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Em entrevista exclusiva para a Revista Tênis, neste domingo, o presidente da CBT, Rafael Westrupp, falou sobre vários assuntos do tênis do Brasil e anunciou o pedido de saída de Zwetsch
Crédito: Luiz Candido/CBT
Direto de Uberlândia, Minas Gerais
Neste domingo (3), foi confirmada a saída do capitão João Zwetsch do comando da equipe brasileira na Copa Davis. O treinador de 50 anos de idade deixa o cargo após assumir a liderança do time em 2010. O presidente da Confederação Brasileira de Tênis, Rafael Westrupp, afirmou que Zwetsch pediu o desligamento e vai focar seu trabalho com os atletas da Tennis Route, centro de alto rendimento localizado no Rio de Janeiro.
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A equipe brasileira perdeu a chance de ir à final da Copa Davis em Madri após sair derrotada para a Bélgica, que venceu por 3 a 1 fora de casa. A derrota dos mineiros Marcelo Melo e Bruno Soares no primeiro jogo de sábado foi uma surpresa por conta do favoritismo. Os belgas vieram sem força máxima, já que o principal tenista David Goffin optou por não defender a bandeira da Bélgica.
Crédito: Luiz Candido/CBT
O único ponto do Time Brasil foi conquistado por Thiago Monteiro no primeiro jogo do confronto, diante do belga Arthur De Greef. Na sexta-feira, Rogério Dutra Silva perdeu para Kimmer Coppejans, que jogou um alto nível de tênis e também no sábado venceu Monteiro em sets diretos.
O Brasil vai disputar o Zonal Americano em setembro e pode enfrentar Uruguai, República Dominicana ou Equador. Independente do adversário, o confronto será disputado em território brasileiro. A equipe do Brasil precisa vencer para voltar ao qualifying da Copa Davis em 2020.
Crédito: Luiz Candido/CBT
Westrupp, tivemos um confronto de Copa Davis duro contra a Bélgica que culminou na derrota do Brasil. Muitos atribuíram a derrota à escolha do local e do tipo de quadra do confronto. Qual a sua avaliação sobre isso e de que forma é realizada a escolha do local da Davis?
O local é sempre escolhido pela comissão técnica da equipe. Eles definem as melhores condições levando em consideração uma série de fatores. O capitão então conversa com a equipe, alinha as informações de cada um e então nos passa. Daí começa uma outra etapa, de viabilizar o evento em locais que apresentem as condições escolhidas. É uma operação grande, com um manual detalhado de exigências e também dispendiosa.
Qual a sua avaliação deste confronto em Uberlândia?
Éramos favoritos apenas pelo fato de recebermos o confronto em casa, com o apoio importante da torcida e a Bélgica não vir com os principais jogadores deles. Mas o fato é que nossa equipe era muito equivalente com a equipe belga que veio ao Brasil, principalmente os jogadores de simples, entre os Top 200 do mundo. A dupla deles é top 100 do mundo. É bom salientar que os nossos simplistas não jogaram contra atletas que são 500 do mundo, que teria uma discrepância de ranking. Jogaram contra os caras que eles jogam dia-a-dia no circuito Challenger. Só que para a nossa surpresa, a dupla belga e o Coppejans tiveram uma atuação bem acima, com um tênis de altíssimo nível e, se tem um fator que contribuiu muito para a derrota deste confronto, foi o adversário, que jogou realmente muito bem. No tênis não há empate. Ou se ganha ou se perde. Logicamente é muito dolorido perder e perder em casa. Todos querem sempre proporcionar alegrias para o seu País, ainda mais atletas do tênis que estão acostumados a fazer o circuito sozinhos. Esse é um momento de equipe, de vestir verde e amarelo, de representar uma nação. O clima no vestiário e no hotel foi de muita tristeza após o confronto.
Crédito: Luiz Candido/CBT
O João Zwetsch irá continuar como capitão da equipe brasileira?
Ontem à noite o João veio conversar comigo e deixou o cargo dele à disposição por entender ser o momento de fechamento de um ciclo. Um ciclo de 9 anos que foi muito bem sucedido, que aglutinou jogadores, que teve momentos marcantes como a vitória sobre a Espanha, que desenvolveu um clima de muito respeito e parceria dentro da equipe. Já vínhamos conversando sobre este ciclo e ele entendeu que este era o momento de encerramento. O João é um dos melhores treinadores do Brasil e agora terá mais tempo para se dedicar a outros projetos. Estamos desenvolvendo um projeto muito importante de desenvolvimento dos atletas de transição, cujo perfil do João se encaixa muito bem com as características da liderança que precisamos para este projeto, que atende atletas e treinadores.
