Instrução Juvenil
Montar um calendário adequado, fazer avaliação do desempenho nos torneios, programar os treinos... O planejamento é primordial para a evolução gradual do juvenil em cada etapa de sua carreira
TRAÇAR UM PLANEJAMENTO é definir um caminho para o alcance dos objetivos que foram pré-estabelecidos. A arte de organizar, aplicar e avaliar está presente em todas as áreas e consiste em um essencial trabalho de administração. Na formação do tenista, desde a carreira juvenil até a chegada ao circuito profissional, a equipe responsável por gerir esse desenvolvimento deve estar consciente de que, sem planejamento, é quase impossível alcançar suas metas ou concluir um processo de forma satisfatória devido às variabilidades que podem surgir no decorrer do processo. Nesse contexto, o planejamento prévio irá colaborar para a antecipação e a tomada de decisões.
Quando se planeja, deve-se ter calma e disponibilizar tempo para ordenar de forma criteriosa todos os passos que envolvem o processo. Pensando em organizar com qualidade, auxiliando os juvenis a terem uma carreira em que busquem evolução constante, definiremos os passos que dão forma a um bom planejamento.
O calendário tem por finalidade definir e quantificar o número de torneios que o tenista vai jogar em um determinado período. Sabe-se que, para aumentar seu nível, o atleta precisa se colocar em situações competitivas para poder atuar sob pressão e utilizar os jogos para desempenhar tudo aquilo que treina no dia a dia.
No Brasil, o tênis é um esporte que detém elevada capacidade de projeção e vários estados possuem bom número de praticantes de diferentes níveis. Tanto que federações estão criando competições para que mais crianças ingressem na modalidade. Com isso, o papel do professor é proporcionar o seu melhor para que o aluno goste e, acima de tudo, tenha vontade de aprender a jogar tênis.
Portanto, para organizarem um calendário coerente, treinador e jogador devem levar em consideração dois tópicos essenciais: o nível do atleta e o orçamento disponível para tal finalidade.
1) Estadual: na maioria das vezes, o jogador inicia sua jornada disputando torneios a nível estadual, em que só enfrenta atletas do seu estado. Nesse caso, a grande meta é adquirir experiência e se consolidar nesse grupo de competição.
2) Brasileiro: o ideal é sempre buscar um número de torneios no seu nível de competição e alguns com um grau de exigência maior para que o jogador avalie o que necessita acrescentar em busca desse nível. Mais atletas, consequentemente, participam de competições nacionais e as dificuldades aumentam.
3) Sul-americano: durante as competições, o treinador analisa o rendimento de seu atleta nos torneios estaduais e brasileiros. Se ele demonstra competitividade nesse grupo de torneios, e é capaz de gerar dificuldade aos seus adversários, técnico e pupilo começam a introduzir competições fora do seu país e dentro do seu continente (os tenistas brasileiros, por exemplo, jogam as competições a nível sul-americano).
4) Mundial: na carreira juvenil, um dos objetivos de rendimento do atleta é chegar o mais próximo do nível mundial de competições, em que estão presentes os melhores juvenis do mundo.
É de fundamental importância atentar-se especialmente ao desempenho do jogador para que ocorra a evolução técnica em todos os aspectos de treinamento
Investir em esporte também significa deixar seu pupilo em um ambiente saudável, em que ele pratique a modalidade e se socialize com outras pessoas. Mas tudo isso tem um custo, o treinador tem vontade de proporcionar o melhor, mas, no momento de formular o calendário de um jogador, é importante se sentar com o atleta e definir qual é o orçamento para realizar essa programação. O aspecto primordial é buscar competições visando o melhor desenvolvimento, e que tudo isso esteja dentro do orçamento.
Muitas vezes, o primeiro fator que atleta e técnico se acostumam a pensar diante da rotina de trabalho (erroneamente) é no resultado. Entretanto, é de fundamental importância atentar-se especialmente ao desempenho do jogador para que ocorra a evolução técnica em todos os aspectos de treinamento. Quanto mais ele se aprimora nos treinos, mais aumentam as suas chances de conseguir bons resultados.
Essas duas variáveis devem caminhar juntas no processo de desenvolvimento e o jogador precisa buscar a progressão nos aspectos de treinamento (técnico-tático, físico e mental), mas também ganhar experiência dentro do circuito. E, com bons resultados, ele consegue avançar de nível e vivenciar outras competições com níveis elevados de exigência, que, com certeza, contribuirão para o seu amadurecimento.
Logo depois de decidirem o calendário mais adequado, treinador e jogador dão um passo à frente e organizam a periodização dos treinos. A periodização consiste em dividir um período de treinos (macrociclo) em durações menores (mesociclos), com cada mesociclo dividido em microciclos semanais.
Por exemplo, em meu caso específico com os juvenis, realizo três macrociclos de quatro meses durante o ano, em que preferencialmente cada macrociclo terá mesociclos com quatro semanas de treinamento e quatro semanas de competição. Consequentemente, o jogador terá tempo para se dedicar ao treino e buscar a evolução técnica, tendo grandes chances de ser competitivo durante o ciclo de torneios.
O que levar em consideração no orçamento?1. Passagens terrestres ou aéreas; |
O próximo passo do planejamento é prescrever o trabalho de acordo com o número de semanas para o ciclo de treinos. O mais indicado é iniciar com objetivos específicos de rendimento para cada jogador, em que se ordenam prioridades de treinamento técnico/tático com ênfase nos pontos fortes e nas correções, as quais são primordiais para o tenista elevar seu nível.
O técnico e o jogador organizam a sequência de trabalho, definindo quais são os objetivos de treinamento para cada microciclo (semana), e depois realizam o plano de cada sessão de treino com base em todo o planejamento. Ao longo do processo, deve-se controlar diariamente o trabalho para observar se tudo previsto foi realmente realizado, ou também se a dupla realizou algo fora do combinado.
Esse controle é essencial para possíveis ajustes ao longo do processo para cumprir tudo o que foi planejado. Com isso, o atleta acaba chegando à competição capaz de enfrentar qualquer adversário em qualquer situação.
Durante as competições, após cada partida, treinador e jogador preenchem uma avaliação com o propósito de avaliar o rendimento do atleta. Com tal controle, a dupla executa ajustes em meio aos torneios e estabelece, ao mesmo tempo, a média de rendimento em cada item avaliado. O resultado da avaliação também contribui para definirem os objetivos de rendimento e a prescrição dos treinos. Tudo isso, além, é claro, de esforço e dedicação de todas as partes envolvidas, é de vital importância para a dupla chegar a um planejamento eficiente, seja qual for o nível de desenvolvimento desse jovem atleta.
Luiz Peniza é técnico no Instituto Gaúcho de Tênis (IGT), em Porto Alegre.
Mais informações: peniza@outlook.com
Não se esqueça!Situações importantes que o jovem atleta deve memorizar dentro do planejamento:
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Publicado em 9 de Junho de 2014 às 00:00
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