Brasil Open
Tenistas contam as suas memórias do torneio e falam da importância de ter um ATP em casa
Rafael Nadal foi a grande atração de 2005, ano em que venceu Roland Garros pela primeira vez
São 12 anos de história e grandes lembranças. Momentos inesquecíveis que os brasileiros fãs de tênis acompanharam de perto, torceram, vibraram, sofreram, envolveram-se de coração com o esporte ao assistir as partidas do Brasil Open. Para cada ano um personagem, um enredo e memórias que sempre voltam, que inspiram. Por esse e outros motivos, fica a certeza da importância de termos um ATP em nossas terras. Fernando Meligeni, por exemplo, tem muitas histórias para contar da carreira, mas provavelmente não se esquece do primeiro Brasil Open, em 2001, quando fez final contra o tcheco Jan Vacek. “O grande favorito era o Guga, mas ele acabou vindo do US Open, perdeu para o Sarettinha na primeira rodada e eu me benefi ciei de boas atuações nas primeiras rodadas.
O jogo que mais fica na memória é a final. Tinha uma expectativa muito grande em poder ganhar jogando em casa. Acabei bobeando contra o Vacek e perdi no terceiro set. Foi minha final no único ATP jogado no Brasil, então levo com muito carinho, mesmo não tenho conquistado o campeonato”, conta Fino.
Grande “promoter” do esporte até hoje, Meligeni compreende o papel de um torneio desse porte no Brasil. “O fato de ter um ATP representa muito para nossas pretensões. O Brasil, hoje, é um mercado importante no tênis. Desde a aparição do Guga, a gente tem uma notoriedade diferente. Sou muito a favor de um país que tem um expoente e um ATP Tour. Primeiro porque você consegue massificar mais o esporte; e, segundo, você dá oportunidades para os brasileiros subirem no ranking, jogarem perto de casa. Tudo isso faz com que o esporte cresça”, aponta.
Quem concorda e complementa essa visão é o ex-treinador de Fino, Ricardo Acioly. “Toda a indústria do tênis nacional, sejam praticantes, professores, clubes, academias, donos de lojas, marcas esportivas, de raquetes e todos que têm alguma relação com o nosso esporte precisam de um evento local como referência e o Brasil Open é essa referência. Além de dar uma chance para os amantes do esporte verem em solo nacional jogadores entre os 100 melhores do mundo, ele também é um objetivo e oportunidade muita clara para todos os jogadores profissionais do país”, atesta o técnico.
Outro que certamente nunca esquecerá a primeira edição do Brasil Open é Alexandre Simoni, que, em 2001, vivia um dos melhores momentos da carreira e alcançou a semifinal. “Jogar no Brasil era demais. Em 2001, cheguei na semifinal vencendo jogadores de alto nível e jogando meu melhor tênis da vida. Na primeira rodada joguei contra Nikolay Davydenko, na segunda, ganhei do Fernando Gonzalez e, nas quartas, do Ricardo Mello. Quando jogava, não pensava contra quem iria jogar, pensava somente em me concentrar e fazer o que eu tinha de melhor”, avaliou.
Para os fãs, o Brasil Open trouxe momentos marcantes, como as duas vitórias de Guga, em 2002 quando teve que superar match-point contra para derrotar Guillermo Coria, e em 2004 quando teve ajuda da chuva para bater Agustin Calleri. Gustavo Kuerten também protagonizou outro momento inesquecível, levando todos às lágrimas com seu emocionado discurso após sua partida de despedida do Brasil Open em 2008, ano de sua aposentadoria.
Outra temporada que está marcada na memória de todos é 2005, quando Rafael Nadal, ainda adolescente, veio disputar o torneio. Naquele ano, uma de suas partidas mais duras foi contra Ricardo Mello, que lembra: “Sempre tive resultados muito bons em torneios no Brasil”. Sobre aquele jogo em que chegou a liderar o terceiro set por 4/2 e saque, ele diz: “Mesmo tendo perdido o jogo na semifinal contra o Nadal, essa partida me marcou muito”.
Em nove participações no Brasil Open, o tenista de Campinas fez três semifinais e duas quartas. Com toda sua experiência, ele reconhece o valor de ter um ATP em casa: “É muito importante ter um torneio desse porte no país, já que grandes jogadores, de nível top 10, como é o caso do Almagro, acabam vindo jogar aqui. São jogadores de alto nível que vêm para cá e mostram para a garotada nova, para os pais e para as pessoas envolvidas com o tênis, o real nível dos jogadores”.
Mesmo quem nunca teve grandes atuações no torneio, como é o caso de Marcos Daniel (“Nunca joguei meu melhor tênis no Brasil Open e é algo que me frustra bastante”, reconhece), entende que um evento desse porte ajuda o futuro do esporte: “Ver de perto acaba com essa mistificação dos grandes jogadores. Eles são bons, mas é possível ficar no mesmo nível deles – se nossos jogadores trabalharem e tiverem uma estrutura adequada. Isso faz com que as pessoas fiquem mais próximas do esporte”, afirma o técnico.
Quem também comemora o fato de haver um grande torneio no Brasil é o ex-capitão da Fed Cup, Eduardo Frick: “Há mais oportunidade de ver grandes jogos, bons jogadores. Isso ajuda para que mais pessoas venham praticar tênis e incentivem os seus filhos”. Visão compartilhada pelo atual capitão da Copa Davis, João Zwetsch: “É muito grande a importância do Brasil Open. Primeiro porque é a única oportunidade no ano de termos jogadores top no Brasil. Depois porque é o momento em que todos os jogadores brasileiros estão reunidos para jogar um torneio no nosso país. E, por último, pelo fato de os nossos jovens poderem ver de perto esses grandes jogadores – o que na minha opinião é o mais importante”.
Publicado em 21 de Janeiro de 2013 às 13:15
O ATP brasileiro recebe Nadal na edição de 2013