US Open
O que podemos aprender com os principais fatos do US Open 2012?
Enfim o jovem escocês conquistou um Grand Slam. Depois de quatro finais (assim como aconteceu com seu treinador, Ivan Lendl), o garoto conseguiu superar esse trauma. Mais do que isso, foi o primeiro britânico a levantar uma taça de Major em simples em 76 anos. Desde Fred Perry, em 1936, isso não acontecia. Dessa forma, Murray deixa para trás a incômoda sombra de ser um Tim Henman.
O que fez com que ele finalmente conseguisse essa conquista? Confiar em si mesmo e nas suas habilidades. Com Federer, Nadal e Djokovic dominando o circuito, o escocês sempre pareceu se contentar com as migalhas, especialmente quando percebia que não era capaz de confrontar esses rivais de igual para igual, especialmente nos Grand Slams. A vitória nas Olimpíadas lhe mostrou o caminho e trouxe a confiança que faltava para superar a barreira psicológica de nunca ter ganhado um Major.
Todos reconhecem o talento de Murray. Não fosse por isso, ele talvez sequer alcançasse a final do torneio, pois venceu a semifinal contra Berdych adaptando-se melhor à ventania que assolou a partida. Na final, também com muito vento, sempre esteve mais confortável do que Djokovic. Um único porém é que o britânico continua um pouco medroso e defensivo em momentos cruciais, o que quase lhe causou problemas contra Feliciano Lopez e Marin Cilic.
Todos sabem que a norte-americana, quando está em boa fase, é imbatível. Sua força amedronta as adversárias, por mais experientes que elas sejam. E Serena vem nesse embalo desde Wimbledon, quando conquistou seu 14º Grand Slam dando show, sem que ninguém conseguisse fazer cócegas. Depois, o mesmo aconteceu nas Olimpíadas e, por fim, foi quase esse o desfecho no US Open. A única que conseguiu lhe dar trabalho foi Azarenka.
É estranho pensar que as irmãs Williams dominam o tênis feminino há tanto tempo. Verdade seja dita, suas principais rivais foram as franzinas Hingis, Henin e Clijsters durante esse período. Qual o segredo delas para fazer frente à força bruta? Inteligência, variação tática e consistência. São raras as que possuem essa combinação no circuito atual, aí, não há como negar que as Williams sejam as melhores.
O sérvio tinha tudo para vencer mais um Grand Slam neste ano e se tornar bicampeão do US Open. Ele simplesmente dominou todos os oponentes no caminho para a semifinal e, se as condições de temperatura e pressão fossem mantidas, certamente venceria. Contudo, em seu caminho apareceu um tornado. Por sorte, a partida contra Ferrer foi interrompida e retomada no dia seguinte em condições ideais. No quinto ano com final na segunda-feira, para azar de Nole, o vento voltou. Mais concentrado, ele conseguiu se manter no jogo, mas visivelmente estava muito mais incomodado com o clima do que Murray.
Parece óbvio que Djokovic é um tenista que adora ritmo. A partida mais aguardada do torneio, dele contra Del Potro nas quartas, só não foi mais um massacre porque o argentino estava jogando muito. "The harder they come, the harder they fall, one and all", já diria a música. No entanto, bastou tirar o ritmo e Nole se enrolou todo. A primeira vez no primeiro set contra Ferrer e depois na final. É justo dizer que, se ambas as partidas semifinais tivessem sido disputadas ao mesmo tempo, o sérvio talvez não tivesse ido para a decisão. Porém, basta lhe dar ritmo para que ele não dê chances.
A consistência da bielorrussa é algo fenomenal. Se não fosse pelo trator Serena Williams e por uma falta de capacidade de compreender o jogo mais rapidamente, ela teria levantado sua segunda taça de Major. Nas quartas e na semi, contra Stosur e Sharapova, respectivamente, Azarenka mostrou que tem capacidade de ler a partida e assimilar novas estratégicas caso seja necessário (algo raro no tênis feminino de hoje e talvez um dos motivos por ela ser número um). Na final, ela fez isso novamente depois de perder o primeiro set, mas não foi capaz de manter os nervos para completar a vitória.
