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Tênis de areia? Frescobol com rede? Não, o jogo é Beach Tennis

Como nasceu e quais as entidades que regem o tênis jogado na areia


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DESDE 2008, QUANDO FOI TRAZIDO PARA O BRASIL, o Beach Tennis desperta curiosidade e interesse de muitos. Ele mistura características de vários esportes, como o badminton (por ser permitido apenas um contato com a bola e as redes nos dois esportes ficarem aproximadamente à mesma altura), vôlei (pelas dimensões das quadras serem exatamente as mesmas), frescobol (pelo uso de raquetes com formatos similares) e tênis (por herdar algumas regras e todos os golpes utilizados).

No mundo, são mais de 500 mil praticantes espalhados por 66 países. No Brasil, o esporte torna-se cada vez mais popular. O crescimento do interesse mundial pelo esporte nos últimos anos é evidente e uma prova disso é a realização de eventos de Beach Tennis, sejam torneios ou exibições, paralelamente a grandes torneios de tênis, como os Grand Slams e alguns Masters 1000 (como Roma e Miami), entre outros.

O sucesso da modalidade no Brasil e no mundo deve-se, em grande parte, à facilidade com que uma pessoa aprende a jogar e pela diversão que ela proporciona, mesmo para aqueles sem qualquer experiência na areia ou nas quadras de tênis. Além disso, é uma excelente opção para quem quer melhorar o condicionamento físico e cuidar da saúde.

Beach Tennis herdou elementos do badminton, vôlei, frescobol e tênis

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PRIMÓRDIOS

O Beach Tennis surgiu há mais de 30 anos, em Ravenna, cidade histórica italiana - onde está enterrado o poeta Dante Alighieri - no litoral do mar Adriático. Foi lá onde tive meu primeiro contato com o esporte. Na época, o carioca Leopoldo Correa enxergava grande potencial para o Beach Tennis no Brasil e foi o responsável pela participação da primeira equipe brasileira em uma competição mundial, o 2008 IFBT Beach Tennis World Championships.

Fui convidada por ele a fazer parte do time que representou o Brasil e, assim que cheguei em Ravenna, percebi que, além de o Mundial ser a atração da cidade, o Beach Tennis era um dos esportes mais populares da Itália e muitos beach-tenistas locais e de outros países já eram ídolos.

Os jogos foram realizados em um clube com muitas quadras, que também eram inúmeras em toda a extensão da praia. Quiosques e bares disponibilizavam aos seus clientes diversas quadras, e era comum ver famílias chegando com raquetes de Beach Tennis. No mesmo clube e paralelamente à competição mundial por equipes, ocorreu um torneio amador, em que pais, mães e filhos se revezavam entre as funções de participantes e torcedores em um ambiente animado com música e ações de patrocinadores que garantiam a diversão.

O resultado no Mundial de Ravenna foi mais que positivo: o Brasil estreou no Beach Tennis com o terceiro lugar. Trouxemos na bagagem um imenso entusiasmo e a certeza de que o Brasil se tornaria uma referência no esporte. Com a extensão do nosso litoral e clima favorável durante todo o ano, isso seria apenas uma questão de tempo.

Além da Itália, vários países têm tradição no Beach Tennis e fazem parte do cenário mundial há anos. Alemanha, Holanda, Portugal, França, Austrália, Japão, Estados Unidos e Espanha são alguns exemplos. Na América do Sul, além do Brasil, Argentina e Chile se destacam devido ao forte investimento que vêm realizando nos últimos anos. Em 2011, a Argentina lançou o primeiro circuito nacional e o Chile organizou seus primeiros eventos internacionais.

ENTIDADES

Existem duas entidades responsáveis pela organização de competições de Beach Tennis no mundo e cada uma delas tem seu próprio ranking e calendário. Apesar de ser a IFBT (International Federation of Beach Tennis) a precursora do esporte, é a ITF (International Tennis Federation) que mais se destaca. Em 2011, foram mais de 90 torneios distribuídos por todo o mundo, sendo seis realizados em areias brasileiras. No ranking feminino da ITF existem mais de 700 atletas, com cinco brasileiras entre as 50 melhores colocadas.

