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Semifinalista no WTA de Monterrey na última semana, paulista de 21 anos quer manter o ritmo para subir no ranking mundial
Foto: Divulgação
A tenista paulista Luisa Stefani vem embalada. Depois de aproveitar a gira de torneios do Circuito Feminino de Tênis no último mês para somar dois títulos em parceria com Paula Gonçalves, ela seguiu para o WTA Internacional de Monterrey, no México, após um chamado de última hora e conseguiu alcançar as semifinais na chave de duplas ao lado da local Giuliana Olmos. Com os resultados, ela subiu mais de 36 colocações no ranking da categoria desde o final de fevereiro e agora aparece na 128ª colocarão, sua melhor marca da carreira e suficiente para ser a brasileira melhor colocada na lista.
Todos esses bons resultados devem apoiar a ex-top 10 juvenil para o restante da temporada. Já na próxima semana, ela irá para a Eslováquia, onde fará parte da equipe nacional que desafiará o país no saibro coberto de Bratislava. Assim como na última convocação da capitã Roberta Burzagli, ela estará na equipe que conta também com Beatriz Haddad Maia, Carol Alves Meligeni, Gabriela Cé e Thaísa Pedretti. O desafio será grande, mas Stefani diz não se intimidar com a disputa com as adversárias de um time composto somente por tenistas presentes entre o top 100 do circuito. “A gente pode chegar, pensar que não tem nada a perder e ir para cima. Realmente, vamos para ganhar este confronto, não importa quem seja, nem o fato de que elas sejam melhores ranqueadas”.
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Em entrevista exclusiva feita na última terça-feira (9) com a equipe da Revista Tênis, Luísa, que treina na Saddlebrook Tennis Academy, na Flórida, falou deste e outros assuntos. Além da expectativa para os torneios que fará nas próximas semanas no solo europeu, a jogadora de apenas 21 anos citou sua experiência de ter jogada contra a japonesa Naomi Osaka anos antes da asiática ter alcançado o posto de número #1 do mundo. Além disso, ela comentou sobre a campanha #RioOpenParaElas e sobre como ela enxerga o aspecto mental como um dos principais diferenciais vistos nas tenistas do topo do circuito como Simona Halep e as finalistas de Monterrey Victoria Azarenka e Garbine Muguruza.
Confira o papo:
Em Monterrey, como foi essa dinâmica de ir para lá de última hora para jogar o torneio?
Eu estava jogando em Campinas, tinha jogado a primeira rodada, ia jogar a segunda do quali. E aí a Giuliana (Olmos, parceira de Stefani no México) me ligou pedindo o telefone de uma amiga, da Bia (Haddad), porque a parceira dela não conseguiu ir para jogar o torneio. Aí eu passei o telefone, nem cogitei a possibilidade de ir para lá. Eu perguntei se tinha dado certo. Ela disse: 'Ah, ela não vai, mas você não quer vir para cá e jogar comigo?'. Acho que ela falou meio de zoeira, mas eu falei: 'Sério? Se for sério eu vou pensar, acho que dá para eu ir'. Porque eu ia jogar Bogotá, mas esta semana ia estar livre, e fazia um tempo que eu queria jogar dupla com ela. Meus pais moram no México, é uma boa oportunidade, decidi ir. Ela disse que a gente conseguia wild card. Decidi subir, chegando lá a gente nem precisou de wild card, entramos direto na chave e fez um treino antes dos jogos, mas se encaixou bem. Eu conheço ela, já era amiga antes, então a gente tem uma boa química fora da quadra, bom relacionamento, então foi bem legal, deu certo.
Giualiana Olmos e Luisa Stefani em Monterrey. Foto: Divulgação
Como foi a questão de, na primeira vez jogando juntas, já ter dado resultado? Vocês tiraram a dupla número 2 no primeiro jogo. Como foi isso?
