Johnny Mac cinquentão!

John McEnroe, envelhecendo graciosamente? Esqueça! Ele não tem mais os encaracolados cabelos rebeldes, mas continua amando uma batalha


Ron C. Angle/TPL

JOHN MCENROE começou a sua trajetória no tênis endiabrado e a terminou como um grande ícone. Após todos esses anos - desde fevereiro se tornou um encantador senhor cinquentenário - ele continiou a jogar tênis em um nível extraordinário. O editor sênior da TENNIS, Peter Bodo, passou algumas horas com ele em julho, em um dia em que McEnroe estava gravando um anúncio publicitário para a Glaxo Smithkline - a gigante do mundo farmacêutico que o escolheu para ser o porta-voz de uma campanha de conscientização sobre a saúde da próstata. Em uma conversa abrangente, McEnroe falou sobre a alegria e os perigos da paternidade, sua opinião sobre o tênis profissional atual e sobre os desafios de fazer 50 anos e continuar com uma vida ativa, temperada com a alegria de seguir competindo.

Você completou 50 anos em fevereiro e segue como um embaixador do tênis, enquanto continua competindo em alto nível. Qual é o seu segredo?
Nenhum segredo, realmente. Tive muita sorte pela maneira como fui ensinado e até certo ponto pelos meus movimentos e estilo naturais. Isso me ajudou a não ser tão duro com o meu corpo, apesar de ser muito difícil de parar de jogar. Meu estilo também se adequou à minha personalidade, então nunca lutei muito contra mim mesmo, apesar de meu estilo estar ultrapassado atualmente. Por exemplo, meu estilo natural, e o que me foi ensinado, era de usar backswings (preparações) curtos. Não queria nem precisava usar grandes backswings como os caras fazem hoje em dia. No meu auge, gostava de jogar contra garotos como estes porque poderia usar a força deles, o que me ajudaria a gerar potência e ritmo nos golpes, enquanto me movia para a frente. Fazia total sentido. Agora as quadras são mais lentas, os rapazes mais altos, o quique da bola é maior e a tecnologia das raquetes e cordas mudaram um pouco o jogo também. Então, é diferente. Mas posso fazer uma relação com a maneira com que Roger (Federer) parece flutuar pela quadra; ele não castiga seu corpo como nadal faz. Não acredito que fui muito duro com meu corpo. Mas, para ser honesto, com o passar do tempo, às vezes pensei que poderia continuar jogando com esses caras que estão no topo, mas depois tem aquele ritmo intenso, quando você se vê lá, meu santo! uma batida e você já era. Joguei com (James) Blake em uma exibição há pouco tempo e depois do jogo senti um retrocesso. Fiquei dolorido por uma semana. Mas contra jogadores seniores, meu estilo é uma espécie de trunfo.

fotos: Ron C. Angle/TPL

Esse fogo competitivo continua queimando em você, enquanto que alguns profissionais que ainda estão no auge já estão cansados disso. De onde vem toda essa energia?
Penso que isso está no meu sangue. Da mesma forma, as coisas mudaram muito rapidamente quando tive filhos e tive que fazer um pouco de "malabarismo". Não queria ser um péssimo pai e marido, então nunca deixei isso me pressionar, tentando fazer disso algo a mais. Estar casado complicava as coisas a ponto de não ter certeza de que poderia lidar com isso. Mas não me desgastei muito, também. Então, enquanto ficava mais velho, ainda continuava a ter prazer em jogar, ou mesmo me exercitando. Então, a parte competitiva continua lá, mas, ao longo do tempo, também percebi mais claramente que isto é um entretenimento, e eu não precisava ir à loucura quando perdesse. Continuo ficando maluco, mas consigo superar isso. E ver as coisas positivas que vinham do fato de jogar me fez pensar: "Espere um segundo, compare com um monte de outras pessoas, este é um tênis muito bom". Mas admito, às vezes pergunto: "Por que diabos ainda continuo fazendo isso?".

