Direcionar a bola para os cantos da quadra nem sempre é a melhor opção. Experimente bater no meio e tenha menos quadra para cobrir
GRÁFICO 1 Lembre-se: o meio a que nos referimos não é o centro da quadra representado pela área B (vermelha), mas, sim, o centro profundo representado pela área A (amarela). |
Você certamente já ouviu a frase célebre: "Tire a bola do meio da quadra!" Pois bem, jogar bolas no meio da quadra sem nenhum propósito é, sem dúvida, a melhor maneira de se cansar sem cansar seu adversário. Porém, usando as bolas de meio profundas, em situações específicas, os resultados serão exatamente o oposto. Você por acaso já reparou que Roger Federer geralmente corre muito menos do que seus adversários? E você sabe por quê? Por duas razões básicas: 1) a qualidade de suas bolas; 2) pelos ângulos que ele oferece a seus rivais.
Seguramente Federer é um dos tenistas que mais golpeia bolas em direção ao meio da quadra, seja em ralies, devoluções de saque, approaches, smashes, primeiros voleios etc. E por que isso? Falta de precisão? Insegurança? É óbvio que não! Na verdade, o jogo do gênio suíço é muito inteligente e matemático, ou melhor, geométrico! Sendo assim, saiba que todas as vezes que você põe seu adversário para correr e o coloca para fora da quadra, você também está correndo riscos, pois abre ângulos para contra-ataques paralelos ou bolas anguladas. Por isso, não pense que as opções de direção de golpes são sempre para um canto ou para o outro e use também o meio.
Como e quando usar o meio?
Então quando bater para o meio? Teste a eficiência do seu oponente em cada ponto da quadra e descubra seus golpes prediletos e os mais falhos. Se você sempre testa o lado direito e o esquerdo da quadra de seu adversário, teste também o meio. Veja com que conforto ele executará os golpes desse ponto da quadra. Leve também em consideração que, na maioria das vezes, usamos bolas cruzadas para trabalhar os pontos e paralelas para tentar defini-los, principalmente em função dos ângulos de cobertura da quadra como explicaremos a seguir.
Áreas de cobertura da quadra e posicionamentos ideais
GRÁFICO 2
Exemplo 1: se você direciona a bola no alvo amarelo, a melhor posição para a cobertura da quadra é a posição 1, porque protege as áreas azul e vermelha (esta posição leva em consideração a altura da rede nas extremidades e não apenas a geometria da quadra).
GRÁFICO 3
Exemplo 2: se você direcionar a bola na área amarela, o ponto de cobertura da quadra ideal será o 2, para proteger as áreas azul e vermelha.
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GRÁFICO 4 - Cobertura de cruzada e paralela
Exemplo 3: Se do ponto 1, você golpear a bola no alvo A (cruzada), deverá mover-se até o ponto 2 da quadra. Porém, se a bola for para o alvo B (paralela), você terá que se movimentar bem mais e chegar até o ponto 3.
GRÁFICO 5 a e b - Cobertura de bola de meio
Já golpeando a bola no alvo amarelo, você reduz sua área de cobertura de ângulos para as bolas batidas fortes ou rápidas, devendo chegar ao ponto 1 para cobrir as áreas azuis. Repare que você praticamente elimina a preocupação com as áreas vermelhas. Esta estratégia serve também para os approaches (bolas de aproximação a rede), mantendo a área de cobertura no centro da quadra como mostra o gráfico 5b.
GRÁFICO 6 - Fundo e rede
Mas lembre-se de que a geometria da quadra de tênis é inversa quando você se posiciona no fundo da quadra ou na rede. Exemplo: se você colocar a bola no alvo amarelo e ficar no fundo, o ponto de posicionamento ideal será o 1 (cobrindo mais as bolas cruzadas), mas se com o mesmo alvo você for à rede a área de cobertura será a posição 2 (cobrindo mais a paralela).
Pense bem
Com a bola colocada nos cantos da quadra, você precisa cobrir não só as linhas de fundo, mas toda a lateral contra possíveis bolas anguladas, ficando sempre a paralela mais vulnerável a ataques.
Quem bate mais paralelas movimenta-se mais para "fechar" os ângulos da quadra e estar bem posicionado para a próxima bola. Quem bate mais cruzadas, em princípio, movimenta-se menos, porém oferece bons ângulos para ser atacado. Com a bola no meio, você elimina as chances de winners na paralela e oferece ângulos curtos para os dois lados, movimentando-se pouco.
No aspecto emocional, golpear bolas no meio pode provocar erros ou gerar ansiedade mesmo em jogadores regulares ou "passadores de bola", forçando-os a trabalhar as bolas mais próximas das linhas laterais. Se você se convenceu de que esta pode ser uma boa estratégia e pretende experimentá-la, evite bolas lentas em boa altura, ou seja: 1) bata firme no meio; 2) use slices baixos e profundos; 3) use golpes com topspin alto. Explorar o meio da quadra funciona muito bem também para o jogo de duplas.
Carlos Omaki é coordenador do Treinamento Carlos Omaki. carlos@omakitennis.com.br
Publicado em 27 de Janeiro de 2010 às 07:10