Acho que começar jogando contra as cabeças 2 (a espanhola Laura Arruabarrena e a eslovena Dalila Jakupovic, 6/3 e 7/5 para Olmos/Stefani) foi bom, a gente já estava preparada. Na verdade, quando eu fui para o torneio eu já sabia que era um WTA, nível mais alto. É um nível mais alto, mas eu sabia que a gente tinha nível para competir contra estas meninas. O primeiro treino foi bom para entrosar e sentir um pouco como ia ser. Mas foi o primeiro jogo que atuamos juntas, só tinha jogado contra. E acho que a gente se entendeu bem, deu certo a parceria.
Você tinha jogado com a Paula Gonçalves aqui no Brasil, ganhou dois títulos (ITFs em São Paulo e Curitiba). Muda a parceira, muda muito o estilo? Tem que fazer uma preparação diferente?
Sim, com certeza. Muda a parceria, muda o tipo de jogo, a personalidade, tudo. Com a Paula, eu joguei do lado esquerdo, e com a Giuliana a gente resolveu que eu ia jogar do lado direito. Como a gente nunca tinha jogado, a gente foi para testar. Com a Paula foi a mesma coisa, se não funcionasse a gente muda. Mas com a Giuliana, por ela jogar bastante dupla, ter ido bem, ter uma boa noção de como jogar dupla, a gente se encaixou bem por causa disso. E acabou que a gente se cobriu muito bem na quadra e deu certo.
Você tem preferência de jogar por algum lado ou depende da parceira?
É, depois do torneio eu estava realmente pensando nisso. Eu já tive bom resultado jogando pela direita com a Quinn (Gleason, norte-americana que fez dupla com Stefani em vários torneios). Com a Paulinha, estava jogando na esquerda, antes também já joguei esquerda. Fiquei meio na dúvida, gostei bastante de jogar na esquerda com a Paula, mas joguei direita nesta semana e fui bem também. Então, acho que consigo me adaptar e acho que falta mais tempo para eu realmente ver que lado que prefiro.
Ainda nos torneios que você jogou aqui no Brasil, como foi jogar com a Paula Gonçalves? Já tinham jogado antes? Como ela, sendo mais experiente, te ajudou? Vocês tiveram bons resultados, dois títulos.
Fazia tempo. A gente sempre se vê nos Estados Unidos, a Paulinha joga bastante lá, eu estava morando lá, então sempre estávamos nas mesmas giras. Mas nunca jogamos nem contra, nem juntas. Achei que seria legal jogar com uma brasileira, estando aqui no Brasil, e a gente já tinha falado antes de jogar juntas. E aí rolou. Não foi muito preparado. Foi bom, porque desde o primeiro jogo, nós atuamos super bem, com boas vitórias. Pegamos confiança, e eu gosto muito dela fora da quadra também, como amiga. E tem esse negócio de amizade, de se entender, de 'ah, se errou, tudo bem'. Tem gente que é mais seca, e se você não conhece tem um pouco mais de pressão. E com ela, eu me senti bem solta e livre para jogar. Isso foi muito bom.
Luisa e Paula com o troféu do título em Curitiba, uma das etapas da gira de torneios disputada no Brasil no início do no. Foto: Divulgação
Sobre isso que você falou sobre amizade, a gente percebe nas redes sociais essa união. Você estava com a Bia (em Monterrey), fez stories no Instagram... Quanto isso ajuda você, e elas também, a evoluírem, tanto dentro quanto fora da quadra?
Acho legal, o tênis brasileiro, principalmente o feminino, está em uma época boa. Além de ter tido uma boa Fed Cup no Zonal, todo mundo está se dando bem. Sou bem amiga da Bia, Carol (Meligeni), Gabi (Gabriela Ce), Thaisa (Pedretti), a Paulinha. Todas as meninas que estão nos torneios estão mais ou menos na mesma fase, não no mesmo ranking, mas tentando levar o tênis para frente. Esse apoio, sentir essa união do tênis feminino, pode ajudar a gente a não só melhorar, mas levantar a outra. Tem que ser competitivo, é bom, porque isso vai levantar cada vez mais. Se a Bia está no alto, todo mundo quer chegar lá, podemos aprender com ela, ver o que ela faz de bem, mas também ter uma competitividade saudável. Em vez de querer ganhar uma da outra e ser melhor, é querer ganhar e ver a outra ganhar, para você ser melhor ainda. Tem que ter um espírito saudável de competição e não rancor. No tênis feminino, você vê muito isso, mais lá fora: as meninas querem que a outra vá mal para aparecer melhor. Mas eu acho que se a gente conseguir ter uma competição saudável, ser unida, ter amizade, se divertir, dentro da quadra também pode ajudar.
