Formação
O aumento do movimento do tênis nas escolas e os benefícios da prática para as crianças
O TÊNIS FOI UM DOS ESPORTES que, historicamente, mais demorou para assimilar o conhecimento científico produzido pelas Universidades de Educação Física e Esporte no que diz respeito aos processos de ensino e aprendizagem. Vôlei, basquete, handebol, judô e natação começaram bem antes e, portanto, não é coincidência que no Brasil tenhamos mais medalhistas nessas modalidades.
No final dos anos 1970 e início dos 1980, tenistas da Europa como Ivan Lendl, Martina Navratilova, Bjorn Borg, Boris Becker e muitos outros, mostraram que o conhecimento para a formação de atletas olímpicos - principalmente de fisiologia do exercício e psicologia do esporte - já estava sendo aplicado no tênis por lá, dando frutos incontestáveis.
A década passada foi o momento da revolução pedagógica no mundo do tênis. Desde 1996, os treinadores Miguel Crespo e David Miley trabalharam para elaborar o Manual para Treinadores da Federação Internacional de Tênis (ITF) lançado em 1999. Mas foi em 2008 que o sistema Play and Stay (Jogue e Fique) foi divulgado ao mundo pela mesma ITF, e o ensino do tênis nunca mais foi o mesmo.
As bolas lentas, usadas nas quadras de tamanho proporcional - já exaustivamente defendidas aqui para a iniciação de tenistas de todas as idades - revolucionaram a maneira como o professor pode usar os espaços e criar situações cooperativas e competitivas com seus alunos. Sem filas, e com muita interatividade, mais pessoas podem aprender o jogo de tênis ao mesmo tempo.
Paralelamente ao aumento de práticas pedagógicas e de materiais alternativos para o aprendizado, as quadras públicas em nosso país não foram construídas, ainda - continuo mantendo a fé de que um dia, assim como François Mitterrand fez na França, algum político de boa vontade mande construir 10 mil quadras públicas no País, ou pelo menos solte um decreto exigindo que as linhas da quadra de tênis sejam pintadas nas quadras poliesportivas públicas brasileiras.
Em cidades de alta especulação imobiliária como São Paulo, as quadras de tênis particulares estão sendo demolidas uma a uma, dando lugar a mais alguma caixa de vidro onde pessoas trabalham à frente de computadores com ar condicionado. Pelo Brasil afora, o número de quadras particulares e públicas é ainda menor. E as crianças que não possuem condições financeiras para entrar num clube ou academia aprenderão tênis onde, onde?
Sim, o primeiro contato com a modalidade pode ser feito nas escolas de ensino fundamental e médio, sim senhor. Isso já tem sido feito há décadas, com programas que ora ganham, ora perdem apoio do governo, e que se mantiveram de pé graças ao trabalho de alguns professores obstinados. Mas agora esse primeiro contato pode ser ainda mais motivante, pois com o material adequado e práticas pedagógicas modernas, a criança golpeia a bola mais vezes, sem enfrentar filas, e compreende a tática básica do jogo desde a primeira aula.
A boa notícia é que temos bons ventos soprando da Confederação Brasileira de Tênis, levando adiante o Projeto Tênis nas Escolas, que ministra Jornadas de capacitação na qual professores de Educação Física, interessados na modalidade, aprendem a conduzir atividades para o aprendizado dos golpes básicos do tênis, organizam eventos interescolares e estimulam a troca de ideias para a organização de programas para o fomento do tênis escolar no país. O projeto também incentiva que academias próximas às escolas (chamadas de "células receptoras") recebam, com preços promocionais, as crianças que queiram evoluir no esporte e que já precisem jogar em quadras de tamanho oficial.
As empresas especializadas em tênis escolar na cidade de São Paulo não param de crescer, pois a demanda está aumentando. O intercâmbio de ideias entre essas empresas também tem sido intensificado, pois todos sentem que precisam remar na mesma direção: o desenvolvimento do esporte, em um ambiente educativo e formativo.
Aos pais cujos filhos aprendem tênis no âmbito escolar, a mensagem é de participação e atenção. Os programas de tênis escolar possuem necessariamente um alinhamento com as práticas pedagógicas da escola, e os objetivos formativos são muito valorizados, tanto quanto os objetivos de conteúdo técnico/tático. Todos os valores tão caros ao nosso esporte - respeito às regras e ao adversário, disciplina, espírito de colaboração, coragem, entre outros - são intensamente trabalhados na prática das aulas de tênis escolar.
O principal objetivo do tênis nas escolas é despertar a prática da modalidade para a criança, ensinando-a os golpes e as regras básicas, colocando-a em situações competitivas/formativas. Paralelamente, acontece um processo de criação de um protocolo científico através da coleta de dados dessas crianças, para que se acompanhe sua evolução fisiológica. Esse processo tem sido acompanhado pelo Departamento Científico da CBT.
Sonho realizado? Despertadas para a modalidade nas escolas, queremos ver crianças com raquetinha na mochila saindo de casa para brincar de tênis nos parques, praças e centros esportivos da prefeitura. Chegaremos lá.
Dia | Nome | Local / Hora | Participantes | Inscrições |
5 de maio | I Jornada de Capacitação | Local a definir das 8h às 18h | Professores de escolas e acadêmicos de Ed. Fís. (4º Ano) | Até 29/04 - Número de participantes em função do local |
8 de junho | Festival Pio XII | Pio XII das 8h às 14h | Fund 1 e 2 | a definir |
11 de agosto | II Jornada de CBT | Local a definir das 8h às 18h | Professores de escolas e Ed. Fís. 4º Ano | Até 05/08 - número de participantes em função do local |
24 de agosto | Torneio e Festival CBT | Local a definir | Fund 1 e 2 | a definir |
14 e 15 de setembro |
Festival da Primavera do Pio XII | Pio XII - horário a definir | Fund 1 e 2 | Escolas convidadas |
9 e 10 de novembro |
Torneio Inter Escolar CBT | Local a definir | Fund 1 e 2 | Até 25 de outubro |
Publicado em 24 de Abril de 2013 às 10:52