Cuidado com o ombro

Uma das regiões mais susceptíveis a lesões no tênis é o ombro, especialmente devido ao movimento do saque e sobrecarga


Ron C. Angle/TPL

Nas últimas edições, buscamos alternativas para que você não se machuque e se mantenha saudável jogando tênis. Desta vez, não será diferente. Falaremos sobre o ombro e sua anatomia, sobre as estruturas mais importantes e sobre como e o que fazer para prevenir lesões.

Você já sentiu algum incômodo em seu ombro durante o movimento do saque, forehand ou backhand? O saque, por ser um movimento mais complexo e por ter que elevar o braço acima da altura do ombro, pode ser o fundamento mais susceptível a lesões. Mas, a não terminação do movimento (desaceleração) em qualquer um desses fundamentos também é muito prejudicial ao seu ombro.

Em prática clínica, durante as avaliações, encontramos um desequilíbrio muscular muito importante na maioria dos tenistas, o que proporciona um movimento inadequado do ombro. Segundo estudos biomecânicos realizados pelo doutor Ben Kibler – do Centro de Medicina Esportiva de Lexington, Estados Unidos – quase 85% da população normal possui esse tipo de desequilíbrio.

Fisiologia
A estabilidade do ombro depende do complexo capsulo-ligamentar e dos músculos, que são seus principais estabilizadores. O grupo muscular denominado Manguito Rotador (figura) – o mais acometido nas lesões – é formado por quatro músculos que revestem a parte superior do úmero e que têm como função estabilizar dinamicamente e equilibrar a cabeça do úmero em relação à glenóide. Já o grupo muscular axial (deltóide, peitoral maior etc) age para mover o úmero.

Dor é normal, persistência, não
Dores após a prática do tênis, assim como em qualquer esporte, são consideradas normais. Porém, quando elas persistem, é sinal de que algo pode estar errado. As lesões podem ser classificadas em traumáticas ou atraumáticas. No caso do tênis, as lesões são do tipo atraumáticas, causadas por sobrecarga – principalmente na região dos tendões, levando à inflamação dessas estruturas (tendinite).

Essas lesões (ditas tendíneas) são bastante comuns na população em geral e mais ainda entre os atletas. Imaginem a sobrecarga, gerada por esforços e movimentos repetitivos que o ombro é submetido durante uma simples partida de tênis ou anos de prática.

Sintomas
Um esportista que esteja apresentando essa sobrecarga exacerbada no ombro relata inicialmente dor intensa durante alguns movimentos, sendo que o incômodo diminui após o exercício. Porém, com a execução de movimentos repetitivos inadequados, a dor poderá se agravar e persistir mesmo com o atleta em repouso, gerando incapacidade de realizar os movimentos que o esporte exige, dificuldade para dormir e sensação de peso e “cansaço”no ombro – levando a um quadro de atrofia muscular.

Prevenção
Diante deste quadro, um trabalho preventivo voltado para tenistas é fundamental. Analisar a biomecânica do atleta é o primeiro passo. Algumas alterações podem ser notadas na avaliação física, quando serão analisados os grupos musculares do ombro e tronco, com objetivo de restabelecer o equilíbrio mecânico do segmento. Ou seja, é necessário um trabalho de reequilíbrio muscular. Essa é a base da prevenção de lesões.

Um segundo passo seria a observação do gesto esportivo junto ao técnico ou professor, analisando o tenista durante o treino (no saque, por exemplo), quando podemos notar alguns padrões de movimentos que podem ser prejudiciais. O treinamento preventivo é progressivo: realizam-se exercícios utilizando halteres e tiras elásticas, que podem simular ou não os movimentos do esporte. O Alongamento da cápsula posterior é de fundamental importância. Na edição anterior, demos exemplos de exercícios para os membros superiores que podem ser usados nestes casos.

*Colaborou com o artigo o fisioterapeuta Henrique Moreno.

Ricardo Takahashi – Membro fundador da SONAFE, sócio-diretor do www.fisioesporte.com.br
fisioterapeuta da Copa Davis ricardohtakahashi@gmail.com
Ricardo Takahashi

Publicado em 24 de Junho de 2009 às 11:24


Preparação Física/Fisioterapia

Artigo publicado nesta revista