Vocês tiveram um bom resultado na Fed Cup (campeãs do Zonal das Américas), e agora vão ter este confronto bem difícil contra a Eslováquia. Como vocês veem este desafio, estão ansiosas?
Sim, eu estou bem animada, estava até ansiosa esta semana. Eu acho que o maior fator de ansiedade é que esta é a primeira vez que eu vou para os playoffs (do Grupo Mundial II). Acho que a gente tem um time bom, a equipe da Fed este ano foi bem legal, foi uma experiência boa dentro e fora das quadras. Ganhar o Zonal ajudou a dar mais confiança para ir para os playoffs contra a Eslováquia. Apesar de ser na casa delas, vai ser no saibro, acho que isso é outro ponto que deu motivação. Então, essa experiência nova, estar no embalo por termos tido resultados bons, ajuda a gente a ir com mais confiança.
Em sequência, da esquerda para a direira: Roberta Burzagli, Thaisa Pedretti, Luisa Stefani, Gabriela Cé, Carolina Meligeni e Beatriz Haddad Maia. Foto: Federico Ruiz
Como você vê a mudança no comando técnico? Agora está a Roberta Burzagli. Conversando com outras meninas, elas são só elogios para ela. Você acha que essa mudança foi realmente positiva? O que foi mais legal nesta troca de comando?
Eu já viajei com a Roberta para a Europa, acho que foi em 2014 ou 2015, a gente foi junta na mesma equipe, em um time da ITF, nos Grand Slams. Sempre achei ela uma grande treinadora, e como pessoa a gente se dá super bem. Sempre virei para receber conselhos, tanto para jogar quanto fora das quadras. Ela entende, porque já passou por isso que a gente está passando. Ela jogou, ela deu treino, tem experiência com muitas jogadoras, profissionais e juvenis. Ela tem muito para passar, e o jeito que ela passa informação, para mim, encaixa bem, ela é bem tranquila. Fiquei muito feliz com a mudança. Adorava o Fernandão (Fernando Roese, técnico anterior) também, mas fiquei feliz pela Roberta, acho que ela tem muitas chances de melhorar. E eu aprendo com ela, ainda mais por ser mulher, neste sentido também.
Justamente neste sentido, a Carol Meligeni comentou bastante disso, do fato de, por ser mulher, ficar mais fácil em algumas pequenas coisas do dia-a-dia. No que ajuda por este fator também?
Acho que o fator emocional, principalmente. Claro que todos têm questões emocionais, mas eu me sinto até mais confortável dentro da quadra com a Roberta. Então acho que esta parte emocional é o mais importante, a maior diferença neste sentido.
No Zonal, são várias adversárias diferentes, que vocês enfrentam ao longo de vários dias. Agora, é um único adversário, com jogos em dois dias. Muda algo na preparação?
Eu acho que no Zonal a gente conhecia a maioria das meninas, porque a maioria são sul-americanas que a gente já jogou, já conhece. E na Eslováquia, eu não sei. Eu conheço algumas, umas mais, outras menos. Mas acho que a gente conhece menos o time delas do que as que enfrentamos no Zonal. Mas a preparação é a mesma, a gente vai ter um bom período de adaptação. No Zonal, chegamos três ou quatro dias antes. Desta vez, vamos chegar uma semana antes para preparar, para realmente se adaptar. A preparação é treinar junto, se apoiar e vai ser a mesma coisa.
O time da Eslováquia é mais forte, tem meninas dentro do top 100. Qual a diferença de jogar contra tenistas de um ranking menor, até abaixo do das brasileiras e agora este confronto de Davi contra Golias, de enfrentar tenistas que estão lá no topo?
