Entrevista: Marcelo Demoliner fala do sonho de participar dos Jogos Olímpicos e comemora ano positivo

Duplista gaúcho comentou sobre o fim do Brasil Open e a evolução de Thiago Wild

Da redação em 27 de Novembro de 2019 às 18:41

Foto: João Pires/Fotojump

Marcelo Demoliner é um dos grandes nomes do tênis nacional atualmente. Tenista de 30 anos, ele está entre os 50 melhores do mundo no ranking de duplas da ATP e vem alcançando bons resultados nas últimas temporadas.

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Neste ano, ele conquistou o segundo título da carreira no ATP de Moscou, na Rússia, e ficou com o vice-campeonato em dois outros torneios, os ATPs de Zhuhai e de Munique. Tanto o troféu em território russo quanto a campanha na China tiveram Demoliner ao lado do holandês Matwe Middelkoop. E é justamente esse detalhe que o gaúcho de Caxias do Sul quer contar em 2020. Depois de anos rodando com uma boa quantidade de parceiros, ele pretende definir uma parceria fixa para poder continuar subindo no ranking.

Em entrevista à Revista Tênis, o número #45 do mundo falou também sobre o sonho de participar dos Jogos Olímpicos, comentou suas impressões com o fim do Brasil Open enquanto ATP 250 e falou da relação com Thomaz Bellucci e Thiago Wild.

Confira a entrevista completa de Marcelo Demoliner:

Como você avalia sua temporada em 2019?

Achei um ano bem sólido, principalmente na parte final. Terminar da maneira como terminou traz uma tranquilidade para o ano que vem, tendo um parceiro mais fixo. Isso vai ajudar bastante, porque vai permitir entrosar com uma pessoa e não ficar pulando de galho em galho muitas vezes é complicado.

Enfim, agora estamos no caminho certo de novo. Óbvio que o ano foi sólido, mesmo com trocando de parceiros ao longo do ano. Isso mostra que estou em bom nível, mesmo jogando com diversos tipos de parceiros. Estava só esperando o momento de encaixar com alguém legal que ia dar tudo certo. Estou feliz com isso e sei que o ano que vem promete.

O que você pode dizer com seu atual parceiro Matwe Middelkoop, como surgiu a parceria e como você está avaliando este entrosamento entre vocês dois?

A parceria surgiu depois do US Open, nós dois sentamos e conversamos. Eu acreditava que poderíamos nos dar bem porque nós nos encaixamos em alguns fatores porque ele joga bem do fundo da quadra e ter uma boa devolução de saque. Eu sempre busquei um parceiro que devolvesse muito bem saque, porque é uma das minhas fragilidades ainda, e é algo em que ele pode me completar. Ele é um cara muito bacana fora de quadra e também possui uma bela energia.

Decidimos testar até o fim do ano, e como deu certo vamos fechamos a parceria para a temporada 2020. Estaremos juntos até Roland Garros e depois vamos sentar e analisar como está indo o andar da carruagem. De quatro torneios ATP, fizemos uma final e conquistamos o torneio em Moscou. Creio que a gente se conectou bem e a gente completa um ao outro. Eu vou bem na rede e ele vai bem no fundo de quadra. Estou bem contente, ele vem ao Rio de Janeiro para fazermos juntos a pré-temporada pelo menos uns 12 dias. É mais um momento para a gente pode se entrosar bem e começar forte ano que vem.

Você que gosta muito de jogar na grama e na gira asiática. Como você avalia esses torneios asiáticos seguido pelo torneio ATP de Moscou?

Pois é, sempre joguei bem essa fase final do ano. O Middelkoop também joga bem em quadras duras um pouco lenta que é essa época, mas ele é um cara que gosta muito de jogar no saibro, e a grama não é muito a praia dele.

De repente a gente a vai se encaixar bastante por que eu gosto muito de jogar na grama e ele no saibro. Eu no saibro não vou tão bem que nem ele. O título de Moscou foi muito importante, até porque meu retrospecto em final possui mais vice-campeonato do que títulos. Sempre joguei muito bem as finais, sou um cara bem tranquilo, dou o meu máximo na quadra e às vezes não é suficiente.

Mas era isso que faltava, encaixar com alguém e manter uma sequência porque isso faz muita diferença principalmente em uma final. A decisão de Moscou nós jogamos muito bem, foi nossa segunda final juntos e vencemos de 6/2 6/1 de um cara que já foi campeão de Grand Slam que é o Simone Bolelli. O resultado nos trouxe muita confiança e mostrou que nosso trabalho pode ser recompensado no final.

Quais são as principais metas para a temporada 2020, já que para entrar direto nas chaves de Masters 1000 é necessário estar perto da 30ª posição e hoje você se ocupa na 45ª posição?

Precisamos melhorar um pouco o ranking para entrar direto nos Masters 1000. Num primeiro momento caso não conseguirmos entrar com o nosso ranking (eu e Middelkoop), vamos tentar achar algum parceiro para entrar nos Masters 1000 para pontuar e ajudar nosso time a entrar em torneio maiores e melhorar nosso ranking.

