Robredo

Tommy Robredo

Elegante, educado, dono de um estilo clássico de tênis. Além de tudo isso, o campeão do Brasil Open 2009 é considerado um dos tenistas mais belos do circuito. Ah, e está solteiro...


Seu nome é inspirado no quarto álbum da banda The Who, uma ópera rock chamada "Tommy", que conta a história de um garoto cego, surdo e mudo que se torna líder de um movimento messiânico. O pai de Robredo, Angel, treinador de tênis e fã do grupo inglês, resolveu nomear o filho segundo esta obra.

O Tommy tenista, contudo, está longe de ser cego, surdo e mudo, assim como também dificilmente se tornará um messias. Seu jogo é de grande habilidade - tanto que figurou no top 5 em 2006 - e se adapta bem aos pisos mais rápidos e às duplas, contrariando em parte a tradicional escola espanhola, que sempre privilegiou mais a força dos golpes de fundo e as intermináveis trocas de bola no saibro.

A elegância do tênis de Robredo se transporta também para fora da quadra. O rapaz de 26 anos, olhos verdes e vestuário impecável, é um gentleman. Educado, fez questão de ressaltar o adversário da final do torneio no Sauípe, Thomaz Bellucci, e agradecer até mesmo a torcida. Na verdade, seu comportamento na decisão, sempre tranquilo, sem provocações, fez com que os brasileiros o poupassem de hostilidades mais agressivas.

Suas boas maneiras ficam óbvias nesta conversa em que tenta relativizar suas vitórias sobre Gustavo Kuerten (foram quatro na carreira, contra apenas um triunfo do catarinense) e quando fala sobre a fundação que está lançando para ajudar pessoas em cadeiras de rodas. Porém, quando tratamos do poder de atração de sua beleza, ele, ainda solteiro, mostrou que tem grande apreço pelas nossas beldades. Confira.

Você tem quatro vitórias sobre Guga e só uma derrota. Qual era o segredo para ganhar dele tantas vezes?
Na verdade, ganhei dele algumas vezes no final de sua carreira. Ele já estava muito mal. Ganhei em Roland Garros, em quatro sets, que foi uma boa partida. Antes creio que ele me venceu em Stuttgart quando estava jogando muito bem. E acho que Guga, quando estava em sua época dourada, quando ganhou Roland Garros, era muito difícil de vencer, pois sacava muito bem, tinha uma direita muito boa, um revés espetacular. Era superdifícil. Mas, afinal, tive a sorte de pegá-lo quando estava em seu pior momento e, na verdade, era mais fácil, pois custava muito para ele se mover.

Naquela partida em Roland Garros em 2003, nas oitavas-de-final, você usou muitos drop shots...
Não me lembro, faz muito tempo. Mas custava muito para Guga se mover e tudo o que o fizesse se mover era bom para mim.

Seu nome foi dado por causa da música do The Who, de quem seu pai era fã. Qual sua relação com a música?
Gosto de música para escutar no carro, no avião, quando estou tranqüilo, mas não sou fã de nenhum grupo, nada.

A pessoa mais importante na sua formação tenística...
Foi meu pai, não há dúvida. Foi quem me deu a raquete e quem me treinou até os 14 anos, então...

Qual o segredo para jogar bem em todos os pisos?
O segredo é o trabalho. Até os 14 anos joguei sempre em quadras rápidas.

Você acredita que a formação da escola espanhola ainda privilegia o saibro?
Não. Agora, desde que mudaram as normas da ATP e você tem que jogar em todas as superfícies, porque te obrigam por pontos e tudo, os tenistas têm que se adaptar e o fazemos muito bem, porque estamos jogando melhor em todas as superfícies.

Você se considera um jogador completo?
Creio que sou bastante completo. Poderia ser mais, mas não se pode comparar. Sou um jogador que está em 19 de simples (antes de terminar o Brasil Open) e 20 e pouco de duplas. Estou num ranking de simples que não acho que devo, pois deveria estar um pouco mais acima, já que estou jogando muito melhor do que joguei o ano passado. Está bem mais complicado, mas estou contente.

O que aconteceu em 2006 para subir tanto e chegar ao top 5. Houve alguma mudança no seu jogo?
Foi uma temporada em que estive normal. Estava entre os 20 melhores fazia um par de anos e tive a sorte de jogar Hamburgo muito bem e ganhei. E isso me deu muita confiança. Foi a mudança que ocorreu para estar acima. Só estive um pouco mais sólido naquele ano e quando você ganha algumas partidas seguidas em um Master Series, isso lhe dá muita confiança.

#Q#

Arnaldo Grizzo

O que é mais difícil, chegar entre os top 20 ou se manter entre eles?
Manter-se. Acho que chegar é muito fácil... Na verdade é muito difícil, mas não tem pressão de nada. Você vai para a quadra jogar e desfrutar. Então, no ano seguinte, tem que fazer o mesmo ou então um pouco melhor. Se não, vai para trás. Então, fazer o mesmo, é complicado. As pessoas cada vez lhe conhecem mais. Todos sabem melhor como devem jogar contra você e quando você joga com uma pessoa que conhece mais, tem mais vontade de ganhar.