Essa é uma parte boa, porque vamos chegar sem pressão. Claro, tem pressão, é uma Fed Cup representando o país, todo mundo quer ganhar. Mas elas serem melhor ranqueadas, estarem jogando em casa, serem a cabeça de chave, é um fato que podemos usar a nosso favor, para entrar sem pressão. A gente só tem a ganhar. Ganhar experiência, ganhar jogo... Isso é muito positivo de elas serem as principais, as favoritas.
É um peso a menos então?
Com certeza, a gente pode chegar, pensar que não tem nada a perder e ir para cima. Realmente, vamos para ganhar este confronto, não importa quem seja, nem o fato de que elas sejam melhores ranqueadas
O piso vai ser o saibro coberto. Você já jogou bastante saibro coberto? Não é muito comum.
É, não é muito comum. Joguei dois jogos em saibro coberto no Pinheiros (ITF W25 de São Paulo, em março), eu e a Paulinha, em duplas, não foi simples. É diferente, mas eu prefiro porque ainda vai ser saibro, o que é uma coisa boa. Eu gosto de jogar em saibro coberto. Em Curitiba, em uns dias que choveu, eu treinei saibro coberto também. O som da bola é diferente, é fechado, não tem vento, sol e essas coisas. Mas acho que vai ser legal, vai ser uma experiência boa.
Stefani e Bia Maia jogaram juntas nas duplas durante a Fed Cup. Foto; Divulgação
Acaba sendo um piso que tanto para a equipe delas quanto para a brasileira, é saibro, é o preferido. Então não impacta tanto?
É, eu acho que sim. Tanto no saibro quanto na rápida a gente ia ter chance. Estou bem confiante de que vai dar um bom confronto contra elas, não importa a superfície. Mas ser no saibro deu um up, foi bom para a gente.
Durante o Rio Open, teve a movimentação do Rio Open para Elas, porque o Brasil não tem um torneio maior feminino. Você acha que se a equipe caminhar bem na Fed Cup, isso pode incentivar os organizadores, não só do Rio Open, a trazerem torneio WTA para o país?
Espero que sim, realmente. Foi muito bom ter estes torneios W25 (ITFs em São Paulo, Curitiba e Campinas) no Brasil, mas eu estive no México agora e acabei de ver que eles têm umas cinco ou seis meninas jogando, e ter a oportunidade de jogar torneios grandes em casa ajuda muito. Faz falta ter o Rio Open, Florianópolis também tinha. Espero que motive eles a voltar, ainda mais com o nosso tênis indo em uma fase boa agora, todo mundo tentando melhorar, estamos motivadas, melhorando resultados, consistentemente melhorando o ranking também... Espero que isso motive eles a trazer mais torneios para casa, porque é realmente importante, pensar que a gente não precisaria viajar tão longe para ter torneios grandes, e jogar em casa sempre é uma vantagem.
Também tem a questão do contato com a torcida. Isso dá uma motivação extra?
Claro, com certeza jogar em casa é diferente, ter o apoio da torcida, que a gente só vai ter aqui. Óbvio, (no exterior) sempre tem alguns torcendo aqui e ali, mas jogar em casa, em torneios maiores, eu lembro no Rio e até em Floripa, é um sentimento diferente. Então, eu acho muito importante para a gente.
Você fez resultados muito bons em sequência nas duplas. Já pensou em focar só nesta categoria ou vai continuar mesclando?
Sim, me perguntam bastante isso ultimamente. Eu quero aproveitar meu ranking de duplas, agora que eu subi bem, dá para aproveitar os torneios grandes. Mas não quero deixar simples para focar nas duplas. Quero continuar jogando simples e deixar que a dupla ajude. Nestes meses que vão vir, quero usar meu ranking de duplas para entrar em WTAs, nos torneios maiores. Mas não vou dizer que vou tirar o foco de simples, porque jogar simples, focar, vai me ajudar a melhorar na dupla. Sempre levei a dupla tão sério quanto simples, mas vou continuar levando simples a sério e só trocar algumas semanas para focar nas duplas.
