Após ensinar a volear no forehand, a professora Suzana silva dá dicas para facilitar o aprendizado do voleio backhand
O LEITOR QUE VEM acompanhando nossa série aprendeu vários fatos sobre voleios na introdução do artigo sobre o voleio forehand da edição anterior. E a razão principal para a existência de um artigo especial para o voleio backhand é curta e grossa: muitos dos nossos melhores juvenis não dominam este fundamento (temos algumas honrosas exceções, como a brasiliense Raphaela Borges e o paulista Yannick Yoshizawa).
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Com a disseminação em massa do estilo “golpes potentes de fundo de quadra seguidos de swing volleys devastadores”, nosso velho e bom voleio de backhand parece uma lembrança romântica e nostálgica que persiste entre aqueles que cresceram assistindo Rod Laver, Arthur Ashe, Martina Navratilova, John McEnroe Thomaz Koch e Carlos Kirmayr. Só nos resta fazer nossa parte: o voleio contra-ataca! Ou melhor: ataca e defende em grande estilo!
Algumas razões para aprender o voleio backhand com uma mão:
1. É uma excelente preparação para aprender o efeito slice (aquele em que a bola é golpeada de cima para baixo, gerando uma rotação para trás), e todos os golpes especiais que derivam dele: a curtinha, o golpe de aproximação e o lob defensivo;
2. Aumenta sua capacidade de defender e atacar a partir do lado não dominante, pois volear com uma mão aumenta o seu alcance tanto para o lado, para baixo e para o alto;
3. Para defender bolas que vem direto no seu corpo quando jogar junto à rede, o voleio com uma mão - colocando a raquete à frente da parte do corpo que quiser proteger - é a opção mais rápida.
Agora, algumas razões para não aprender a volear com uma mão:
1. Você vai volear muito melhor do seu lado não dominante e será convidado por todos os seus amigos para ser parceiro de duplas nos torneios, o que poderá causar constrangimentos por não poder atender a todos;
2. Você fará jogadas de grande efeito moral, como drop-volleys, voleios angulados, e voleios bate-pronto. Isto o tornará muito popular no clube, o que pode causar inveja em jogadores menos habilidosos;
3. Você irá fortalecer a musculatura do seu antebraço praticando os voleios, e como conseqüência seu backhand de uma mão com efeito slice ficará ainda mais penetrante. Isto irritará muitos seus adversários adeptos de empunhaduras extremas no forehand, que detestarão suas bolas rasantes e escorregadias.
Se o leitor é um pai ou professor de tênis, espero que a esta altura eu tenha conseguido vender a idéia de que aprender, praticar e aperfeiçoar este fundamento é superimportante. Se você é um tenista mirim, espero que esteja considerando a idéia de que volear é superdivertido!
VAMOS AOS JOGOS!
5, 6, 7 anos: Antes, mais uma informação: se a criança pequena estiver com raquete de tamanho adequado à sua altura, dá para aprender o voleio com uma mão, sim. Mas, de qualquer forma, há um jogo pré-desportivo que pode ajudá-la a entender melhor esta relação entre voleio “palma da mão” e voleio “costas da mão”: o jogo se chama Caça às borboletas. O professor lança bolas por cima da rede (as “borboletas”) com a mão, devagar, de baixo para cima. Do outro lado, há duas crianças: uma segurando um arco com a mão dominante, e a outra segurando um cone pequeno ou tubo de bolas com as duas mãos. A que está com o arco captura a “borboleta” (a bola deve passar através do arco), e a outra deve prendê-la no cone (depois de passar pelo arco, a bola pode quicar no chão uma ou duas vezes e ser “presa” pela criança que segura o cone). O professor estimula que a criança com o arco na mão capture a bola dos dois lados do corpo, simulando voleios forehand e backhand. Depois de dez borboletas capturadas e presas as crianças trocam suas posições.
FACILITANDO: este jogo é bem fácil, mas jogar algumas bolas em seguida do lado dominante, e depois algumas em seguida do lado não dominante vai indicando como ela vai volear quando pegar a raquete na mão.
DIFICULTANDO: aumentar a distância entre professor e crianças, aumentar a velocidade das bolas.
DICAS: numa aula em grupo com no mínimo seis crianças, você pode fazer uma competição para ver, de dez bolas, qual time consegue “capturar e prender mais borboletas”. Todos devem participar em todas as posições (teríamos então três rodadas).
8, 9, 10 anos: Se o seu filho já brincou de tênis anteriormente, provavelmente já consegue combinar os voleios com diferentes tipos de deslocamentos. Você pode fazer este jogo de Salta e joga, que estimula o saltito de antecipação. Coloque um elástico – dos brancos e finos, que se encontra em lojas de armarinhos – de um lado ao outro da quadra, na altura da metade dos quadrados de saque. A criança deverá, ao seu comando, saltar o elástico, executar um voleio de esquerda com uma mão, e aí o ponto começa, apenas dentro dos quadrados.
FACILITANDO: o elástico pode ser preso bem rente ao chão, e o jogo ser disputado apenas usando um dos quadrados de saque.
DIFICULTADO: o elástico é preso pouco acima da altura dos tornozelos da criança, e os dois quadrados são usados no jogo.
OBSERVAÇÃO ÓBVIA, MAS IMPORTANTE: não há perigo de tropeçar no elástico e cair, pois ele é flexível.
10, 11, 12 anos: a criança já deve conseguir se deslocar melhor e controlar direção e profundidade em seus voleios. Você e seu filho ficam frente a frente, atrás das linhas de saque, e devem colaborar trocando quatro voleios de esquerda com uma mão por cima da rede, sem deixar cair a bola no chão e sem entrar na área de saque. Depois das quatro bolas trocadas no ar sem errar, começa um jogo normal. Ao final do primeiro game, troca-se a ordem do lançador, para os dois terem oportunidade de atacar ao final das bolas de colaboração.
FACILITANDO: se a criança não consegue alongar tanto o voleios ainda, fiquem mais próximos um do outro para iniciar a troca de voleios no ar.
DIFICULTANDO: aumente cada vez mais a distância. Este treino é excelente para melhorar o primeiro voleio.
DICA: numa aula em grupo, podem ficar dois ou três jogadores de cada lado, colaborando de quatro a seis bolas antes de iniciar o ponto.
13 anos em diante: o jovem já deve estar familiarizado com voleios de diferentes pontos da quadra. Pode fazer então o jogo Nunca fora. Jogue um set em que após o saque e a resposta, os jogadores não podem sair das linhas de fundo. Este jogo estimula os jogadores a rebater as bolas na subida e a usar mais os voleios também.
FACILITANDO: este jogo é muito fácil, não tem como facilitar...
DIFICULTANDO: após o saque e a resposta, ambos devem rebater as próximas bolas de voleio. Este é irado!
Suzana Silva desenvolveu a linha de Raquetes“EZ Wilson” e é diretora da Tote Esporte com Arte. tote@tote.com.br |
Publicado em 28 de Maio de 2007 às 11:36