Você bateu bola com Rafael Nadal para aquecê-lo para a semifinal de Wimbledon no ano passado. Não são muitos comentaristas que poderiam ter essa chance. Você gostou disso?
Foi engraçado. Ele foi gente boa o suficiente para fazer isso. Mas logo que começamos, pensei: "Meu Deus, este spin realmente está chegando muito pesado". Foi legal estar perto o suficiente do jogo e perceber que continuo jogando boas bolas e que um cara como ele não sentiu que estava perdendo seu tempo comigo, o que me ajudou bastante. Jogando, posso ver o quanto é difícil o jogo hoje. Você perde isso de vista facilmente quando está na cabine de comentarista. Você pensa: "Bem, esse cara deve fazer isso, ou aquilo...". É muito fácil se tornar um "carona", então é bom sair lá fora e fazer isso.

Quais ajustes e concessões você teve que fazer conforme foi ficando mais velho?
Bem, a chave para o meu sucesso foi aquele primeiro passo, ir da defesa para o ataque, colocando pressão. No meu auge, bateria aquele voleio exatamente no splitstep e meu oponente talvez pensasse que não poderia fazer, ou que não poderia fazer muita coisa com ele. Mas eu não só chegava lá, podia feri-lo com alguma coisa, colocando-o na defensiva. Não consigo mais fazer isso tantas vezes. Então, no meu primeiro serviço, vou para algo mais. Na verdade, consigo sacar forte como nunca fiz, mas agora não tenho muita certeza para onde a bola está indo [risos]. É um pouco verdade. No meu segundo saque, costumava ser mais agressivo, confiando na minha velocidade. Não consigo mais fazer isso tantas vezes. Onde costumava lidar com as tentativas de passadas - agora que perdi essas rapidez de passos mais curtos de ajuste -, de repente as bolas de (Jim) Courier ou (Pete) Sampras estão indo muito rápidas. É como se começasse a me mover para frente, mas meu corpo não estivesse indo a nenhum lugar ainda. Mas agora trabalho as bolas e os pontos um pouco mais, especialmente no meu segundo saque. Ou tento trazer o outro cara para frente. Tive que aprender a não ir atrás do golpe vencedor o tempo todo, mas escolher e reconhecer as minhas chances. Antes eu sentia - e isso é uma realidade no jogo de hoje, acho - que se começasse a trocar bolas de fundo com um (Bjorn) Borg, (Ivan) Lendl ou (Jimmy) Connors, e deixá-los bater seis, sete bolas da base, me colocando de um lado para o outro, quando eu ia para a frente, estava na posição que eles desejavam que estivesse e não em uma posição desconfortável para eles. Quando ia à rede logo, enviava a mensagem: "Estou chegando, você querendo ou não!". O valor disso é esquecido hoje. Assistindo esses caras de hoje, continuo pensando que se Sampras ainda estivesse lá, ele continuaria conduzindo esses bananas. Na minha opinião, ele continua sendo o melhor jogador de quadras rápidas que já existiu. Onde, hoje, Roger é o melhor, ponto.

#Q#

Melhor do que o seu ídolo de infância, Rod Laver?
Sinto-me um pouco culpado por deixar Rod de fora. Continuo idolatrando-o. É um homem maravilhoso e sempre que tento tirar dele algo negativo sobre alguém, ele nunca o faz. Odeio ter que concordar com Lendl, mas ele definiu bem isso quando falou que você tem que apontar Laver como o melhor na pré-Era Aberta, mas na Era Aberta já seria outra pessoa. Eu aponto Roger, embora em um determinado dia, em uma quadra rápida, escolheria Pete. Ele simplesmente lhe espancava até a morte. Em termos de beleza pura, os melhores são Rod e Roger. Estes são os dois caras que você imitaria, se conseguisse. Mas, ao mesmo tempo, não me importo o quão bonito um cara joga, Pete passaria por cima.

