Aprendendo a sacar com exercícios

Neste oitavo artigo sobre tênis infanto-juvenil, a professora Suzana Silva dá dicas de jogos para que as crianças aprendam a sacar mais facilmente


VOCÊ JÁ PODE TER LIDO em algum lugar que um tenista é tão bom quanto seu segundo saque. Em um ponto decisivo, o bom sacador possui confiança necessária para soltar o braço no primeiro saque, pois sabe que o segundo, com bastante efeito e soltura também, vai dar conta do recado.

O saque é o golpe mais importante do jogo de tênis. Com ele, o tenista pode iniciar o ataque de cara ou, caso não tenha este fundamento bem desenvolvido, ser vitimado por uma resposta de saque avassaladora. Ainda assim, muitos tenistas não dedicam tempo adequado para aprendê-lo e aperfeiçoá-lo.

Antigamente o ensino do saque era feito por partes (Método Analítico). Hoje já se sabe que o movimento completo (Método Global) deve ser estimulado desde o princípio. Se quiser praticar algum ponto específico do saque (a pronação ou o lançamento, por exemplo), não deixe de voltar ao golpe completo na mesma aula ou sessão de treino.

Para começar, algumas informações importantes:

1. Como você já aprendeu no artigo anterior (edição 47), a habilidade de arremessar uma bola dá origem à habilidade de rebatê-la por cima da cabeça. Brincar de arremessar bolas (jogando handebol, queimada, ou futebol americano) e dardos (aquele do atletismo) é altamente recomendável.

2. O lançamento da bola para cima (toss, em Inglês) é a outra habilidade componente do saque. E brincar de malabarismos com bola usando as duas mãos - sem raquete - também é aconselhável.

3. A coordenação entre os dois braços deve ser estimulada desde o princípio, pois os dois movimentos estão intimamente relacionados. Não dá para separá- los. O ensino da empunhadura (Continental) pode ser realizado de maneira gradual.

4. Organizar atividades onde os praticantes trabalham em duplas é extremamente útil em todos os níveis: enquanto um arremessa, o outro recebe a bola; enquanto um saca, o outro pratica a resposta de saque.

VAMOS AOS

JOGOS! 5, 6, 7 anos: várias crianças podem brincar juntas em um grande circuito de "bola ao alvo" (arremessando bolas de tênis em arcos presos na cerca da quadra), "basquetebol maluco" (fazendo cestas de baixo para cima, lançando bolas de tênis em aros simples ou de basquete), "bolabola" (arremessando uma bola em outra, que é lançada pela própria criança, imitando o movimento do saque completo), "saque prá valer" (sacando com a raquete por cima da rede) etc.

FACILITANDO: comece cada estação com desafios possíveis e vá aumentando a distância, altura dos alvos, distância da rede para sacar, etc. Marque cada estação por tempo, sem valer pontos.

DIFICULTANDO: além de aumentar as distâncias, cada estação pode marcar pontos por tarefa cumprida (número de bolas arremessadas dento do arco, número de bolas lançadas de baixo para cima na cesta, número de bolas arremessadas uma na outra, número de saques por cima da rede, e assim por diante), preferencialmente por equipes.

DICA: tarefas em circuito podem não pegar na primeira tentativa, pois se perde certo tempo para explicar cada estação. Você pode dar uma tarefa/desafio por aula antes de reuni-las em um circuito.

#Q#

8, 9, 10 anos: um jogo campeão para estimular a pronação do arremesso por cima da cabeça é o tênis-rugby, que usa a sen-sa-cio-nal bola de futebol americano. Divida a classe em equipes de mesmo número, coloque cada time em um dos lados da quadra de tênis, disputando um game, com revanche, usando esta bola - obviamente sem raquete.

FACILITANDO: com apenas dois competidores, use apenas a área de um quadrado de saque de cada lado.

DIFICULTANDO: aumentar a área do jogo. Com equipes grandes, estabelecer um rodízio de posições para que todos tenham oportunidade de iniciar o ponto com um arremesso.

DICA: esta bola requer um pouco de prática antes de jogos deste tipo. Treine o arremesso com a bola de rugby primeiramente em duplas, em distâncias menores, para que todos pratiquem bem os atos de arremessar e receber. Nos bons arremessos, a bola vai "certinha", com uma das pontas na direção pretendida.

10, 11, 12 anos: a criança já deve conseguir controlar direção e profundidade em seus saques. Aprender a sacar o segundo também é importante, já pensando que ela deve completar seu aprendizado técnico por volta dos 12, 13 anos. Dependendo da habilidade de saque que você precisa trabalhar com a criança, pode-se colocar alvos no quadrado de serviço, que valem pontos "bônus" ao longo da partida. Exemplos: marque com fita crepe ou desenhe uma linha no saibro, paralela e distante um palmo para dentro do quadrado de saque (para treinar profundidade); coloque duas tampinhas de tubos de bolas delimitando "gols" no canto esquerdo ou direito do quadrado de saque (para praticar direção); amarre um elástico de um lado a outro acima da rede (para treinar efeito e altura). Se durante a partida os jogadores acertarem os alvos, marcam o ponto "bônus".

FACILITANDO: use áreas maiores para os alvos, coloque o elástico mais perto da altura da rede.

DIFICULTANDO: diminua a área alvo, aumente a altura do elástico, dê apenas uma chance para cada jogador sacar.

DICA: a esta altura, você deve ter percebido que qualquer drill pode virar um jogo!

13 anos em diante: jogar várias partidas curtas. Por exemplo, tie-breaks até sete pontos, com apenas uma bola para sacar, estimulam o jovem a se acostumar com a emoção de sacar bem nos pontos importantes. Ah, e não dá para sacar bem sem praticar... O norte-americano Pete Sampras sacava com alvos cerca de 100 bolas por dia. Os dividendos apareceram: ele era capaz de sair do 0/40 com três aces, realizando um movimento simples de saque, sem "cacoetes" desnecessários. Federer segue a mesma trilha. Sacar é um movimento que só depende de você e dominar este fundamento é irado! Pratique hoje mesmo.

Suzana Silva desenvolveu a linha de Raquetes"EZ Wilson" e é diretorada Tote Esporte com Arte. tote@tote.com.br
Suzana Silva

Publicado em 1 de Agosto de 2007 às 13:29


Juvenil/Capacitação

Artigo publicado nesta revista