Westrupp, com relação ao contrato com o Correios. A equipe brasileira não jogou com a marca do Correios na Davis. O contrato não foi renovado?
Ainda em 2018 tivemos reuniões com a equipe do departamento de marketing dos Correios, para tratar da renovação do contrato de patrocínio. Ele venceu no mês de novembro e ainda não tivemos uma resposta em definitivo. Mas não estamos com esse contrato de patrocínio no momento. Como falei em outras entrevistas nessa semana, entendo que o momento não é pontual da CBT e sim geral, temos várias Confederações passando por essa dificuldade. Com a mudança de Governo, a estatal alterou suas diretrizes e ainda está avaliando todo o seu contexto de patrocínios. Tivemos uma história muito sólida em termos de resultados e de abrangência. Impactamos o tênis em todas as suas frentes: juvenil (Bia Maia, Thiago Monteiro são frutos desses investimentos, por exemplo), profissional, olímpico, de cadeira de rodas, beach tennis, além de abrangermos os projetos sociais, a capacitação de professores e técnicos e a arbitragem.
Crédito: Luiz Candido/CBT
E mediante isso, como estão as finanças da entidade?
Viemos ao longo dos últimos anos aplicando uma gestão preventiva, já prevendo momentos de crise econômica como a que vivemos no País. Primeiro aplicamos um choque de gestão, alterando a nossa sede e enxugando o RH de nossa operação. Desde 2016 viemos sofrendo cortes abruptos no orçamento do patrocínio do Correios. A verba que era de R$9 milhões passou para R$2 milhões anuais. Isso fez com que já tenhamos feitos os ajustes lá atrás. Apesar de tudo isso, a CBT encerrou o exercício de 2018 com um superávit de R$ 900 mil, sem nenhum título protestado em cartório, com todas as CND’s em dia, sem nunca estar inscrita no CADIN, no CEPIM, mantendo a sua credibilidade para buscar mais parcerias de patrocínio. Venho ressaltando que encontramos soluções gerenciais capazes de manter o equilíbrio financeiro da CBT e ainda assim seguir investindo em programas pioneiros como o Juniors/Pro e a base de treinamento de Barcelona. Nesse período em que estamos sem patrocinador máster, descontinuamos os contratos de vários prestadores de serviços e de projetos sociais. Estamos no mercado buscando novos patrocínios para voltar a abrir mais o leque de investimentos da nossa modalidade. A gente está com as finanças equacionadas, temos um milhão e meio aplicados, estamos saudáveis, mas precisamos de patrocinadores que possibilitem investir ainda mais em diversas frentes importantes da nossa modalidade.
Você disse que está mantendo projetos, mesmo com a ausência momentânea do patrocínio dos Correios . Quais são os principais projetos que a CBT mantém hoje?
A CBT mantém projetos consistentes na área de capacitação, justamente abrangendo o material humano que replica conhecimentos técnicos do tênis para atletas e amadores. Também investe na arbitragem brasileira e no Beach Tennis, cuja nossa seleção brasileira foi campeã mundial na Rússia no último campeonato. O investimento no Tênis em Cadeira de Rodas tem proporcionado resultados expressivos nessa área e há três anos, por exemplo, viemos ganhando o mundial, sendo que hoje o nosso vice-presidente, Jesus Tajra, é presidente do Conselho Paralímpico do Brasil, mantendo um planejamento detalhado para a formação de atletas até 2020. Para a categoria de base temos projetos com investimentos em atletas, bem como o Projeto de Transição para os jogadores que estão passando do juvenil para o profissional. Mantemos dois atletas no centro de Treinamento em Barcelona há um ano, com resultados expressivos no ranking, subindo mais de 400 posições. Promovemos ao final dos últimos dois anos o Encontro de Treinamento, uma semana intensa de treinamento e troca de informações entre juvenis, profissionais, treinadores e ex-jogadores, um momento único de progressão do nosso tênis, de troca e de planejamento coletivo da modalidade.
Publicado em 3 de Fevereiro de 2019 às 10:45