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Estilo de John McEnroe é lembrado e copiado

O tênis é muito mais divertido para você agora?
Bem, é fácil ir a grandes eventos. Tenho alguns pesadelos todo ano em Roland Garros (onde McEnroe teve um retrospecto desastroso durante a carreira, perdendo para Lendl na final de 1984 após estar liderando a partida por 2 sets a 0). Em Wimbledon continuo me sentindo um pouco parte dele. É muito fácil agora apreciar o que esses eventos significam para nosso esporte por que não fico estressado com a forma como vou jogar. Continuo pensando que deveria ter aproveitado e curtido mais isto quando estava no ápice do meu jogo. Então, é muito mais fácil, apesar de ter orgulho de tentar fazer sempre o melhor dentro de quadra, na cabine e no meu papel como uma figura importante no tênis. Tudo isso exige um certo nível de profissionalismo e intensidade, além de muito entusiasmo. Continuo me sentindo nervoso jogando nos eventos de veteranos. Participo esperando jogar bem diante das pessoas, mesmo se a plateia for pequena. Não quero fazer feio.

Você entende melhor o jogo agora?
É engraçado, acho que o entendi muito bem quando era jovem. Acho que foi isso que me diferenciou dos outros garotos. Assistindo os garotos de hoje, sempre penso: "O que faria aqui, devido ao meu estilo de jogo?". A coisa a se lembrar é que um jogador sempre quer fazer o que faz melhor e forçar o adversário a se adaptar a isso. Geralmente, os caras estão jogando com um estilo parecido hoje, em parte graças à homogeneização das quadras e do jogo em geral. Você joga da mesma forma no saibro e na grama, o que antes era algo inédito. Digo, (Robin) Soderling foi para Wimbledon jogando da mesma maneira com que jogou em Roland Garros. Roger está jogando da mesma maneira, também. Se você tivesse um cara como Pete ali, a história seria diferente. Alguns desses garotos estariam coçando suas cabeças: "O que está acontecendo aqui?". O ponto é, Roger não teve que mudar nada. Ele sacou e voleou em 10 ou 15% do tempo em cinco, seis anos em Wimbledon. Se ele venceu cinco finais e perdeu a sexta, é difícil argumentar contra esse tipo de sucesso. Lendl (que nunca venceu Wimbledon) provavelmente está arrancando seus cabelos, porque ele jogaria melhor com esses caras, apesar de que seria provavelmente mais sábio para ele sacar e volear, como ele fez naquela época. Mas a homogeneização ajudou o jogo dos homens, pelo menos em termos de diversão para o público. Eles não têm que ver apenas garotos sacando foguetes uns contra os outros.

fotos: Ron C. angle/TpL

Você era famoso por sua postura despreocupada no que diz respeito à nutrição, e agora é um ícone de boa forma. Você faz alguma dieta?
Nunca foi do jeito que deveria ser. Não sou o cara mais em forma, mas estou sempre em forma. Dieta? Nadal come açúcar às vezes, mas ele queima tudo porque trabalha muito duro. Em alguns daqueles casos, como quando disse que era adepto da dieta do Häagen-Dazs, estava só querendo irritar Lendl, que era um fanático por preparação física. Não faço dieta, (mas) tomo cuidado com o que como. Às vezes, na cabine, tomo muito café. Você quer estar ligado, não dormindo no quinto set de uma grande partida após nove horas comentando. Então, tomo café, ou como M&Ms, ou qualquer coisa. Como sobremesa, como o que gosto, meu metabolismo é rápido, processo a comida facilmente e faço exercícios regularmente. Não é que como só brócolis e frango, gosto de carne vermelha. Talvez seja parte da minha natureza competitiva - como os leões ou coisa do gênero [risos]. Assim é meu dia-a-dia. Não vou ficar: "Oh, meu Deus!", se eu tomar duas cervejinhas. Não sou um bebedor de vinho, mas ocasionalmente gosto de uma dose de tequila. Em parte, a razão de a GlaxoSmithKline ter me contratado para promover os cuidados com a saúde da próstata é o fato de eu gostar de me cuidar, embora não excessivamente.

Então, quando foi que você comeu batatas fritas e cheeseburguer pela última vez?
Não faz tanto tempo. Mas não como junk food com frequência. Certa vez, no Aberto da França, estava atrasado e pedi um cheeseburguer ao serviço de quarto, mas lembrem-se: Estava na França, então o sanduíche não era como um cheeseburguer normal.

