Colosso argentino

Compreenda a técnica dos principais golpes de Juan Martin del Potro


ALTO, FORTE E COM GOLPES LIMPOS. Isso é tudo com que um tenista sonha ser e Juan Martin del Potro tem. O argentino de 1,98 metro e força descomunal é um dos tenistas mais temidos do circuito, pois é capaz de destroçar os adversários com seu saque poderoso seguido de seus golpes de base devastadores. Trocar bolas com ele no fundo de quadra é tarefa para poucos. Durante o US Open 2012, a Revista TÊNIS resolveu analisar alguns dos principais golpes do top 10, como o saque, o forehand inside-out e o backhand.

SAQUE DA TORRE DE TANDIL

Del Potro é conhecido como "Torre de Tandil", cidade onde nasceu. A altura ajuda muito na desenvoltura de seu saque. Também devido ao tamanho, o argentino possui um movimento amplo. Ele começa com as pernas bem separadas e peso na frente, que logo será transferido para trás (e novamente para frente para ter o impacto). Repare no lançamento (toss) - sempre com o braço totalmente esticado - bem à frente do corpo, entrando na quadra e também muito alto (vale lembrar que um toss exageradamente alto gera problema em dias de vento). Dessa forma, quando ele junta as pernas, trazendo a inércia para frente e para cima, já está com o corpo bastante projetado sobre a linha (sem pisar nela contudo, o que seria um foot-fault). O impacto será bem à frente e muito alto, aproveitando o que Del Potro tem de melhor, que é sua força e altura. Com isso, note que ele vai terminar o movimento aterrissando muito dentro da quadra. Assim, caso a devolução não seja das melhores, ele já está pronto para dominar a segunda bola.

FOREHAND INSIDE-OUT

Um dos golpes que as escolas espanholas e argentinas de tênis mais prezam é o forehand inside-out (batido de dentro para fora). Ele serve para que o tenista assuma uma postura de ataque em uma troca de bolas do fundo de quadra. Na maioria das vezes, é usado para definir o ponto, seja com um winner, seja com uma bola que vai abrir a quadra e lhe dar a opção de encerrar a jogada prontamente com mais um ou dois golpes de ataque. E Del Potro sabe aproveitar sua envergadura e sua força como ninguém para executar esse golpe. Assim que percebe uma bola um pouco mais lenta e que foi batida não tanto para o canto da quadra, dando-lhe, dessa forma, a opção de fugir do backhand (que é um golpe poderoso), ele dá dois passos para o lado e já arma o forehand - antes mesmo de aterrissar no chão para formar sua base. Quando tem total domínio da jogada e está recebendo uma bola fraca, Del Potro costuma fazer uma preparação muito longa (seu swing é muito rápido). Nesse caso, contudo, ele faz uma preparação um pouco menor. Com a base montada e já equilibrado, ele começa a transferir o peso de trás para frente para atacar a bola, alcançando-a bem na frente, com o braço esticado, sem deixar que ela entre demasiadamente na direção do corpo. Isso graças também à preparação um pouco mais curta do que o convencional.

Repare que sua preparação foi boa e que ele realmente entra no golpe, chegando até a saltar em direção à bola, tamanha a força que conseguiu gerar. Dessa forma, fica pronto para a jogada seguinte, caso o adversário não consiga uma boa resposta e a bola fique mais curta.

BACKHAND CRUZADO

O forehand inegavelmente é o melhor golpe de Del Potro. O argentino é capaz de dominar qualquer rival que se atreva a tentar trocar forehands com ele em um rali. Ainda assim, o tenista possui um backhand de respeito, que chega a ser tão potente quanto seu forehand.

Uma das coisas mais notáveis nesse backhand de Del Potro é a forma como ele empunha a raquete. Enquanto a bola se aproxima, a raquete está vertical e suas mãos são tão grandes que ele quase precisa usar o começo da base do aro da raquete para segurar com as duas mãos. Também é preciso reparar que sua preparação para o backhand é muito mais curta do que para o forehand. Aqui, ele basicamente está em uma troca de bolas de fundo de quadra e quer mudar a direção dela, que está vindo no meio e deve ir para a cruzada. Dessa forma, o que ele faz nada mais é do que dar "um tapa" na bola, sem muito spin, apenas levando o corpo em sua direção e movendo a cabeça da raquete.

O resultado é um golpe limpo que, apesar de simples, ele não descuida e usa todo o corpo, com pernas e tronco indo em direção ao alvo para gerar potência.

Juan Martin del Potro sabe usar sua envergadura para ganhar potência e amplitude nos golpes

Arnaldo Grizzo

Publicado em 17 de Outubro de 2012 às 13:49


Técnica/Drills

Artigo publicado nesta revista

Arma mortal de Del Potro

Revista TÊNIS 109 · Novembro/2012 · Arma mortal de Del Potro