Já no masculino, são mais de 1.150 jogadores e, assim como no feminino, o Brasil possui cinco entre os top 50. Atualmente, os principais polos de Beach Tennis no Brasil são as cidades de Santos e do Rio de Janeiro. Juntas, oferecem mais de 60 quadras e contam com aproximadamente 700 praticantes aos fins de semana. Apesar de as duas cidades estarem localizadas no litoral, a modalidade conquistou muitos praticantes também em cidades que estão distantes das praias, como Brasília, Porto Alegre e São Paulo.

Com torneios cada vez mais frequentes e a necessidade da criação de um ranking, o estado do Rio de Janeiro, em parceria com a Federação de Tênis local, criou, em setembro de 2008, a Federação de Beach Tennis do Estado do Rio de Janeiro (FBTERJ). Desde a criação da FBTERJ, diversos estados intensificaram o desenvolvimento do Beach Tennis. Outro fator relevante no cenário das entidades ligadas ao esporte foi a organização de associações em diversas cidades. Sem caráter oficial, seu principal objetivo é reunir praticantes de Beach Tennis, disponibilizando quadras e oferecendo assistência a seus membros.

Com isso, ficou evidente a necessidade de se criar uma entidade responsável pela modalidade. Portanto, em 2009 foi estabelecida a Confederação Brasileira de Beach Tennis (CBBT), com sede no Rio de Janeiro. Atualmente existem mais de 350 jogadores no ranking da CBBT e, além de torneios nacionais, em seu calendário constam torneios mundiais que valem pontos para o ranking da IFBT. Assim como a CBBT tornou-se responsável por organizar e receber torneios da IFBT, a partir de 2009 a Confederação Brasileira de Tênis (CBT) passou a ser a entidade encarregada pelos torneios da ITF. No entanto, a CBT não possui ranking de Beach Tennis, valendo-se do ranking da ITF. Juntas, CBBT e CBT realizaram mais de 40 torneios em cerca de 15 cidades em 2011.

A modalidade surgiu há pouco mais de 30 anos na cidade de Ravenna, onde está enterrado o poeta Dante Alighieri

ESPORTE OU HOBBY?

Além da quantidade de competições em areias brasileiras, 2011 também foi um ano de consolidação do Brasil como um dos principais países do calendário mundial: com premiação total de US$ 15 mil, o torneio de Florianópolis fez parte do seleto grupo de torneios que oferecem a premiação máxima do circuito internacional.

Ainda que o aumento da visibilidade do Beach Tennis favoreça o investimento de empresas em torneios e atletas, ainda não existem jogadores brasileiros que tenham esse esporte como profissão exclusiva. No entanto, mesmo sendo um hobby ou segunda profissão, tem sido significativa a participação de atletas brasileiros em torneios realizados no exterior. Em 2011, por exemplo, no tradicional torneio de Aruba, mais de 50 jogadores fizeram parte da delegação brasileira - desde 2009 uma das mais numerosas nesse evento.

O Beach Tennis também trouxe novas oportunidades para diversas áreas, desde Alighieri o setor acadêmico até o mundo dos negócios. Faculdades estão conduzindo análises quantitativas e qualitativas do jogo, investigando a preparação física ideal, as lesões mais frequentes, entre outros. Algumas iniciativas isoladas, tais como clínicas, aulas e torneios têm sido observadas em clubes, academias e resorts, que perceberam o potencial do esporte para atrair sócios ou clientes e, consequentemente, gerar novos negócios.

Em locais que já possuem quadras de tênis, a implantação do Beach Tennis é especialmente atrativa para os tenistas, já que as atividades são realizadas mesmo com chuva e os praticantes podem melhorar a movimentação de pernas e o jogo de rede do tênis praticando essa nova modalidade. Que tal então combinar um bate-bola e descobrir por que o Beach Tennis é o esporte do momento nas areias brasileiras?

 

Marcela Evangelista

Ex-top 350 da WTA 3º lugar no Mundial de Beach Tennis em Ravenna 2008 Incentivadora do Beach Tennis no Brasil

www.m8e.com.br

 

Marcela Evangelista

Publicado em 30 de Março de 2012 às 09:02


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Artigo publicado nesta revista