Você é um dos poucos tenistas que atua em simples e duplas em quase todos os torneios. Isso lhe ajuda?
Creio que sou uma pessoa que tem muita visão de jogo. Então, para mim é mais fácil antecipar as jogadas e estar melhor em todas as regiões da quadra. As duplas ajudam muito. Primeiro porque é um treino com ritmo. Mas, depois, também prejudica muito no aspecto físico porque amanhã tenho que estar bem para jogar simples e duplas. Então, é mais complicado, mas, você tem que ver o que ela lhe ajuda e lhe prejudica e ver se lhe interessa. Tem dinheiro, tem pontos e estar acima nos dois rankings é uma coisa bonita também.

Tommy Robredo Garces

Nascimento
01/05/1982 em Hostalric, Espanha

Altura e peso
1,80 m e 75 kg

Melhor ranking
5º em simples (28/08/2006)
25º em duplas (16/02/2009)

Este é o melhor momento do tênis espanhol na história?
Se falamos do tênis masculino, seguramente. Mas do feminino, não.

Com Nadal como número um, como é a pressão do público e da mídia espanhola?
Na Espanha, estamos acostumados a ter muitos campeões. Então, quando você é campeão, é muito bom. Quando é o quinto, o décimo do mundo, não se fala tanto de você. Mas, esse é o mal que há na Espanha. Isso acontece porque sempre terá um número um. Então, uma coisa está boa e outra está ruim.

Como é isso para você?
Na Espanha é o Rafa, incrível, e, por isso, merece tudo. E talvez depois dele não falam tanto de outros jogadores como Verdasco, Ferrer, de mim, de Juan Carlos - que agora parece que não faz nada. Isso acontece também nos outros esportes, com Pau Gasol no basquete, Fernando Alonso na Fórmula 1. Assim, não falam de outros pilotos que também são muito bons e outros jogadores de basquete. Mas isso é o bom de ter um país que tem sempre tantos números um.

Como é jogar contra Nadal?
Duro. Quando você vai jogar contra o melhor jogador do mundo, é sempre muito duro. E mais quando é um jogador que atua de uma maneira que é incômoda para todo o resto. Joga com muito efeito e é muito complicado. Mas, a verdade é que se tenta fazer o máximo que se pode.

Quem é o melhor tenista que você já viu jogar?
Até este momento, Federer. Rafa tem opção de igualá-lo ou passar, mas, no momento, Federer. Acho que ele joga bonito, mostrou isso quando estava como número um por muitos anos e tem uma elegância espetacular.

E como é jogar contra ele?
Complicado também, porque faz tudo o que se pode fazer no mundo do tênis, bate plano, com slice, voleia, saca... Então, quando ele está bem, é muito complicado. Tem que esperar que tenha uma pequena baixa e então lutar.

Você é considerado um dos tenistas mais bonitos do circuito...
Se você conseguir uma namorada brasileira, bonita, bonita, bonita, eu te agradeço...

Ainda está solteiro?
Solteiro. No Brasil, que tem meninas tão bonitas, como Gisele Bündchen, Adriana Lima, se você conseguir alguma menina assim parecida para mim ficaria encantado... (risos)

O assédio das mulheres é muito grande?
Não. Há sempre alguma fã, mas são sempre muito respeitosas. As pessoas que me seguem se portam bem comigo e estou muito contente.

Mas já fizeram algo estranho?
Não. Presenteiam-me com coisas, enviam-me cartas, e-mails, mas não fizeram nada agressivo...

E como foi fotografar nu para a campanha contra o câncer de próstata?
A ATP me pediu se poderia fazer, porque era uma coisa importante para a promoção do tênis e para ajudar contra o câncer. Convenceram-me de que fizesse e, no final, saiu uma foto muito bonita. As pessoas entenderam a causa e a verdade é que foi muito lindo.

Foi tranqila a sessão de fotos?
O fotógrafo foi muito profissional. Estive muito tranqüilo e me tratou muito bem. Então, quando se gosta de um fotógrafo é mais fácil.

Você participa de outras campanhas beneficentes?
Tenho uma fundação. Estou fazendo um torneio para pessoas em cadeira de rodas, que vai ser o torneio mais importante da Espanha. Se tiver algum lucro ao final do ano poderá ajudar aos meninos em cadeira de rodas a jogar tênis e praticar esportes. Além disso, faço campanhas contra a violência contra a mulher na Espanha e todas essas coisas...

Isso é importante pra você?
Tinha um amigo, Santi Silva, que sofreu um acidente de moto com 14 anos e estava em cadeira de rodas, mas nunca abandonou a paixão pelo tênis. Ele organizava torneios e queria montar um um pouquinho maior, mas morreu no ano passado. Com isso, surgiu a ideia de abrir a fundação e ajudar os meninos em cadeira de rodas. A mulher (Magali Ruiz), que está aqui comigo e trouxe sua família, é a coordenadora da fundação junto comigo. O torneio será em junho, na semana de Roland Garros. Será um evento de 60 mil euros. Temos em torno de 40 mil. Se no primeiro ano não houver lucro, colocarei o que falta. O importante é que saia tudo bem. A verdade é que estou muito contente.

Da redação

Publicado em 2 de Março de 2009 às 14:55


Perfil/Entrevista

Artigo publicado nesta revista