Seu pai, John P. McEnroe, lutou e venceu um câncer de próstata. Isso o ajudou a se tornar uma pessoa mais engajada?
Definitivamente. Não pirei quando meu pai teve câncer, pelo menos não no sentido de começar a me preocupar comigo mesmo. Não fiz a conexão comigo mesmo. Mas, com o tempo, isso começou a me afetar de maneira profunda. De repente, me veio o alerta de que estava vivendo minha vida, feliz com minha família, então porque não estar atento a uma ameaça dessas - um em cada seis homens tem câncer de próstata -, antes que o problema viesse? Foi bom estar no topo dessa questão. É melhor prevenir do que remediar.

Como são suas atividades físicas?
Vou à academia três vezes por semana. Comecei depois de perder uma exibição para o Boris (Becker) há uns seis ou sete anos. Estava bem, mas ele me venceu e estava me sentindo inchado e rígido. Simplesmente senti que não dava. Então, disse: "Tenho que mudar isso, ir à academia e ficar mais forte e mais magro". Corro de casa até a academia, monto na bicicleta ergométrica e pedalo por 15 ou 20 minutos. Dou alguns piques e depois trabalho movimentação lateral, então faço mais 30 minutos de bicicleta seguidos de agachamentos e trabalhos com pesos. Em Malibu (onde McEnroe tem uma casa), pedalo nas colinas. Gosto de chegar ao oceano. Fazia ioga, mas me sentia mais duro depois da sessão do que antes, especialmente numa aula cheia de pessoas tão flexíveis. Abandonei, principalmente por que não via como aquilo estava ajudando meu tênis.

#Q#

Como sua família encara o fato de você ainda jogar?
Meu pai quer que eu volte (ao circuito profissional) [risos]. É uma boa pergunta e uma resposta difícil. Meus filhos não vêem problemas. Tento não ficar longe de casa por muito tempo. Poderia ser diferente se ficasse mais tempo fora, mas o pior período é o aberto da França. Depois disso, as crianças estão acampadas ou muito ocupadas. Viajar também me faz apreciar o tênis - é muito mais fácil que criar crianças. E ganho muita energia ao sentir saudades deles. Fico pensando: "Vou ser um bom pai quando voltar para casa".

E como sua mulher, a cantora Patty Smyth, lida com isso? Ela já quis que você pendurasse a raquete?
Ela me apóia bastante, mas de vez em quando ela vai dizer algo como: "Deus, você ficou com a moleza. Vamos lembrar quem é que tem o trabalho duro por aqui? [risos]".

Você pratica esportes com as crianças?
Sim, tênis, por exemplo? isso não está bem definido. É mais ou menos assim - chego lá e eles ficam meio que dizendo: "Pai, você não sabe nada sobre de tênis!". Ou: "o que é que você sabe?". Acho difícil me conectar com eles, é complicado fazer isso com seus próprios filhos. Mas também é diferente, porque, com seus filhos, ou mesmo com jogadores em geral, o segredo do sucesso do treinamento se dá quando eles não pensam como você. Sempre achei que eles deveriam pensar como eu, e eles sempre dizem: "Não é desse jeito que a gente têm que pensar". E eu fico: "Vocês têm que fazer exatamente como eu digo". Trabalhei brevemente com alguns tenistas bem ranqueados, como Becker, sergi Bruguera, Mark philippoussis. E sentia como se eles não ouvissem uma palavra do que dizia. Isso me fazia pensar se não deveria estar trabalhando com crianças de 15 anos, que provavelmente diriam: "Quem você disse que era mesmo?". Por muito tempo quis ter a oportunidade de tocar uma academia, e ainda quero. Talvez isso aconteça um dia, em algum lugar.

Seus seis filhos estão grandes o bastante para se conscientizarem do que você alcançou no tênis. Eles estão impressionados?
Tenho quatro filhos que têm 18 anos ou mais, incluindo uma filha adotiva que conheci quando ela tinha nove anos, que é exatamente o oposto do que sou. Ela é uma leitora fervorosa de shakespeare, não é atlética e nunca gostou de esportes. O segredo é como ser um pai bem sucedido quando seus filhos não são como você. Porque você não pode achar que eles serão.

