Exibições de gala

Com a vitória de Federer no ATP Finals, temporada 2011 promete não ser tão unilateral


Simon Owen

EQUILÍBRIO RESTAURADO. Ao menos foi essa a sensação depois da conquista de Roger Federer na final do ATP Finals (antes chamada de Masters Cup), em Londres. A vitória do suíço sobre Rafael Nadal na decisão dá a nítida sensação de que o equilíbrio tende a voltar ao circuito em 2011, sem que haja uma dominância tão avassaladora de um dos dois como tem sido nas últimas temporadas.

Depois de um ano soberbo, em que completou o Grand Slam na carreira e bater o recorde de conquistas em Masters Series, faltava ao espanhol somente o título do torneio de encerramento em Londres. E continuará faltando, pelo menos até o fim de 2011, já que Federer resolveu dar um tempo na "freguesia" e despachar Nadal jogando um tênis tão agressivo e desenvolto quanto em seus primeiros anos de domínio.

A conquista, mais do que apenas fazer com que o suíço se igualasse a Pete Sampras e Ivan Lendl com cinco títulos na Masters Cup, certamente lhe dará a confiança necessária para começar 2011 com a certeza de que ainda pode vencer seu maior algoz, pelo menos em seu tipo de superfície predileta, as quadras duras. Assim, de supostamente "aposentado", Federer retoma a condição de postulante ao topo. Mas essas não são as únicas conclusões que podemos tirar do torneio londrino.

QUEM SERÁ O FIEL DA BALANÇA?

Três (talvez quatro) tenistas tentam desesperadamente se interpor entre Nadal e Federer e o topo do ranking. Nenhum, contudo, ainda demonstra nível, confiança e regularidade suficiente para tanto. Novak Djokovic só foi número dois do mundo por algumas semanas em 2010 devido ao rendimento inesperado de Federer. O principal momento de glória do sérvio veio no US Open, quando salvou dois match-points e derrotou o suíço para alcançar a final. No fim, sucumbiu diante de Nadal. Seu desempenho no ATP Finals mostra que seu jogo é capaz de incomodar os dois primeiros do ranking, mas já está ficando manjado.

Ron C. Angle/TPL
Roger Federer conquistou seu quinto título de Masters

#Q#

VITÓRIA FINAL

Depois de três anos de uma parceria vitoriosa, Daniel Nestor e Nenad Zimonjic decidiram se separar. A partir de 2011, o canadense Nestor vai jogar ao lado de Max Mirnyi e o sérvio Zimonjic formará dupla com Michael Lodra. No entanto, nada melhor do que encerrar um ciclo com uma grande conquista. Assim, Nestor e Zimonjic, dupla número dois do mundo, ficaram com o título do ATP Finals.

Na semifinal, eles venceram os líderes do ranking, os irmão Bryan, após salvarem um match-point. Em seguida, venceram Mahesh Bhupathi e Max Mirnyi, selando a segunda conquista do time em uma Masters Cup (a outra foi em 2008). Aos 38 anos, Nestor fez sucesso ao lado de Mark Knowles, das Bahamas, com quem jogou até 2007. Jogando ao lado de Zimonjic, de 34 anos, ele venceu três Grand Slams e voltou ao topo do ranking em 2008.


Andy Murray fez belo jogo contra Nadal

Outro concorrente é Andy Murray. Talvez o tenista de mais talento e recursos depois de Federer no top 10. Sua temporada como um todo teve altos e baixos e ele ficou devendo mais uma vez, já que se espera muito de alguém com tanta habilidade e ambição. Em Londres, diante da torcida, esteve prestes a derrotar Nadal na semi, mas novamente faltou frieza.

Dois outros nomes ainda podem causar alguma surpresa em 2011. Robin Soderling e Tomas Berdych possuem estilos semelhantes, de muita potência no saque e no fundo de quadra. Quando estão inspirados, são quase imbatíveis. No entanto, eles ainda estão longe de alcançar a regularidade que é capaz de torná-los verdadeiros postulantes ao número um do mundo. Mesmo assim, seus lampejos de genialidade podem ditar o rumo do tênis no próximo ano.

Fotos: Ron C. Angle/TPL
Pela primeira vez, Rafael Nadal alcançou a final da competição

Arnaldo Grizzo

Publicado em 15 de Dezembro de 2010 às 07:52


Torneio

Artigo publicado nesta revista

2010 - o ano do Touro

Revista TÊNIS 87 · Janeiro/2011 · 2010 - o ano do Touro