Desde o começo parecia certo que a única com alguma chance de enfrentar Serena de igual para igual seria Azarenka. Ela é uma das poucas hoje que joga com potência e regularidade suficientes para um duelo desse porte. Ela também é capaz de entender o jogo e alterar estratégias, porém, ainda falta algo importante: sangue frio - o que Serena tem de sobra.
A russa tem golpes potentes, é consistente, tem garra etc, mas, entra ano e sai ano, fica cada vez mais claro que lhe falta uma compreensão mais clara da estratégia do jogo. Desta vez, pelo menos, ela não fez papelão contra Azarenka na semi, como havia feito contra a bielorrussa na final em Melbourne, onde simplesmente não conseguiu jogar. Muitas vezes, assim como Serena e outras tantas mulheres, Sharapova quer ganhar só contando com a força.
De repente, a Itália virou uma potência do tênis feminino. Depois da vitória de Francesca Schiavone em Roland Garros, Sara Errani e Roberta Vinci (dupla número um do mundo atualmente) também passaram conseguir alguns feitos para seu país. Nenhuma das duas é grande e forte, assim como Schiavone, porém, a "escola italiana" parece saber usar a força dos adversários como ninguém, além disso, se falta inteligência tática para muitas meninas, para estas, certamente não.
Quem acompanhou as quartas-de-final entre Federer e Berdych certamente ficou impressionado com a volúpia do jogo do tcheco, mas também deve ter se indignado com a insistência do suíço em manter seu estilo de jogo a qualquer custo, mesmo quando está diante de um oponente "inquebrantável". Assim, mais uma vez Federer amarga uma derrota dura de aceitar.
É difícil encontrar tenistas que sejam capazes de suportar o saque e as trocas de bola com o tcheco. Com confiança no alto novamente, ele surpreendeu ninguém menos que Federer nas quartas. Todavia, é notório que falta jogo de cintura ao grandalhão e isso ficou claro na semifinal de ventania contra Murray.
Ter bom preparo, ser regular e devolver bolas impossíveis nem sempre é garantia de sucesso. Mas pareceu ser para o espanhol até a semifinal. Como sempre, ele foi minando os adversários e provavelmente teria tido melhor sorte se a partida contra Djokovic não tivesse sido transferida para um dia ensolarado e calmo. Quando Nole encontrou o ritmo, Ferrer foi presa fácil.
RESULTADOS |
Andy Murray (GBR) v. Novak Djokovic (SRB) 7/6(10), 7/5, 2/6, 3/6 e 6/2 |
Serena Williams (USA) v. Victoria Azarenka (BLR) 6/2, 2/6 e 7/5 |
Bob Bryan e Mike Bryan (USA) v. Leander Paes (IND) e Radek Stepanek (CZE) 6/3 e 6/4 |
Sara Errani e Roberta Vinci (ITA) v. Andrea Hlavackova e Lucie Hradecka (CZE) 6/4 e 6/2 |
Bruno Soares (BRA) e Ekaterina Makarova (RUS) v. Marcin Matkowski (POL) e |
Kveta Peschke (CZE) 6/7(8), 6/1 e 12-10 |
JUVENIS |
Filip Peliwo (CAN) v. Liam Broady (GBR) 6/2, 2/6 e 7/5 |
Samantha Crawford (USA) v. Anett Kontaveit (EST) 7/5 e 6/3 |
Kyle Edmund (GBR) e Frederico Silva (POR) v. Nick Kyrgios e Jordan Thompson (AUS) 5/7, 6/4 e 10-6 |
Gabrielle Andrews e Taylor Townsend (USA) v. Belinda Bencic (SUI) e Petra Uberalova (SVK) 6/4 e 6/3 |
Publicado em 24 de Setembro de 2012 às 14:05
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