Instrução Formação
Não consegue relaxar durante a partida do seu garoto ou garota? Não fuja e faça algo de realmente produtivo
SE EU FOSSE COMENTARISTA de televisão com algum conhecimento de causa, já estaria mordendo a língua com todas as surpresas que aconteceram em Wimbledon, tanto em disputas masculinas como femininas.
Enfim, surpresas acontecem, como ter, além de Sabine Lisicki, a heterodoxa Marion Bartoli numa final de Grand Slam. Todas as minhas orientações em aula sobre rebater ao menos pelo lado dominante com uma mão, sobre sacar com movimento fluido, assinalam para a exceção. Mas toda regra não merece honrosas exceções? Assim diz o ditado.
Bartoli aprendeu a jogar com o pai, médico, em uma quadra com pouco recuo – por isso a maneira como entra com tudo na quadra e nas bolas. O pai abandonou a carreira médica para acompanhar a filha. Ele é um pai de tenista “intenso”, na linha do Sr. Williams, da Sra. Hingis etc. E põe intensidade nisso: brigas, idas e vindas, desencontros: a vida de um tenista vai com percalços e muitas aventuras para ser um dos melhores.
Cada dupla “tenista e pai de tenista” sabe onde o calo aperta. Até onde ir, quando recuar. Mas, pai é pai, mãe é mãe e, sinceramente, conheço poucos pais que são realmente “relax” quando o filho ou filha está na arena. Há uma energia extra em ação, uma vibração diferente, movida a amor, adrenalina, medo, orgulho. Como lidar com isso de maneira saudável é o desafio lançado por esta leitura.
Passear pelo clube onde acontece a disputa parece uma opção razoável e, no caso de clubes campestres, com campo de golfe à beira da represa, alamedas arborizadas, uma opção saudável e revigorante. Como seu filho entenderá a ausência? Descaso, desprezo, pouco envolvimento? Não sei...
Em dia de jogo de futebol, ficar no bar do clube ou academia tomando uma cervejinha e acompanhando as aventuras do time? Bem, não é má ideia sendo que seu time ou o time rival (aprendi com meu marido, torcedor fanático, que é comum, para os homens, assistir aos jogos dos times rivais para “secar”) estão em campo. E a filha? Abandonada?
Ah, tem um shopping ou outlet perto do local do jogo. Levam o irmão caçula para compensar a viagem longa justo na hora do embate. “Meus pais não dão bola para mim não...”, pensa a criança mais velha ao longo da partida.
Espera aí: não é preciso fugir de situações potencialmente estressantes como assistir ao jogo do filho. Há diversas maneiras de canalizar energia positivamente, sem interferir diretamente no jogo, sem falar a contagem, sem reclamar de bolas duvidosas, sem dar broncas, sem brigar com os pais do adversário. Ou seja: você pode assistir ao jogo de maneira elegante e pensando em criar um filho forte para enfrentar os desafios do jogo (da vida). Uma das alternativas é fazer uma análise do jogo ponto a ponto, usando tabelas ou programas para isso encontrados na internet.
Já usei diferentes tipos de tabelas para analisar os jogos dos meus pupilos, uma delas bem simples: listar todos os golpes do jogo numa coluna (todos, inclusive curtinhas, lobs, passadas, tanto de forehand quanto de backhand), erros na segunda coluna, totais na terceira, bolas vencedoras na quarta, totais na quinta e observações na sexta.
Dá para fazer a marcação do seu filho e do adversário ao mesmo tempo, o que pode ser útil para futuras partidas contra o mesmo jogador. Em inglês, o termo que resume essa “espionagem” dos adversários é scouting.
As informações que coletamos nesse tipo de observação atenta do jogo são muito úteis para, no momento que seu filho topar conversar, ter informações bem precisas sobre que bolas ele precisa desenvolver, e aquelas que se constituem seus pontos fortes. Esse tipo de informação, para os professores que raramente conseguem assistir aos torneios dos alunos, é preciosa também.
Você pode também criar tabelas que mostram aspectos mentais e emocionais do seu filho em cada partida, como na tabela sugerida. No caso, as informações também podem ser passadas para a criança em momento favorável, por você, pelo professor, ou pelo psicólogo esportivo que trabalha com a criança.
Na internet encontram-se vários programas para análise de partidas de tênis, alguns até compatíveis com aparelhos celulares. Basta colocar “tennis analysis software” e entrar nos links. Mesmo sem falar inglês, você verá como são surpreendentemente fáceis de usar.
IDEIA DE SCOUT DE ASPECTOS PSICOLÓGICOS |
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Aspectos mentais e emocionais positivos | Comportamento aconteceu quantas vezes? | |||
Ritual pré-saque | ||||
Ritual pré-devolução | ||||
Visualização | ||||
Comemorar o ponto | ||||
Aplaudir boa jogada adversária | ||||
Concentração | ||||
Respirar entre os pontos | ||||
Usar bem o tempo entre os pontos | ||||
Falar a contagem antes de sacar | ||||
Planejar ponto antes de sacar | ||||
Usar o tempo da virada de lado | ||||
Ativação antes do saque | ||||
Ativação antes da devolução | ||||
Manter olhos direcionados | ||||
Caminhada confiante | ||||
Postura confiante | ||||
Virar as costas após erro | ||||
Recuperação após erro “bobo” | ||||
Buscar desvantagem em game | ||||
Buscar desvantagem em set | ||||
Buscar desvantagem em jogo | ||||
Aspectos mentais e emocionais NEGATIVOS | Comportamento aconteceu quantas vezes? | |||
Não realiza ritual pré-saque | ||||
Não realiza ritual pré-devolução | ||||
Não imagina jogadas | ||||
Não comemora pontos | ||||
Visualização deficiente | ||||
Usa mal o tempo entre os pontos | ||||
Esquece contagem | ||||
Não planeja jogadas | ||||
Usa mal o tempo entre os games | ||||
Não ativa o corpo quando necessário | ||||
Olhar perdido | ||||
Caminhada derrotista | ||||
Postura de perdedor | ||||
Reclama dos seus erros | ||||
Erro “bobo” faz perder mais pontos | ||||
Incapaz de virar um game | ||||
Incapaz de virar um set | ||||
Incapaz de virar o jogo |
Mais informações:
contato@suzanasilvapromocoes.com.br
Publicado em 27 de Julho de 2013 às 00:00
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