Brasil consegue revanche contra Canadá e terá de jogar contra austríacos fora por vaga no Grupo Mundial da Copa Davis em setembro
Na final, Saretta comemora sua vitória sobre Peter Polansky |
JOGAR EM CASA É quase sempre uma maravilha. Mas, jogar em Florianópolis, no saibro, com muito sol, torcida barulhenta e contra um time previsível, de jogadores pouco acostumados a estas condições adversas, é praticamente um desbunde. Tanto que após a vitória de Flávio Saretta sobre o canadense Peter Polansky, que selou o confronto, a comemoração fugiu aos padrões e toda a delegação brasileira tomou um banho de lama.
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Sem se importar com a sujeira, todos desceram à sala de imprensa para a última coletiva no Costão do Santinho. O sorriso no rosto e a descontração denunciavam a felicidade do dever cumprido e também a união que o capitão Chico Costa tanto pregou. Ricardo Mello e Saretta se beliscavam em meio às respostas. Todos caçoavam dos agradecimentos de Rogério Silva. A pose sisuda da maioria nos últimos dias sumiu e a festa da classificação para o play-off do Grupo Mundial foi até altas horas.
Daniel Nestor (cumprimentando Guga) mostrou por que é um dos melhores duplistas do mundo |
Durante a entrevista, Costa afirmou: "Não importa o adversário. O que queremos é jogar o play-off em casa". O sorteio nos livrou de enfrentar Chile, Croácia, República Tcheca ou Austrália, contudo, para contrariar o capitão, o time brasileiro terá de ir à Áustria. Os austríacos contam com Jurgen Melzer, que fez excelente temporada no começo de 2007 e apareceu entre os top 30, e Stefan Koubek, que voltou a figurar entre os top 100. Eles deverão jogar no carpete, mas não metem tanto medo assim, pois foram eliminados em casa pela Argentina na estréia.
Após o sorteio, Costa admitiu o favoritismo da Áustria, mas confia em seus comandados. "Devemos encarar esse confronto como um grande desafio. Ao longo da história, sempre fomos derrotados no carpete europeu, muitas vezes com extrema facilidade. Não temos nada a perder, nosso objetivo é formar uma equipe capaz de enfrentar qualquer adversário em qualquer superfície", garantiu. O play-off começa em 21 de setembro.
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HERÓI DE NOVO
Saretta marcou os seus dois pontos |
Ao contrário do que se supunha, a convocação de oito tenistas e a substituição de Marcos Daniel na última hora não causaram o transtorno esperado. Quando Chico Costa anunciou o time brasileiro com Guga, André Sá, Flávio Saretta, Ricardo Mello, Marcos Daniel, Thiago Alves, André Ghem e Rogério Silva, ninguém entendeu nada e logo voltou o medo de que intrigas causassem o mesmo mal-estar que ocorreu em Belo Horizonte contra a Suécia no ano passado, na gestão Fernando Meligeni.
Entretanto, o presidente da CBT fez questão de deixar claro que o prêmio seria dividido entre todos os integrantes do time. A comissão técnica ainda engordou com mais seis juvenis (Fernando Romboli, Nicolas Santos, Henrique Cunha, Daniel Dutra, José Silva Jr e João Olavo Souza) convidados para treinar. Na primeira lista, Costa colocou Saretta, Daniel, Sá e Guga. Porém, durante a semana em Florianópolis, o capitão mudou de idéia e trocou Daniel por Mello e o time ficou exatamente o mesmo dos últimos confrontos. Mas, ao contrário de Meligeni, a equipe de Costa teve os dois primeiros do Brasil, já que Saretta e Mello voltaram a apresentar um bom tênis e estavam em melhor fase que os demais. Pode-se dizer que a primeira partida definiu o confronto. Os canadenses, do capitão Martin Laurendeau, depositavam suas esperanças sobre seu número um, Frank Dancevic, o jovem que venceu Saretta na última partida do fatídico confronto em Calgary, que nos rebaixou em 2003. Lá começou a reviravolta no tênis brasileiro, com o boicote dos tenistas no ano seguinte e o conseqüente fim da Era Nastás. O agressivo, porém limitado, Dancevic abriu o confronto na sexta-feira contra Mello.
A vitória de Mello foi crucial |
Ele ganhou os dois primeiros sets correndo muito. Nas viradas, o canadense usava um colete térmico para se proteger do calor, mas a artimanha tecnológica não foi suficiente. No início da terceira parcial, o cansaço de Dancevic era evidente. O brasileiro, sempre constante, venceu os dois sets seguintes. No último, o canadense já sofria com espasmos de cãibra nas duas pernas. Mais inteiro, Mello sacou em 5/4 e não fechou. Sacou em 8/7 e falhou novamente. Somente após quase cinco horas de jogo, ele fechou em 11/9. Acabava-se aí a esperança do Canadá.
LÓGICA
Novo capitão começou com vitória |
A seguir, Saretta e Frederic Niemeyer começaram um duelo equilibrado que terminou empatado por falta de luz natural. No sábado, o brasileiro soube se impor e fechou o jogo rapidamente. A parceria Guga e Sá poderia definir o confronto. No entanto, o Canadá contava com o experiente Daniel Nestor, ex-número um de duplas. A chuva atrasou o jogo que também teve de ser suspenso com o cair da noite. Apesar de acreditar em uma vitória por 3 a 0, o capitão brasileiro já planejava o duelo Saretta x Dancevic.
No domingo, Nestor carregou Niemeyer nas costas, deu uma aula e fez o primeiro ponto canadense. A responsabilidade recaía sobre Saretta que voltaria a enfrentar seu algoz de Calgary após quatro anos. Mas, ainda sofrendo os efeitos da derrota para Mello, Dancevic deu lugar ao jovem Peter Polansky, de 18 anos, que fez boa carreira juvenil e já ingressou no top 500. Sem pressão, o garoto soltou o braço e surpreendeu Saretta no primeiro set. Porém, sucumbiu ao calor e à experiência do adversário. O Brasil fez 3 a 1, selou o confronto e começou a festa de lama na quadra.
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Toda a equipe teve de tomar um banho de lama após a vitória |
RESULTADOS:
Flávio Saretta (BRA) Daniel Nestor e Frederic Niemeyer (CAN) Flávio Saretta (BRA) |
Brasil vai enfrentar a Áustria no play-off em setembro |
Publicado em 25 de Abril de 2007 às 11:01