Instrução Infanto-Juvenil

A equipe perfeita

Como deve ser composto o time ideal para auxiliar o jovem atleta e com o que eles devem se preocupar na transição dessa importante parceria


JOVENS QUE UM DIA SONHAM em se tornarem profissionais precisam estar sempre atentos, pois cada detalhe pode influenciar decisivamente em suas carreiras futuras. Dessa forma, listamos aqui alguns pontos para se preocupar durante o treinamento infanto-juvenil.

1- ESTAR CERCADO DE UMA BOA EQUIPE

Uma boa equipe precisa ter:

Treinador: é o responsável por coordenar o time. Para sua escolha, é necessário pensar no compromisso e na confiança com o jogador, sua atitude, formação e ter certa dose de experiência.

Preparador físico: uma palavra – atitude. A experiência na preparação física do tênis é fundamental. O fato de ter sido um bom preparador em outros esportes não garante sua eficácia com os tenistas, portanto ele deverá cumprir os objetivos que o treinador tem para o jogador em cada etapa.

Médico: é preciso ter experiência no tratamento de lesões associadas ao tênis, conhecimento da técnica do esporte e rápida disposição para qualquer problema físico.

Fisioterapeuta: requer disposição imediata, experiência em esportes de alto nível e boa comunicação com o treinador. O fisioterapeuta, às vezes, tem a tendência de invadir as áreas do preparador físico e médico, até do treinador, mas isso deve ser evitado em prol de uma melhor qualidade do trabalho em equipe.

Quando conseguimos formar um time com várias dessas características, há dois erros que não podem ocorrer:

  1. familiares que querem decidir os objetivos ou as formas de alcançá-los;
  2. a tendência de mudar a equipe ou parte dela caso o jogador não consiga corresponder, em curto prazo, às expectativas que os familiares estipulam. Nesse caso, é o treinador a melhor pessoa para tomar as decisões pelo time.

2 - TREINAR EM UM CENTRO ESPORTIVO ADEQUADO

O centro de treinamento, academia ou clube deve reunir as seguintes condições:

Instalações completas: o jogador e sua equipe devem ter à disposição o necessário para um bom treinamento integral, como quadras de diferentes superfícies onde se disputam torneios oficiais, academia e aparelhos para trabalhar a parte física, sala ou clínica de fisioterapia, sala de vídeo-análise etc.

Residência: é fundamental que o jogador more em um ambiente controlado e isso se consegue somente de duas formas:

  1. morando em casa com seus pais sempre cumprindo as tarefas normais de um esportista (alimentação, descanso e hábitos saudáveis);
  2. vivendo no alojamento de uma academia de tênis, onde também se cuidam desses aspectos.

Morar só em casas dentro de cidades ou em residências sem controle é caminho certo para o fracasso. A academia Equelite, por exemplo, reúne outro bom atributo: está localizada no campo, é bem tranquila e, além disso, outro ponto fundamental, é que a maior parte dos técnicos também vive ali, assim como acontece com os jogadores profissionais como Juan Carlos Ferrero e Nicolas Almagro. Outra atleta, Maria Teresa “Tita” Torró, no entanto, mora com sua família a cinco minutos da academia, mas o controle diário acontece em nossa própria instalação.

3 - DISPUTAR AS COMPETIÇÕES ADEQUADAS

Cada etapa na formação do jogador requer acompanhar uma série de competições. Se o técnico não for a esses torneios, a evolução do jogador não irá progredir adequadamente. Não podem existir limitações excessivas por causa de distância ou lugar de treinamento ou moradia. Dependendo do momento de formação, dever-se-ia jogar entre 18 e 28 torneios ao ano. Essas competições precisam trazer diferentes exigências para o atleta, desde torneios em que nas primeiras rodadas ele vá encontrar adversários superiores até os que, jogando-se bem, pode vencê-los. Na sua programação, ele também terá disputas internacionais das quais participarão os melhores jogadores de sua idade. O treinador deveria acompanhá-lo, ao menos, em 80% dos torneios e, no resto, se não puder, o jogador teria que viajar com alguém da equipe.

4 - FORMAÇÃO INTEGRAL DO JOGADOR

É muito importante que o plano da formação pessoal do jovem seja compatível com sua evolução como tenista. Mas se for decidido que vale a pena apostar ser um tenista, pois foi observado qualidades suficientes e máxima capacidade de trabalho, o plano de formação deve adaptar-se ao plano de tênis, apesar de a equipe técnica colaborar ao máximo também na formação cultural e pessoal do jovem. Nesse sentido, os centros de treinamento que facilitam a integração do trabalho de tênis com os estudos são os mais adequados.

Para finalizar, vale ressaltar que é o trabalho e o esforço diário que, assim como nossas qualidades, levam-nos para frente. Mas também é importante que o time mantenha o jogador com os pés no chão, sendo bom adotar certa dose de humildade.

Antonio Martínez Cascales é fundador e diretor geral da academia Equelite, na Espanha. Foi treinador de Juan Carlos Ferrero.

Por Antonio Martínez Cascales

Publicado em 23 de Agosto de 2013 às 00:00


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