Instrução Técnica

As melhores técnicas de impulsão no saque

Como fazer para aproveitar ao máximo o ganho de altura na hora de sacar?


Tênis Roger Federer 2019

Serviço é a ferramenta principal do jogo de diversos tenistas. Para melhor aproveitá-lo, é preciso pular. Foto: Ben Solomon/Tennis Australia

Na década de 70, os bons tenistas tinham algumas marcas registradas. Fossem grandes ou pequenos, se entrassem em quadra e começassem a desparafusar a prensa de sua raquete já causavam um verdadeiro tremor em seus adversários. Outro sinal característico para reconhecer os chamados "ratos de quadra" era o bom e velho "tênis de lona" sujo de saibro que, invariavelmente, estava sempre com o bico gasto ou furado de tanto ser arrastado na hora do saque.

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Atualmente, esse romantismo já não existe, graças ao surgimento das novas raquetes de alumínio, grafite e, mais recentemente, de fibra de carbono. As antigas prensas viraram peças de colecionadores, totalmente dispensáveis e fora de uso. O tênis, que até pode ser de lona e estar sujo de saibro, já não tem mais nenhuma razão para ter furos.

O saque, que antigamente se baseava no método de arrastar os pés, vem se transformando em complexos movimentos objetivando a impulsão vertical. Entre eles, destaca-se o ganho de altura, o contato mais alto com a bola e uma base sólida - tudo visando melhorar o ângulo de tangência durante a batida e aumentar o número de aces. E são justamente estes movimentos que vamos tratar neste artigo.

Sem "foot fault"

Saque de Roger Federer

O suíço Roger Federer é dono de um dos melhores saques da história do tênis. Foto: Ben Solomon/Tennis Australia

Muitas vezes nos deparamos com alunos iniciantes e leigos que indagam sobre o porquê de os jogadores sacarem tão milimetricamente próximos à linha de base se o risco de cometer um "foot falt" (falta de pé, em português) pode invalidar o serviço. A dúvida deles, e da maioria dos amantes do tênis, tem justificativa. E a resposta é simples: para o ângulo de tangência, um centímetro para trás representa, em altura, muito mais do que um centímetro para "baixo".

Mas, por outro lado, você não é obrigado a sacar de forma estática, completamente parado. Assim, a melhor forma de tirar proveito um "movimento" para gerar a melhor impulsão vertical possível; evitando as faltas.

Lendas como John McEnroe, Bjorn Borg, Ivan Lendl e Boris Becker são apenas alguns nomes que criaram movimentos de diferentes escolas do mundo para transformar o saque no golpe mais importante e decisivo do tênis. Essas técnicas de movimentos foram se unificando até se transformarem no que hoje podemos definir como padrão. Então, vamos abordar três padrões.

Padrão 1

Este movimento de pernas foi um dos mais utilizados nos últimos anos. Chamado também de "step by step". além de Bjorn Borg, Luiz Mattar era adepto desta técnica.

1. Inicia com o pé de apoio (da frente) apontando a área geral do saque e o pé de deslocamento paralelo à linha de base;

2. No instante do "toss" (lançamento de bola), um passo com o pé de deslocamento une as pontas dos pés;

3. Um dos detalhes importantes para essa técnica é que, após a junção dos pés, os joelhos se separam para, juntos, gerarem impulsão vertical. isto ocorre logo após o toss, mais alto do que o convencional;

4. A extensão dos joelhos é que vai gerar o impulso para golpear a bola o mais alto possível; Um detalhe importante é a terminação, em que a perna de apoio recebe o peso do corpo, enquanto a perna principal de impulsão fica completamente solta, em um movimento que imita um chute para trás.

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Padrão 2

Este padrão teve ninguém menos que gustavo kuerten como adepto, além de Mats Wilander e muitas mulheres entre as melhores do mundo.

1. A posição inicial é com o pé de apoio levemente em diagonal com a quadra;

2. O pé de deslocamento começa o movimento atrás do calcanhar do pé de apoio, com uma distância confortável e equilibrada;

3. O movimento com o pé de deslocamento consiste em um passo colocando-o "à frente" do pé de apoio, quase de frente para a linha de base no momento do toss;

4. Os joelhos, ligeiramente desnivelados, criam um "twist" (giro) entre eles, o quadril e o ombro; gerando uma força extra, além da impulsão vertical;

Padrão 3

O mais usado atualmente. pelas características semelhantes, pode até ser chamado de padrão roger federer. também foi utilizado por andre agassi e Boris Becker, entre outros.

1. A posição inicial é igual ao padrão 2, com o pé de apoio levemente em diagonal com a linha de fundo e o pé de trás, que aqui é fixo, também;

2. Os pés ficam separados aproximadamente na mesma distância dos ombros;

3. O movimento consiste em girar levemente o quadril, gerando o "twist";

4. No momento do toss, os joelhos se flexionam para, na extensão, gerar impulsão vertical;

5. O salto é feito com as duas pernas e o contato o mais alto possível;

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fotos: Ron C. Angle e Ella Ling©Ron C Angle Produc

Diferentes

Mas, se você estiver jogando contra alguém que use este tipo de recurso técnico e estiver levando alguns "aces" a mais de 200 km/h, chame o árbitro! Na maioria dos casos, ele também vai duvidar da validade do golpe. Se ainda assim ele puder continuar deferindo seu "saque voador", graças a um certificado da ITF, então pague para ver se ele vai continuar "voando" por duas, três, quatro horas. E não se esqueça: o golpe que mais evoluiu nos últimos anos não foi o saque, mas a devolução. O que vem rápido, volta rápido!

Nos últimos anos, os jogadores utilizavam técnicas de saque cada vez mais parecidas, levando a crer que chegaríamos a uma unificação. Porém, esta teoria pode cair por terra e sofrer uma verdadeira revolução. Alguns tenistas, ainda exceções, já conseguiram certificados alegando a validade do saque "viagem", parecido com o do vôlei. Assim, essa validação pode se transformar na mais contundente, surpreendente e revolucionária mudança no jogo de tênis desde a sua invenção.

Federer Serviço 2019 Dicas de Saque

Em quatro passos: o movimento de Federer na hora do saque. Foto: Ben Solomon/Tennis Australia

Carlos Omaki

Publicado em 12 de Fevereiro de 2019 às 09:00


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Artigo publicado nesta revista