Instrução Formação

O Que Fazer Durante o Jogo do Seu Filho?

Não consegue relaxar durante a partida do seu garoto ou garota? Não fuja e faça algo de realmente produtivo


Andy Murray

SE EU FOSSE COMENTARISTA de televisão com algum conhecimento de causa, já estaria mordendo a língua com todas as surpresas que aconteceram em Wimbledon, tanto em disputas masculinas como femininas.

Enfim, surpresas acontecem, como ter, além de Sabine Lisicki, a heterodoxa Marion Bartoli numa final de Grand Slam. Todas as minhas orientações em aula sobre rebater ao menos pelo lado dominante com uma mão, sobre sacar com movimento fluido, assinalam para a exceção. Mas toda regra não merece honrosas exceções? Assim diz o ditado.

Bartoli aprendeu a jogar com o pai, médico, em uma quadra com pouco recuo – por isso a maneira como entra com tudo na quadra e nas bolas. O pai abandonou a carreira médica para acompanhar a filha. Ele é um pai de tenista “intenso”, na linha do Sr. Williams, da Sra. Hingis etc. E põe intensidade nisso: brigas, idas e vindas, desencontros: a vida de um tenista vai com percalços e muitas aventuras para ser um dos melhores.

Cada dupla “tenista e pai de tenista” sabe onde o calo aperta. Até onde ir, quando recuar. Mas, pai é pai, mãe é mãe e, sinceramente, conheço poucos pais que são realmente “relax” quando o filho ou filha está na arena. Há uma energia extra em ação, uma vibração diferente, movida a amor, adrenalina, medo, orgulho. Como lidar com isso de maneira saudável é o desafio lançado por esta leitura.

Fugir é opção?

Passear pelo clube onde acontece a disputa parece uma opção razoável e, no caso de clubes campestres, com campo de golfe à beira da represa, alamedas arborizadas, uma opção saudável e revigorante. Como seu filho entenderá a ausência? Descaso, desprezo, pouco envolvimento? Não sei...

Em dia de jogo de futebol, ficar no bar do clube ou academia tomando uma cervejinha e acompanhando as aventuras do time? Bem, não é má ideia sendo que seu time ou o time rival (aprendi com meu marido, torcedor fanático, que é comum, para os homens, assistir aos jogos dos times rivais para “secar”) estão em campo. E a filha? Abandonada?

Ah, tem um shopping ou outlet perto do local do jogo. Levam o irmão caçula para compensar a viagem longa justo na hora do embate. “Meus pais não dão bola para mim não...”, pensa a criança mais velha ao longo da partida.

Espera aí: não é preciso fugir de situações potencialmente estressantes como assistir ao jogo do filho. Há diversas maneiras de canalizar energia positivamente, sem interferir diretamente no jogo, sem falar a contagem, sem reclamar de bolas duvidosas, sem dar broncas, sem brigar com os pais do adversário. Ou seja: você pode assistir ao jogo de maneira elegante e pensando em criar um filho forte para enfrentar os desafios do jogo (da vida). Uma das alternativas é fazer uma análise do jogo ponto a ponto, usando tabelas ou programas para isso encontrados na internet.

Faça o scout do jogo

Já usei diferentes tipos de tabelas para analisar os jogos dos meus pupilos, uma delas bem simples: listar todos os golpes do jogo numa coluna (todos, inclusive curtinhas, lobs, passadas, tanto de forehand quanto de backhand), erros na segunda coluna, totais na terceira, bolas vencedoras na quarta, totais na quinta e observações na sexta.

Dá para fazer a marcação do seu filho e do adversário ao mesmo tempo, o que pode ser útil para futuras partidas contra o mesmo jogador. Em inglês, o termo que resume essa “espionagem” dos adversários é scouting.

As informações que coletamos nesse tipo de observação atenta do jogo são muito úteis para, no momento que seu filho topar conversar, ter informações bem precisas sobre que bolas ele precisa desenvolver, e aquelas que se constituem seus pontos fortes. Esse tipo de informação, para os professores que raramente conseguem assistir aos torneios dos alunos, é preciosa também.

Você pode também criar tabelas que mostram aspectos mentais e emocionais do seu filho em cada partida, como na tabela sugerida. No caso, as informações também podem ser passadas para a criança em momento favorável, por você, pelo professor, ou pelo psicólogo esportivo que trabalha com a criança.

Na internet encontram-se vários programas para análise de partidas de tênis, alguns até compatíveis com aparelhos celulares. Basta colocar “tennis analysis software” e entrar nos links. Mesmo sem falar inglês, você verá como são surpreendentemente fáceis de usar.

IDEIA DE SCOUT DE ASPECTOS PSICOLÓGICOS

NOME:
ADVERSÁRIO:
TORNEIO:
PLACAR:
DATA:
Aspectos mentais e emocionais positivos Comportamento aconteceu quantas vezes?
Ritual pré-saque  
Ritual pré-devolução  
Visualização  
Comemorar o ponto  
Aplaudir boa jogada adversária  
Concentração  
Respirar entre os pontos  
Usar bem o tempo entre os pontos  
Falar a contagem antes de sacar  
Planejar ponto antes de sacar  
Usar o tempo da virada de lado  
Ativação antes do saque  
Ativação antes da devolução  
Manter olhos direcionados  
Caminhada confiante  
Postura confiante  
Virar as costas após erro  
Recuperação após erro “bobo”  
Buscar desvantagem em game  
Buscar desvantagem em set  
Buscar desvantagem em jogo  
Aspectos mentais e emocionais NEGATIVOS Comportamento aconteceu quantas vezes?
Não realiza ritual pré-saque  
Não realiza ritual pré-devolução  
Não imagina jogadas  
Não comemora pontos  
Visualização deficiente  
Usa mal o tempo entre os pontos  
Esquece contagem  
Não planeja jogadas  
Usa mal o tempo entre os games  
Não ativa o corpo quando necessário  
Olhar perdido  
Caminhada derrotista  
Postura de perdedor  
Reclama dos seus erros  
Erro “bobo” faz perder mais pontos  
Incapaz de virar um game  
Incapaz de virar um set  
Incapaz de virar o jogo  

Mais informações:
contato@suzanasilvapromocoes.com.br

Por Suzana Silva

Publicado em 27 de Julho de 2013 às 00:00


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Artigo publicado nesta revista