Orgulho de ser campeão brasileiro

Depois de três edições bem organizadas, Campeonato Brasileiro Juvenil volta a ser referência


Flávio Tonon Filho

Fotos: Marcelo Ruschel / POA Press
Luísa Rosa Giovanna Caputo

Nas décadas de 1950, 60, 70 e 80, ser campeão brasileiro juvenil tinha um significado que acabou ficando um pouco perdido nos anos seguintes devido ao descrédito pelo qual o campeonato foi passando. Não que os jovens campeões não se vangloriassem do feito de terem conquistado o torneio (e, sim, têm todo o direito de fazê-lo), mas o peso que se dava ao Brasileirão vinha caindo ano a ano com a desorganização da Confederação Brasileira de Tênis (CBT).

É preciso dizer que os primeiros anos da administração de Jorge Lacerda também foram caóticos no que diz respeito aos grandes campeonatos juvenis, incluindo o Brasileirão. Contudo, nos últimos três anos, houve um progresso enorme em termos de organização não só dos torneios, mas de toda a estrutura infanto- -juvenil. Neste ano, uma das principais mudanças, por exemplo, fez com que os campeonatos não mais tivessem aquelas chaves gigantescas, quase que impraticáveis, que faziam os garotos disputarem jogos durante as madrugadas. A nova regra fez com que fossem criadas duas chaves para cada categoria (12, 14, 16 e 18 anos). A primeira conta com os principais ranqueados e vale a pontuação máxima do evento. A segunda engloba os jovens que não conseguiriam ingressar diretamente na primeira e, em uma disputa paralela, eles definem o campeão da chave B, que vale menos pontos.


Em julho, durante as férias escolares, mais de 500 juvenis se reuniram em BrasíIia para a disputa do Brasileirão e da Copa das Federações


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O fato de ser campeão brasileiro pode alavancar a carreira de alguns jovens, que futuramente serão profissionais

Tudo tranquilo
Assim, a garotada que se reuniu em julho em Brasília, tanto para a disputa do Brasileirão, quanto para a Copa da Federações, precisou pensar apenas em tênis. Com chaves menores, o nível da competição tendeu a ser mais alto desde as primeiras rodadas. É bom lembrar, contudo, que julho também é mês de grandes torneios juvenis na Europa, portanto, alguns dos principais candidatos ao título de suas categorias resolveram se aventurar por lá. O que não deixa de ser uma atitude interessante, pois faz com que eles enfrentem tenistas diferentes dos quais estão acostumados no Brasil e sintam como é o nível lá fora.

Mesmo assim, o nível do Brasileirão continuou alto e os campeões, como os campeões de outrora - que vieram a fazer história no tênis posteriormente - certamente vão se orgulhar de seus títulos e, mais do que isso, estas conquistas podem dar o ânimo necessário para que muitos acreditem que podem, sim, tornarem-se profissionais. E também é interessante ressaltar a importância da Copa da Confederações na formação desses jovens. Assim como um interclubes, tradicional em diversos estados brasileiros, a Copa das Federações, no melhor estilo Copa Davis, mostra que o tênis pode ser um esporte de equipe, em que não basta fazer um bom papel individualmente: é preciso que o time todo forme um bom conjunto para vencer. Jogar pela equipe, pensar estrategicamente com seu técnico em quadra, controlar os nervos diante da torcida etc, tudo isso serve de aprendizado.


Oito campeões para mais de 500 inscritos
Por sinal, a primeira semana de torneio começa com a Copa das Federações. Os principais juvenis de cada estado duelaram e a Federação Paulista de Tênis acabou levando a melhor pelo segundo ano consecutivo e pela oitava vez na história da competição. São Paulo conquistou cinco das sete categorias em que chegou à decisão: 12 anos masculino e feminino, 14 anos feminino e 18 anos masculino e feminino. O segundo lugar ficou com o Paraná, campeão dos 16 feminino e dos 14 masculino, e a terceira colocação com o Rio Grande do Sul.


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Fotos: Marcelo Ruschel / POA Press
Pedro Dumont

Em seguida, meninos e meninas tiveram de lutar por si mesmos nas disputas de simples do Brasileirão. Dos mais de 500 inscritos, apenas oito jovens poderiam dizer: "Sou campeão brasileiro". E os oito felizardos de 2010 foram: Giovanna Caputo, Flávio Tonon Filho (nos 12 anos), Guilherme Zago e Mariana Humberg (nos 14), Luísa Rosa e Pedro Dumont (nos 16) e Flávia Bueno e Thiago Pinheiro (nos 18).

Nos 12, a mineira Giovanna Caputo fez valer o favoristismo e venceu o torneio sem grande dificuldade. Já o paranaense Flávio Tonon Filho teve um pouco mais de trabalho, especialmente na semifinal contra o paulista Lucas dos Santos, mas conseguiu uma boa vitória e, na decisão, passou por Guilherme Scarpelli. Na categoria 14 anos, o catarinense Guilherme Zago vinha fazendo excelente campanha e sequer precisou jogar a final, pois seu adversário, o paranaense, Marcelo Tebet Filho - que também vinha de boas partidas - precisou desistir. No feminino, a talentosa Mariana Humberg, favorita ao título, acabou levando a taça ao derrotar a surpreendente Natalie Silveira.

Nos 16, a ascendente gaúcha Luísa Rosa levou a melhor diante da paranaense Eduarda Santos. "Há alguns anos eu vinha aqui, perdia na primeira rodada e ficava pensando como devia ser bom ser campeã brasileira. Hoje consegui, estou muito, muito feliz", confessou a jovem. Entre os meninos, dois amigos brasilienses surpreenderam os favoritos e alcançaram a final. O vencedor foi Pedro Dumont Guimarães, filho do treinador Santos Dumont, que bateu Pedro Wagner. De jogo agressivo e boa técnica, Dumont tem se destacado nas categorias pela qual passa e reencontrou o caminho dos títulos.

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Fotos: Marcelo Ruschel / POA Press
Flávia Bueno Guilherme Zago


Federação Paulista conquistou o bicampeonato da Copa das Federações ao vencer cinco das oito categorias e ser vice em mais duas. O segundo lugar ficou com o Paraná e o terceiro com o Rio Grande do Sul

Por fim, a categoria 18 anos feminino foi extremamente disputada. Até mesmo meninas que já estão deixando de lado o circuito juvenil resolveram disputar a competição. Uma delas, a catarinense Flávia Bueno, que disputa seu último ano como juvenil, acabou se dando bem. No caminho até a final, derrotou diversas adversárias de peso. Na decisão, enfrentou a gaúcha Gabriela Cé, que havia sido campeã brasileira dos 16 anos em 2008, e ficou com a taça. Sua segunda como campeã brasileira, já que tinha conquistado o título aos 14 anos também. Entre os meninos, alguns dos principais nomes da categoria resolveram disputar torneios profissionais na mesma época. Assim, o paulista Thiago Pinheiro, campeão dos 16 anos em 2009, repetiu o feito, agora nos 18. Seu adversário na final, Maurício Antun, assim como no ano passado, ficou com o vice-campeonato.

Em um ano em que nosso tênis juvenil ganhou tanto destaque - com a conquista inédita de Tiago Fernandes no Australian Open - nossos jovens tenistas certamente vão se orgulhar cada vez mais de serem chamados campeões brasileiros.

Da redação

Publicado em 19 de Agosto de 2010 às 13:36


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