A beleza salvará o tênis

O circuito feminino dá a volta por cima apostando na beleza de suas estrelas


Maria Sharapova

O PRÍNCIPE MYSHKIN, personagem caricato do famoso romance "O Idiota", de Fiódor Dostoievski, profetizou: "A beleza salvará o mundo". E atualmente a WTA, entidade que rege o circuito de tênis feminino, tem apostado fortemente nesta predição jocosa, não para salvar o planeta, mas recuperar o próprio negócio. E não é que os resultados estão surgindo.

Nesta época pródiga de musas angelicais, que têm como maior exemplo a superstar russa Maria Sharapova, o tênis feminino vem dando a volta por cima, após um período sem grandes atrativos, e aumentando seu faturamento, exposição em mídia, patrocínios, público etc. Para se ter uma idéia, somente neste último ano, o público total do circuito pulou de 4,58 para 4,67 milhões de pessoas. O número de pageviews do site oficial da turnê também vem dando grandes saltos, sendo que neste ano passou da marca de 100 milhões (em 2005 eram 87 milhões e em 2003, 53 milhões). Tudo isso graças aos encantos de meninas que, além de jogar bem, deslumbram com seus rostos bonitos e formas sedutoras.

#R#

Elena Dementieva

Desde que assumiu o comando da WTA, em março de 2003, o ex-tenista norte-americano Larry Scott começou a trabalhar o tênis feminino de uma maneira, digamos, mais feminina. Três meses após assumir o cargo, já instituiu uma nova campanha de marketing, intitulada "Tenha contato com o seu lado feminino", iniciando a revolução das belas.

Talvez nem mesmo Scott previsse que uma garota-propaganda tão capacitada cairia sobre seu colo tão abruptamente: Maria Sharapova. Somente duas semanas depois de lançar a campanha, a russinha - até então meio desconhecida - sagrava-se a segunda mais jovem campeã de Wimbledon, com apenas 17 anos e dois meses. Em pouco tempo, a garota de golpes fortes e traços delicados se tornaria uma deusa do esporte. Em 2006, mais uma vez ela ficou com o status de atleta feminina de maior valor comercial, com ganhos de US$ 25 milhões somente em publicidade.

Além de usar e abusar da imagem de Sharapova, a WTA tem investido pesado em fazer com que suas atletas - por mais másculas que sejam - fiquem mais ternas e atraentes aos olhos dos homens. Um bom exemplo disso é o próprio site da entidade, que tem feito questão de colocar fotos das tenistas bem produzidas e maquiadas até nos retratos de seus perfis. Mesmo as musculosas irmãs Williams, que foram o ápice do tênis força e dominaram um circuito que parecia cada vez menos interessante, mostram-se menos ameaçadoras em fotografias descontraídas.

Daniela Hantuchova

DIVAS DO LESTE
Depois desta fase dominada pelas norte-americanas Venus, Serena e Lindsay Davenport, e a despeito da masculinidade da francesa Amelie Mauresmo, o circuito feminino tem ficado cada vez mais atraente, principalmente com a invasão de tenistas do Leste Europeu, região farta em deidades. Além da beleza pueril de Sharapova, a Rússia produziu também outras loiras estonteantes como Elena Dementieva, Maria Kirilenko, Elena Vesnina, Olga Poutchkova e Vasilisa Bardina, só para citar as top 100. Mas, não se pode esquecer da predecessora de toda esta geração de divas, Anna Kournikova.

A garota, que fez muito mais sucesso como modelo, levava legiões de fãs aos seus jogos - um público que se interessava mais por suas curvas insinuantes e agradáveis feições do que por suas habilidades com a raquete. Mas, antes ainda de Kournikova, talvez a primeira grande musa do tênis tenha sido uma morena vistosa, de sangue latino e rosto fascinante. Nos anos 80, a argentina Gabriela Sabatini já seduzia a platéia com sua graça.

#Q#

Jelena Dokic

Mas nada se compara à riqueza de colírios que desfilam pelas quadras atualmente, como a eslovaca Daniela Hantuchova, a sérvia Jelena Dokic, a norte-americana Ashley Harkleroad, a tcheca Nicole Vaidisova, a búlgara Tsvetana Pironkova, a russa Lina Krasnoroutskaya, a polonesa Marta Domachowska, a húngara Melinda Czink, e ainda vem surgindo uma nova estrela nesta constelação de deusas: a sérvia Ana Ivanovic, de 19 anos, 14ª no ranking. A moreninha de olhos verdes e jeitinho meigo de adolescente ingênua, tem feito tanto sucesso dentro quanto fora das quadras e parece pronta para duelar com Sharapova.

GATAS DO BRASIL

Ana Ivanovic

O Brasil também tem as suas beldades. Atualmente a mais celebrada é a carioca Joana Cortez. A morena de formas graciosas faz jus à fama mundial das mulheres brasileiras. Mas, antes dela estivemos bem representados pela paulista Vanessa Menga, que mostrou seus dotes em um deslumbrante ensaio para a Playboy, em 2001. E ela não foi a primeira a ser sondada pela revista masculina. Existiram rumores de que, em seu auge, a esguia Andréa Vieira também chegou a receber uma oferta, mas recusou. Quem também cativou o público brasileiro foi a esbelta paranaense Gisele Miró. E o rol não pára por aí. É preciso lembrar ainda de Vera Cleto, que chamava a atenção em sua época, e (por que não?) de Maria Esther Bueno, que primava pela elegância com vestidos ousados, feitos especialmente para ela pelo famoso estilista inglês Ted Tinling.

E este reinado da beleza e feminilidade vem gerando cada vez mais frutos à WTA. Os contratos de patrocínio multimilionários pipocam com grandes empresas, como, por exemplo, a Sony Ericsson, que dá o nome ao circuito após ter assinado um contrato de seis anos (em 2005) no valor de US$ 88 milhões. A marca também investiu US$ 40 milhões em uma campanha mundial, estrelando as belas Ivanovic e Hantuchova. Em 2006, devido ao crescimento do público, a entidade também fechou o maior acordo de tevê já feito em sua história, com a rede que detém os canais Eurosport. E não há duvida de que grande parte deste êxito se deve ao marketing da WTA, que está "embelezando" as tenistas, mesmo as que não nasceram bem dotadas neste quesito.

Arnaldo Grizzo

Publicado em 15 de Janeiro de 2007 às 14:45


Especial

Artigo publicado nesta revista