O poder da mente

Quando os golpes não vencem os jogos, a mente deve assumir o comando


Você está em quadra contra um de seus rivais. Ele é o tipo de jogador que lhe vence na mesma proporção em que você o vence. Nesse dia, o plano A não está funcionando. O que você faz? Se quiser vencer mais partidas como essa, tem que se preocupar um pouco menos em vencer e um pouco mais em fazer seu oponente perder.

Vejo o plano B como a opção mental. Se você não puder vencer a partida com saques, forehands e backhands, você não tem escolha a não ser vencer com sua mente. Se seu oponente está muito bem nesse dia, canse-o e faça-o pior. Todos temos reservas limitadas de força de vontade, e só podemos suportar o estresse e nos concentrar por um tempo. A meta do plano B é levar seu adversário para o ponto de exaustão mental. Mesmo que no início você não veja sinais de fraqueza no oponente, quando a mente dele cansar e sua vontade se dissipar, o jogo dele parecerá pior.

Todo mundo, mesmo os campeões, eventualmente têm oscilações nesse sentido. Quando isso ocorre, um jogador perde intensidade e seus erros aumentam. Pequenos revezes o fazem perder controle emocional e aceleram sua desintegração. Jogadores normais ficam sem energia mental relativamente rápido. O truque é fazer com que a de seu oponente se esgote antes da sua.

Reconheça os momentos em que seu adversário está sob maior estresse e diminua a velocidade do jogo, para que ele fique assim o maior tempo possível. Um desses momentos é quando seu oponente está liderando o placar. Em jogos parelhos, a maioria dos tenistas sente mais pressão quando está liderando do que quando está perdendo. Deixe-o ficar nervoso. Seu oponente está com pressa de continuar e suspeita, corretamente, que quanto mais ficar na quadra, maiores as chances de algo dar errado.

Não estou sugerindo que você tome atitudes antiesportivas e fique amarrando o tênis a todo momento ou se enxugando na toalha. Apenas ganhe alguns segundos extras entre cada ponto, para poder se reagrupar e dar a seu adversário mais tempo para pensar. O tempo extra parecerá uma eternidade e impedirá que ele crie um "momentum" para si.

O plano B é especialmente importante quando você está jogando um game point ou um break-point. Aqui seu adversário está sob pressão para vencer o game. Mantenha-o aí. Se ele estiver sacando, evite devoluções arriscadas. Pense em quão feliz e aliviado você fica quando, no seu game point, ele exagera e erra logo na primeira bola. Não de a ele esse tipo de satisfação; force-o a jogar o ponto. Se você estiver sacando, tome cuidado para colocar seu primeiro saque em quadra. Sob pressão, seu oponente quer uma devolução fácil de segundo saque. Não dê isso a ele.

fotos: Ron C. Angle/TPL

Outra parte essencial do plano B é nunca dar a seu oponente um ponto ou um game fácil, não importa quão atrás no placar você esteja. Quando se está jogando em 0-40 num game ou 1/5 no set, você pode se sentir desanimado e jogar descuidadamente, com golpes de baixa porcentagem. Ao invés disso, force seu oponente a se concentrar e lutar para finalizar o game ou o set. Isso é mentalmente cansativo, o que faz parte do seu plano, e de vez em quando você vai conseguir virar placar. Você ainda instigará seu adversário a relaxar um pouco no começo do game ou set seguinte, pois ele poderá querer uma pausa depois de tanto estresse.

Todos queremos subjugar nossos adversários com aces, winners e voleios fantásticos, mas no tênis, como na vida, o ideal não é o padrão. Da próxima vez que estiver com problemas em quadra, tente o plano B ao invés de entrar em pânico e ir para o tudo ou nada. Você pode gostar tanto que isso pode até se tornar seu plano A.

From Tennis Magazine. Copyright 2011 by Miller Sports Group LLC. Distributed by Tribune Services

Allen Fox

Publicado em 28 de Fevereiro de 2011 às 07:35


Instrução - Mental

Artigo publicado nesta revista

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