Entrevista
Paulista de 19 anos também comentou sobre a difícil consolidação no profissional
Crédito: Green Filmes
Thaisa Pedretti é uma das grandes esperanças do tênis feminino nacional. Neste ano, a jovem tenista de 19 anos de idade concluiu sua primeira temporada como profissional e vivenciou as dificuldades da transição e do alto nível que o circuito exige. Apesar das dificuldades e barreiras, Pedretti tem um grande objetivo: ser uma das melhores tenistas do mundo.
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Em entrevista exclusiva à Revista Tênis, durante o Encontro Internacional de Treinamento da CBT, em Florianópolis, Thaisa comentou sobre sua história e evolução no tênis, o sonho de jogar a primeira Fed Cup pelo Brasil e suas principais metas para a próxima temporada. Confira abaixo a entrevista:
O que você achou do Encontro Internacional de Treinamento?
Foi uma semana incrível. Nunca tive a oportunidade participar de um encontro como esse. Sempre fico muito na Sportsville - centro de treinamento do Instituto Tênis - e não treino em muitos outros lugares. Gostaria de agradecer a CBT pelo convite. Conheci muitas pessoas novas, jogadores novos e deu para sentir uma vibe incrível nessa semana. Eu aprendi muito, principalmente com o Thomaz Koch e o Paulo Cleto. Aprender com eles e levar isso para a minha vida no tênis é muito bom.
Você acha que esse modelo de evento deve ser ampliado para termos uma cultura de tênis ainda maior?
O tênis no Brasil é muito difícil. Nós escutamos muitas críticas e muitas pessoas dizem que não vamos formar muitos atletas como nos Estados Unidos e na Europa, principalmente no Top 100. Mas eu acredito muito. Temos a Bia (Haddad Maia) hoje batalhando muito. Eu a Carol (Meligeni), outras também. Conviver com as tenistas profissionais e juvenis por uma semana é muito válido e se tivermos mais encontros como este vai ser incrível.
Crédito: Green Filmes
Como foi sua evolução no tênis desde criança e como está a sua consolidação no circuito profissional?
Eu comecei a jogar tênis com 7 anos de idade em São Bernardo, no clube Mesq. Em seguida, comecei a jogar os torneios e fui para o clube Helvetia. Aos 12 anos, fiz um teste para o Instituto Tênis, passei e estou lá até hoje. O treinamento no IT é muito duro e reconheço uma boa evolução desde que entrei lá. Agradeço muito a toda equipe por isso.
Quem da sua família mais te influenciou a jogar e como eles te apoiam na sua profissão de tenista?
Meus pais são a base de tudo. Sem eles, eu poderia não estar mais jogando. Eu sai de casa com 14 anos de idade e fui morar sozinha. Isso foi bem complicado para mim e para eles no começo. Mas eles nunca deixaram de me apoiar e sempre me incentivam. Quando a confiança cai e fico para baixo, nas derrotas, eles me dão força e são meu porto seguro.
No juvenil, você conquistou e jogou grandes torneios. Agora no profissional é mais 'barra pesada'. Como você está encarando isso?
Esse ano de 2018 foi meu primeiro ano 100% como profissional. No ano anterior, consegui jogar os Grand Slams Junior e foi uma experiência incrível. Mas é bem complicado o circuito profissional. Nessa temporada fiz uma gira na Europa de 9 semanas seguidas. Tive algumas oscilações, mas adquiri boa experiência e maturide. Agora estou fazendo uma boa pré-temporada e melhorando alguns pontos. Sempre evoluindo para fazer um 2019 muito bom.
Thaisa em ação no torneio de Wimbledon, seu favorito. Reprodução/Instagram
O que você achou do novo circuito da ITF - World Tennis Tour - e quais serão os desafios na próxima temporada?
Achei um pouco mais complicado esse novo formato. Não teremos torneios no Brasil até março e o calendários de torneios da América do Sul ainda não foi divulgado. Muitas meninas aqui do Brasil estão pensando em ir para os Estados Unidos e para a Europa jogar os torneios no começo da temporada. Isso impacta em mais gastos com passagens e hospedagens mais caras, principalmente com a alta do euros e do dólar. Se dependermos apenas do novo ranking da ITF fica díficil, também precisamos focar no circuito WTA.
Como você avalia o momento do tênis brasileiro feminino?
Estamos em um momento um pouco complicado. Falta acreditar mais. Recebemos muitas críticas, mas temos uma safra muito boa de meninas, inclusive que acompanhei e treinei aqui em Florianópolis essa semana. Acho que precisamos de mais "sangue no olho" e acreditar porque o tênis é um esporte díficil. Mas é possível. Eu tenho muita fé nisso. Quero ver não apenas eu crescendo, mas outras tenistas brasileiras.
Crédito: Green Filmes
Como é sua relação com as tenistas do Brasil?
A gente sempre foi muito unida. Nunca tinha treinado com a Bia e rolou essa semana. Foi muito bom para sentir e ver como está nosso nível. Sou muito amiga da Carol também , ficamos juntas um bom tempo na Europa esse ano. Tenho uma boa relação com as outras tenistas também.
Carol Meligeni e Thaisa Pedretti no Encontro Internacional da CBT. Crédito: Green Filmes
Qual foi a principal barreira que você enfrentou para virar tenista?
Eu acho que foi me afastar da família, e morar fora. Mas foi bom para meu amadurecimento. Muita gente fala da altura né? Mas isso para mim não tem diferença, posso trabalhar outros aspectos no meu jogo. Me considero uma tenista bem rápida e isso vem me ajudando muito. Sinto confiança para sacar também. Vou enfrentar barreiras todos os dias. Com lesões, com meu corpo, nos treinos. A cada dia vou enfrentar as dificuldades e faz parte.
Como o tênis faz parte da sua vida também fora das quadras?
Minha vida se baseia em tênis. Meu hobby é ver tênis e não perco nenhum jogo. Adoro assistir. Eu respiro tênis diariamente e para isso abri mão de muita coisa como festa, amigos. Porque tenho um objetivo muito claro e vou atrás dele. Essas coisas externas eu não me importo muito. Gosto de tênis, sempre vou nos torneios em São Paulo e outros lugares. Quando eu era pequena assisti muitos tenistas, inclusive que estão aqui, como o Demoliner por exemplo e jogar agora ao lado deles é incrível para mim.
Crédito: Green Filmes
Qual a adversária mais forte que você enfrentou?
Amanda Anisimova.
Qual torneio que você mais gostou de disputar?
Wimbledon.
Qual seu maior sonho como tenista profissional?
Estar entre as melhores do mundo.
Qual sua principal meta para 2019?
Jogar a FedCup e defender nosso país.
Qual time você torce?
Palmeiras.
Qual raquete você joga?
Yonex Ezone 100.
Qual seu tenista preferido?
Rafael Nadal.
E no feminino?
Simona Halep.
*Atualizado em 19/12 apósa convocação oficial para a Fed Cup.
Publicado em 19 de Dezembro de 2018 às 17:30
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