Mesclando calendário?
É, mesclando, com certeza. Mas não vou deixar de jogar simples agora.
Em termos de calendário, alguma ideia para esses próximos meses?
Eu vou aproveitar a viagem para a Eslováquia e ficar na Europa, pelo menos até junho. Ainda estou decidindo os planos, porque ainda não tenho parceira de duplas fixa. Se eu for para os torneios grandes, eu preciso de uma parceira com ranking bom para a gente entrar. Mas a ideia é jogar Eslováquia (Fed Cup), talvez eu vá para a Itália na semana seguinte. Mesclar com o WTA de Rabat (no Marrocos) e aí o resto está a definir. Estou vendo se vou jogar no saibro, ou mais quadra rápida, se vai dar tempo de jogar alguns torneios na grama também. A meta deste ano era chegar a quali de Grand Slam em simples. Estou um pouco atrasada, mas tenho fé e confiança de que se eu continuar treinando e fazendo as coisas certas, se vier um resultado bom, uma semana que eu consiga chegar lá, e dupla mais ainda.
Qual é a diferença de jogar um torneio WTA e um menor, como um ITF? Como você vê isso?
Eu cheguei lá em Monterrey e não sabia muito o que esperar. Eu já tinha jogado WTA, mas nem tinha olhado a chave de simples. Aí quando olhei, estava a Kerber, a Muguruza, a Azarenka. Não estava esperando que seria um torneio tão grande quando cheguei. Foi legal para ver que, por mais que sejam nomes grandes, a gente treinando é a mesma bola, é a mesma coisa. Tem um lado muito mental. Gostei de assistir os jogos, ver que o nível está lá, a diferença é mental, talvez experiência. Tem muita menina que você não espera que vá bem e está indo bem. Como tem muita mudança nos torneios femininos, várias campeãs diferentes, mostra que qualquer uma tem chance. E além disso, tudo está feito para você. Tem hotel, o peso financeiro nestes torneios faz muita diferença, fica mais relaxado. Você toma café da manhã, almoço, comida inclusa, hotel incluso. Muita facilidade, lavanderia... Coisas pequenas, mas que nos torneios melhores você faz por si e nestes torneios é mais organizado, mais fácil.
Foto: Divulgação
Como você disse, várias tenistas estão ganhando. 16 torneios, 16 vencedoras diferentes. Conversando com o Edu Oncins, ele fala muito sobre isso, sobre o circuito feminino estar muito equilibrado. A diferença é mínima, as vezes é experiência, as vezes o saque entra no dia... Como você vê isso? Está realmente bem nivelado, e o que difere mais, o fator que mais favorece as tenistas que acabam ganhando?
Eu acho que o saque faz bem, mas no masculino talvez seja até mais importante. Uma quebra, muitas vezes, acaba com o set. No feminino, uma quebra não vale nada muitas vezes, quebra mais outro, e outro. Mas o lado emocional, no feminino, em termos de manter o nível consistente, ou mesmo voltar rápido quando cai o nível, faz muita diferença. Assistindo uns jogos nesta semana (em Monterrey), alguns foram muito próximos. E este tipo de vitória são dois pontos, um ponto importante que pode mudar totalmente o resultado do jogo e do torneio, porque você ganha confiança de passar para a próxima. E as melhores fazem muito bem isso, de serem consistentes, jogando o jogo delas. E claro, confiança ajuda muito, mantém o lado emocional nas partes importantes do jogo. É muito isso, dos momentos importantes do jogo.
Quais tenistas fazem isso melhor, de se manterem no jogo?