Isso consequentemente vai ajudar a gente a subir juntos, mas fora isso entramos direto em todos os campeonatos, exceto alguns ATPs 500, que são duros, mas tem o qualifying.

Como está o planejamento até Indian Weels? E vocês vão se preparar para o Australian Open?

Vamos jogar Doha, Auckland, o Australian Open e estamos decidindo se jogamos Montpellier (França) ou Pune (Índia). Em seguida tem o ATP 500 de Roterdã, que é no país dele (Holanda) com chances de recebermos um convite e também o Rio Open.

Qual a expectativa do seu parceiro sobre o Rio Open e sobre o Brasil?

Ele já veio tirar umas férias aqui no Brasil e também já disputou um torneio de simples antigamente. Ele gosta muito do país e da América do Sul, devido e tem uma cultura bem parecida com a nossa, é bem emotivo, grita na hora das comemorações.

Sobre o Rio Open, vamos tentar entrar com o nosso ranking e se por acaso não conseguirmos vamos ver se conseguimos o convite ou até mesmo jogar o qualy do torneio. Temos uma boa expectativa para o começo do ano e quem sabe não precise de nenhum wild card, que é a meta.

Você costuma jogar bem na Austrália, com boas campanhas até mesmo com o Thomaz Bellucci, você gosta de jogar na Austrália?

Realmente jogo bem na Austrália, já fiz até semifinais de duplas mistas lá. É um baita torneio e um lugar que me sinto super bem. Sem dúvidas um dos torneios que mais gosto de jogar. Ano passo passado fiz terceira rodada e normalmente jogo bem, espero quem sabe chegar ás quartas ou semifinais, que aí a gente passa a acreditar mais e tentar beliscar o troféu.

O que achou da mudança do Brasil Open, que irá se transformar em dois Challenger (em Olímpia e Florianópolis) dando lugar para Santiago sediar o torneio? E o que você avalia do momento do tênis brasileiro?

Em questão econômica foi um problema e decidiram fazer uma divisão e abaixar o nível. Como o Chile também está com dois jogadores promissores no top #100 (Cristian Garin #33 e Nicolas Jarry #77) também quiseram investir.

Mas realmente é uma pena perder um ATP onde podemos jogar na nossa casa, era sempre muito gostoso jogar com a nossa torcida. O ponto positivo é que vamos ganhar alguns Challenger que pode ajudar nossos atletas nas simples a despontar.

O momento do tênis brasileiro acho que está sólido e crescendo, o Thiago Monteiro está jogando um tênis muito bom, o Thiago Wild está amadurecendo e começando a entender o nível que ele pode jogar. O João Menezes também que conquistou a medalha de ouro nos jogos Pan-Americanos, conquistando uma confiança muito boa.

Tenho certeza que eles vão ter uma temporada muito melhor em 2020 e quem sabe eu não possa fazer uma parceria com um deles nas Olimpíadas que é uma meta pessoal disputar os Jogos Olímpicos, mas preciso também de um parceiro, porque o Bruno e o Marcelo devem jogar juntos. Espero que eles e o Rogerinho tenham um bom inicio de temporada para que a gente possa formar uma dupla para jogar as Olimpíadas. 

 

Foto: João Pires/Fotojump

Como funciona para entrar nos Jogos Olímpicos nas duplas, sabendo que o país pode ser representado por apenas duas parcerias?

Isso depende também de mim, preciso melhorar um pouco meu ranking. Se eu estiver entre os dez melhores eu posso escolher qualquer um se não me engano. Acho que a soma do ranking da dupla precisar estar entre 110/120. Então vou precisar jogar com alguém que esteja entre a 50ª e a 70ª posição.

Então preciso também da ajuda dos meus companheiros, mas quem sabe o Monteiro não faz uma boa temporada no saibro no Rio Open e nos torneios da América do Sul, ele tem muito potencial e já fez um bom Rio Open uma vez.

O Thomaz também já está treinando para a pré-temporada e ele sabe que a gente confia muito nele e a partir do momento que ele pegar a confiança novamente com certeza ele poderá a nos dar muita alegria. Se ele tiver um primeiro semestre astronômico também posso jogar uma Olimpíada com ele, o que seria ainda mais gratificante porque sou muito amigo do Bellucci, fui no casamento dele e a gente se dá super bem. Ele é um cara que tenho boas memórias em vários torneios.

Você e o Thiago Wild treinam juntos na Tennis Route. Acontece uma troca de experiências entres vocês? E o que você pode comentar desse bom momento dele?

Ele é um cara que sem dúvidas tem muitas virtudes e qualidades dentro da quadra e está amadurecendo bastante, principalmente agora no fim do ano que ele conquistou esses resultados incríveis.

O Thiago também está entendendo o quão importante é a questão mental no nosso esporte e isso é basicamente experiência, além de estar aprendendo a economizar energia dentro do jogo. Nível de jogo ele tem e está melhorando e amadurecendo muito o jogo dele e a Tennis Route está fazendo um grande trabalho porque ele tem personalidade forte e para segurar esses jogadores, pois se não segura desde o início, depois para pegar no final da carreira fica difícil.

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