Treinamento
O corpo funciona como uma unidade e deve ser trabalhado desta maneira
PARA QUE UM PROGRAMA de treinamento seja eficiente e os resultados otimizados, alguns princípios devem ser considerados. Dentre eles estão: princípio da individualidade biológica, do uso/desuso, da sobrecarga progressiva, do fácil/difícil, da periodização, e da especificidade, etc. Todos possuem suas particularidades e importância dentro de um programa de treinamento e, se não respeitados, podem limitar os resultados. Compreende-se que o corpo humano funciona como uma unidade, com articulações interconectadas, um conceito conhecido como “cadeia cinética”. Ou seja, a energia ou força gerada por uma articulação (ou parte do corpo) durante um movimento pode ser transferida sucessivamente para a próxima. No tênis, por exemplo, um golpe mais efetivo começa com o direcionamento da perna gerando forças de reação no solo que pode ser transferida até os segmentos da cadeia cinética, terminando na raquete. Uma ótima coordenação nestes segmentos corporais e seus movimentos permitirão uma eficiente transferência de energia e potência. Cada movimento na seqüência é construído a partir do anterior e todos contribuem para a geração da velocidade da raquete. Estudos mostram que até 54% da potência no saque é produzida por pernas e tronco. Quando eles não são adequadamente utilizados para gerar o golpe, os músculos menores são sobrecarregados, aumentando a predisposição de lesões.
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O treinamento funcional tem como base duas importantes diretrizes: o respeito à individualidade biológica e o princípio da especificidade. É o treinamento com uma proposta. Em outras palavras, ele deve ter um efeito positivo na atividade do dia-a-dia ou no esporte em que o indivíduo está engajado. É a mais recente maneira de se melhorar o condicionamento físico com ênfase na melhoria da capacidade funcional do corpo humano, de modo que melhore todas as qualidades do sistema músculo- esquelético e seus sistemas interdependentes. No treinamento funcional a ênfase é dada nos movimentos e não nos músculos, diferenciando-se do treinamento tradicional.
O corpo humano deve ser capaz de realizar e manter o equilíbrio em uma variedade de posições, planos/ângulos, e condições para ser totalmente funcional. Assim, um mecanismo que deve ser bem explorado é conhecido como propriocepção: capacidade que o corpo possui de reconhecer a posição no espaço e os movimentos dos membros um em relação ao outro. A propriocepção é responsável pela regulação do equilíbrio, a orientação do corpo e a prevenção de lesões através da estabilidade articular estática e dinâmica.
Um exercício convencional de musculação diminui drasticamente as exigências de propriocepção, diminuindo as exigências de habilidades como equilíbrio e coordenação, além de não simular os complexos padrões de ativação muscular característicos das atividades diárias e esportivas, por possuir uma direção de movimento e amplitudes articulares pré-definidas.
Através do treinamento funcional é possível melhorar qualidades físicas como equilíbrio, força, coordenação motora, resistência central e periférica (cardiovascular e muscular), lateralidade, flexibilidade e propriocepção. Um programa de exercícios funcionais bem elaborado causa adaptações, como: desenvolvimento da consciência sinestésica e controle corporal; melhoria da postura geral e durante o exercício; melhoria do equilíbrio muscular (simetria) e coordenação neuromuscular; aumento da estabilidade da região Core (saúde da coluna vertebral); aumento da eficiência dos movimentos; melhoria do equilíbrio estático e dinâmico (aumento de estabilidade articular); aumento de força muscular por adaptações neurais; melhoria das estruturas afetadas por lesão no processo de reabilitação.
Bruno Coraucci Neto e Eduardo Laureano são profissionais do centro de treinamento AFCT/Adidas
Publicado em 5 de Setembro de 2007 às 13:37