfrentando um bom sacador e a segunda bola sempre sobra para o parceiro dele definir na rede. Diante disso, o parceiro do recebedor pode recuar para ter mais tempo de reação e tentar “segurar” o ponto da linha de base. No entanto, não se deve ficar muito longe do devolvedor. O lugar é em cima da linha de base para poder ter uma reação rápida caso o voleador tente deixadinhas ou voleios mais angulados em vez de profundos.
Quando a sua dupla estiver sacando, ficar os dois atrás não deve ser uma opção a não ser em casos extremos, em que o saque é muito fraco e o devolvedor está definindo o ponto logo na resposta, sem dar chance a quem está na rede ou no fundo de se defender. Nessa situação (terrível e bastante improvável de vencer o ponto), vocês estão dando toda a quadra para os adversários e preocupando-se apenas em tentar devolver a bola para o outro lado. Antes de optar por isso, tentem estratégias de saque diferentes para ver se conseguem reverter a situação sem dar o domínio de quadra para os oponentes.
Às vezes, você vê os profissionais executando o que chamamos de “australiana”. Nessa jogada que serve para confundir o devolvedor, o sacador e voleador estão na mesma direção, próximos do centro da quadra, tática também conhecida como formação em “I”. Ela costuma ser usada quando o sacador está com dificuldade de confirmar o saque, sofrendo na mão dos devolvedores. Para realizar uma australiana, é preciso combinar bem a jogada, que provavelmente só será executada se o sacador acertar o primeiro saque. No segundo, o voleador fica muito exposto e dá mais tempo para o devolvedor angular a bola onde preferir. A melhor opção é sacar no meio (tirando os ângulos do devolvedor). Antes mesmo de o devolvedor bater na bola, o voleador já sabe qual lado vai cobrir (que pode, sim, ser o mesmo que seria em uma situação normal de jogo, ou então o oposto), assim como o sacador.
Publicado em 25 de Novembro de 2013 às 00:00
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