Eu vou falar de recentemente. Fui assistir a final de Monterrey e vi a Muguruza jogando em um nível muito alto. Foi o primeiro dela que eu vi, e ela estava muito sólida, Antes disso, eu vi a Azarenka e achei que ela ia ganhar o torneio, mesmo quando perdeu um dos sets. Ela se manteve, seguiu no jogo dela, batendo na bola de todas as formas e dando um jeito de ganhar. Mesmo quando elas erram, elas seguem fazendo o que elas sabem, o que fazem de melhor. Pelo que vejo na TV, a (Simona) Halep tem muita consistência de resultado, mostra que ela está com o nível lá (em cima). E sempre tem, por exemplo, a (Bianca) Andreescu. A gente jogava juvenil junto e aí agora ela está aí, ganhou Indian Wells, foi bem em Miami... Então você vê estas pessoas e por que ela está lá e eu não, entendeu? Então é motivador, para ver que todo mundo pode chegar e, ao mesmo tempo, pensar: 'Ah, dá para jogar de igual para igual, falta um detalhe talvez, aqui ou ali'.
Você jogou já contra a Andreescu?
Contra a Andreescu, não. Mas já joguei contra a Osaka, por exemplo, e agora ela está aí, jogando bem. Perdi por 6/4 e 6/4, lembro até hoje.
Vocês são do mesmo ano, foi no juvenil isso?
Eu era juvenil, mas a gente jogou em um torneio profissional, na grama. Foi meu primeiro torneio em grama. Já aqueci com a (Ivana) Jorovic, com a (Daria) Kasatkina. Várias destas meninas a gente jogou no juvenil e agora elas estão lá. Então, é legal ver. Eu vi elas de perto, vi o que faziam, e agora estou querendo chegar na mesma rota.
Quando jogou contra a Osaka, você sentiu alguma coisa diferente nela?
Faz tempo, foi em 2015. Na verdade, foi engraçado. A gente chegou no torneio, eu com meu técnico. Foi em Surbiton, na Inglaterra. E aí eu não conhecia muito gente. Ela estava lá com o pai dela. Aí falamos: 'Quer aquecer amanhã e tal?' Aí tudo bem, treinamos um dia. No dia seguinte, eu ganhei primeira rodada, ela ganhou o dela. Aí não lembro se ganhamos mais uma, mas era rodada final do quali e jogamos contra. Ela sacava muito bem, e como era na grama ficava muito rápido. O jogo foi mais isso. Segura o saque, segura o saque... Aí ela quebrou em um game importante, e no segundo set foi a mesma coisa. Foi um resultado normal. Aí de repente ela fez final naquele torneio, foi bem. Mas nem imaginava que agora, em três, quatro anos, ela ia estar número 1 do mundo, ganhar dois Slams. Mas está aí.
Tem muitas tenistas novas surgindo. Conversando com a Thaisa Pedretti, ela disse que jogou muitas vezes com a (Amanda) Anisimova, norte-americana. Perdeu, e notava que ela era muito forte, desde cedo tem essa preparação. Como você vê esse movimento destas tenistas novas que já estão chegando e ganhando títulos? É um motivador?
Sim, com certeza. Mas eu acho que antes até era mais assim, com as mais novas indo melhor. Tipo, a (Martina) Hingis, a (Eugenie) Bouchard, a (Belinda) Bencic. Eu acho que essas meninas tem um estilo de jogo já formado. Rússia, Estados Unidos, é um estilo de jogo que elas já crescem vivendo e vendo as meninas jogarem. Desde pequenas, já estão focadas neste estilo e em como elas querem jogar. E o apoio destas federações, elas sabem que desde pequenas vão ter chances, vai ter alguém investindo e dando apoio, estrutura. Apoio técnico, para viagem. Esta estrutura ajuda bastante.
Quando você era criança, o tênis brasileiro não tinha um nome tão forte. Teve um hiato até a Teliana chegar e ganhar WTAs. Você tinha alguma referência brasileira ou era mais estrangeira?
É, eu fui para os Estados Unidos desde os 14 anos, então minha maior referência foi lá. Mas sempre acompanhava o tênis brasileiro, e foi muito bom quando a Teliana chegou no top 100, deu um up para as outras meninas, para puxar o bonde. É o que a Bia está fazendo agora também, foi super bem ano retrasado. Está puxando todo mundo, também é nova. A gente tem uma geração nova jogando agora, com média de 20, 23 anos. Então, ver que dá para chegar lá, com essas meninas chegando, realmente motiva.
Publicado em 11 de Abril de 2019 às 20:18