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Mineiro comentou primeiro título de Challenger da carreira e reafirmou desejo de representar o país
Foto: Divulgação/ATP Challenger
João Menezes vive em 2019 a melhor fase da carreira. Tenista de 22 anos, ele terminou a última temporada ainda inconstante, perdendo nas primeiras rodadas ou nos qualis de e ocupando apenas a 398ª colocação.
Com a meta de se firmar no circuito Challenger, o jogador de Uberaba decidiu que era preciso mudar. Depois de quase dois anos treinando em Barcelona, na academia 4Slam, do ex-tenista Galo Blanco, Menezes considerou que a melhor alternativa era voltar ao Brasil. Perto da família, pensou, não precisaria conviver com a solidão e poderia ter melhor resultados dentro de quadra. Funcionou. "Eu acho que eu voltei a ser feliz. Quando você está feliz fora da quadra as coisas dentro da quadra começam a fluir melhor e isso foi o ponto principal", comenta.
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Melhores resultados passaram a chegar neste ano. Depois de resultados mistos até o final de março, João passou a engrenar e ir cada vez mais longe nos torneios que disputava. Foram três oitavas de final alcançadas em quatro torneios, que geraram a confiança para o mineiro alçar voos ainda maiores. Em maio, a melhor semana da carreira resultou no primeiro título de Challenger na carreira, no torneio de Samarkand, no Uzbequistão.
Foto: Reprodução/Instagram
O resultado inesperado em Samarkand mudou as perspectivas do tenista que agora ocupa o posto de quarto melhor jogador do Brasil no ranking na ATP. Desde então, ele voltou ao top 300, foi convocado para representar o Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, e já aparece no rodar do capitão Jaime Oncins para o próximo confroto da equipe nacional na Copa Davis.
Em entrevista à Revista Tênis, João Menezes falou sobre tudo isso. Explicou os fatores que acha determinante para a sua evolução em 2019, comentou sobre como sua carreira foi impactada com a conquista em Samarkand e já traçou novas metas: disputar o Australian Open de 2020, mesmo que o qualificatório.
Confira o bate papo com João Menezes:
1) Quais fatores você credita como responsáveis pela evolução no seu nível de tênis nos últimos meses?
Eu acredito que a própria experiência e o fato de estar jogando torneios um pouquinho mais fortes, que são os Challengers, isso aí conta bastante como evolução. Você tá sempre jogando com tenistas melhores, então você acaba ‘se puxando’ e melhorando.
O meu físico também melhorou bastante. Eu estou mais rápido, aguento os jogos mais longos então isso aí me dá a chance de competir melhor contra esses jogadores. E com certeza o [aspecto] mental, que uma vez que você se enxerga bem e percebe que está no nível bom você pode competir com bastante gente.
2) Como foi para você ser campeão em Samarkand? O que uma conquista como essa muda para sua carreira?
O título em Samarkand foi importantíssimo, o principal da minha carreira até hoje. Foi em uma semana muito inusitada, eu não esperava, mas as coisas foram acontecendo de uma maneira perfeita para mim. Acabei jogando muito bem.
Com o título teve uma mudança enorme na minha carreira. Eu estava com um ranking complicado, por volta de #350. Tinha muitos torneios que eu não entrava, precisava ficar torcendo para entrar. E agora me deu uma folga muito grande, consigo fazer um calendário mais armado do jeito que eu quero, consigo eleger os torneios que eu jogo. Foi muito legal. Sem falar no [aumento] nível de confiança e de poder traçar novas metas a partir de agora.
3) Você tinha comentado que o grande objetivo para a temporada era se firmar no circuito Challenger. Acha que já pode considerar essa meta cumprida?
Sim sim. Essa pergunta é muito interessante porque realmente meu objetivo para a temporada era me firmar no circuito Challenger. E no início da temporada eu via isso como algo muito distante. Hoje eu já posso afirmar que isso aí está bem próximo de mim.
Como meta para a temporada eu espero classificar para o Australian Open do ano que vem, para o quali pelo menos, e terminar o ano por volta de 150 do mundo.
4) Por quase dois anos você viveu e treinou em Barcelona, mas recentemente voltou ao Brasil. Como esse retorno impactou na sua vida?
Essa volta impactou demais na minha carreira e na minha vida pessoal. De certo modo eu voltei a ficar mais próximo da minha família, retornei a trabalhar com o Patricio Arnold, treinador que me treinava antes de eu ir para Barcelona. A confiança que tenho com ele é muito grande e a relação que eu tenho com ele é muito importante.
Eu acho que eu voltei a ser feliz. Quando você está feliz fora da quadra as coisas dentro da quadra começam a fluir melhor e isso foi o ponto principal.
João Menezes foi sparring do Time Brasil na disputa da Copa Davis em fevereiro. Foto; Divulgação/CBT
5) Hoje você já é o quarto melhor tenista do Brasil e está bem perto do ranking do Bellucci. Você espera ser convocado para o próximo confronto do Brasil na Copa Davis?
Eu gostaria de ser convocado. Mas não posso esperar, deixar que isso atrapalhe ou influencie o meu desenvolvimento, meu treinamento, enfim. É um dos meus objetivos que eu até coloquei como meta, gostaria mesmo de jogar Copa Davis esse ano no Brasil. Vou fazer o meu melhor para poder ser convocado.
6) Você já conversou com o Jaime Oncins desde que ele assumiu o papel de capitão do Brasil na Davis? Se sim, o que falaram?
Eu tive uma breve conversa, uma breve troca de mensagens com o Jaime após o título em Samarkand. Ele disse que acompanhou e que tinha gostado bastante.
Eu conheço o Jaime assim pessoalmente, mas conheço de vista, sabe? Não sou bem familiar com ele. Mas acho que nós vamos ter uma semana muito legal agora nos Jogos Pan-Americanos , na qual ele é o treinador e eu estarei jogando. Então quem sabe essa pode ser uma semana muito produtiva para estreitar relações e eu conhecer ele um pouco melhor e ele me conhecer um pouco melhor. Quem sabe essa semana pode gerar bons frutos para a Copa Davis.
7) O que você sentiu ao ser convocado para representar o Brasil nos Jogos Pan-Americanos?
Representar o Brasil é sempre uma grande honra. É a segunda vez que eu sou convocado para os Jogos Pan-Americanos . Em 2015, em Toronto, eu também fui, que inclusive foi a única vez até então que eu representei o Brasil em uma competição internacional. Essa vai ser a segunda, curiosamente em outro Pan, em Lima.
É uma sensação diferente você jogar um torneio representando o seu país, jogando pela bandeira. É muito gratificante. Espero dar o meu melhor para representar bem o nosso país.
8) Jogar os Jogos Olímpicos de Tóquio é uma de suas metas na carreira? O que mais espera conseguir nos próximos anos?
Se jogar os Jogos Olímpicos de Tóquio é uma meta da minha carreira? Bom, até então não era. Não posso dizer que era. O que eu tenho de meta é esse ano me firmar no circuito Challenger, terminar o ano por volta de 150 e 200 do ranking. [Espero] conseguir melhorar alguns pontos do meu jogo, como o saque, o físico, jogar um pouquinho atacando mais, melhorar a defesa. E o resto eu acho que vai vir com o circuito, jogando bastantes torneios, acreditando que eu posso chegar longe e acreditando que eu posso cumprir meus objetivos. É isso aí.
Publicado em 20 de Junho de 2019 às 09:51