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O irmão, Patrick, também foi tenista profissional

Você "pirou" quando completou aquela idade "mágica", 50 anos?
Honestamente, tive dois meses complicados. Achava que isso soava velho. Não parecia bom para mim. Não quis ficar deprimido, porque não sou desse tipo. Mas fiquei um pouco triste. Aí a patty tinha uma apresentação em Los angeles e teve que sair no dia do meu aniversário. Ela disse: "Não vou te dar uma festa, você não me deu uma quando fiz 50". Bem, o aniversário dela é durante Wimbledon. Sei que isso não é desculpa, enfim, pensei: "Ótimo, não queria uma festa mesmo, só queria que isso terminasse logo". E, no fim de semana anterior ao meu aniversário, joguei em Boston, e joguei uma partida muito boa com o pete (sampras), apesar de ter perdido. Senti-me melhor após o jogo, e pensei: "Posso aceitar isso". E depois, alguns dias após meu aniversário, a patty me preparou uma festa surpresa, que foi ótima. Foi em um cabaré no soHo (bairro de nova York), então tive quer ver aquelas moças ali, quase nuas. E pensava: "Uau patty, nós fomos longe!".

Que conselho você daria para alguém que está fazendo 50 anos e ainda quer ser ativo e competitivo?
isso é só porque consegui certa maturidade ao longo dos anos, mas diria, perceba suas limitações. Não se cobre tanto. Fique o melhor preparado possível fisicamente. E então você pode aumentar o ritmo se quiser, mas aproveite o momento e lembre-se que fazer isso é bom somente pelo fato de você estar fazendo. Seja cauteloso, porque se você for para fora de sua zona de conforto, isso pode se tornar muito negativo. Você tem que ser realista.

fotos: Ron C. Angle/TPL

 

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McEnroe à vontade em Wimbledon

Em termos de lesões sérias, você tem uma vida bem calma.
Tive tendinite no cotovelo na maior parte de 2008. Um pouco disso foi causado pela minha empunhadura. Fui fazer ressonância magnética na França, expliquei meu problema e o médico me olhou e perguntou quantos anos eu tinha. Quando disse que tinha 49, ele falou: "O que você esperava?". Na medida em que se fica velho, você nunca se sente como se ainda estivesse à frente do jogo. O segredo é não ficar para trás demasiadamente. Por isso que dei o meu apoio à iniciativa ao exame de próstata. Quanto mais cedo é a intervenção, mais fácil é a cura.

Você continuaria a jogar torneios seniores se não chegasse às finais regularmente?
Comecei a me perguntar a mesma coisa há um ano. Sinceramente, quase parei. Ganhei três torneios, mas, no saibro, não consigo mais jogar. Alguns tenistas, como o Henri Leconte, realmente conseguem jogar. Parte de mim se pergunta: "Por que você se importa?". Mas a conclusão é que tenho que escolher se vou aproveitar isso ou não. Joguei um evento nas Ilhas Cayman no ano passado, e as condições eram brutais - uma quadra terrível e um vento ininterrupto. Pensei: "Não consigo imaginar uma situação que gostaria de estar menos do que aqui!". Alguns anos atrás, fui à Barcelona e treinei no saibro com Jordi Arrese. Ele tinha uns 40 anos e me deixou em pedaços, quebrado, e aí disse: "Saibro nunca mais!".

O tênis teria menos significado se você tivesse que pendurar a raquete?
Acho que não. Mas sinto como se tivesse que jogar, embora saiba que não vou mais poder daqui a algum tempo. Gostaria de fazer algum negócio de boa vontade com o Bjorn (Borg), e ainda tenho aquela esperança de ter uma academia. Poderia ser como o Harry Hopman (treinador australiano que trabalhou com McEnroe quando ele era adolescente), bater umas bolas, dar alguns drills de voleio na rede rapidamente e ter algumas crianças dizendo: "Uau, esse cara é incrível, ele tem 70, ou 65 anos, e continua tendo mãos ágeis!". Não culpo os jogadores que tentam continuar jogando sempre. É sempre bom ter alguma coisa para te manter ativo.

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Peter Bodo

Publicado em 30 de Setembro de 2009 às 07:51


Perfil/Entrevista

Artigo publicado nesta revista