Entrevista

João Pedro Sorgi: Lembranças da Copa Davis e sonho de entrar no Top 100

Natural de Sertãozinho, paulista de 25 anos quer subir no ranking em 2019


Crédito: Green Filmes

João Pedro Sorgi foi um dos mais inesperados heróis do tênis brasileiro no começo de 2018. No confronto diante da República Dominicana, na Copa Davis, o paulista soube aproveitar a chance e venceu o 5º e decisivo jogo, um dos mais marcantes momentos de sua carreira, como ele mesmo diz.

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O atual #698 do ranking mundial conversou com a Revista Tênis durante o Encontro Internacional de Treinamento realizado pela CBT, em Florianópolis, e destacou a experiência de defender o país na Copa Davis, falou sobre sua nova vida no Rio de Janeiro, onde treina na Tennis Route e também comentou as mudanças no circuito ITF World Tennis Tour.

O que você está achando do Encontro Internacional da CBT? Quais foram suas impressões e experiências?

Eu não vim ano passado. Essa é a minha primeira vez aqui no evento. Impressões muito legais, achei uma iniciativa muito boa. Muitas pessoas com informações boas e experiência para agregar valores ao tênis brasileiro. Tanto os tenistas, como os técnicos, os preparadores físicos. Eu acho que só temos pontos positivos para todo mundo. O evento está muito bem organizado.

O que você está achando dessa nova sede da CBT com quadras rápidas?

A estrutura aqui é muito boa. As quadras são realmente excelentes. Nós, sul-americanos, temos o costume de jogar bem no saibro e agora precisamos cada vez mais se adaptar para esse tipo de superfície rápida. É muito importante o tenista desde jovem, na base, estar acostumado a jogar nessa superfície. Importante sermos competitivos no saibro e nas quadras rápidas.

Crédito: Green Filmes

Como está o seu dia a dia na Tennis Route? Qual balanço faz da sua temporada 2018?

Estou pouco a pouco retornando aos treinos e dando início a minha pré-temporada. Vou começar a competir em janeiro. A minha temporada de 2018 não foi das melhores. Eu tive um final de 2016 e o começo de 2017 muito bons, que foram até então os melhores da minha carreira. A partir do segundo semestre de 2017 e começo de 2018, as coisas não foram tão bem. No final desse ano eu comecei a me reencontrar um pouco mais e jogar um pouco melhor. Acredito que com uma boa pré-temporada, tenho tudo para ter um bom 2019.

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Quem é o seu treinador na Tennis Route e como está o planejamento para 2019?

Eu sou integrante da equipe de alto rendimento, com o João Zwetsch, o Duda Matos e o Artur Rabelo como treinadores. Por enquanto não tem um fixo, mas eu vou viajar e trabalhar mais próximos desses treinadores. Provavelmente vou começar o ano jogando os Futures, porque agora tiveram todas essas mudanças, com dois rankings separados, o da ATP e o da ITF. Como não tive um ano com bons resultados estou com poucos pontos de ATP, vou ter que correr atrás agora no ranking ITF, ir para os Futures e conquistar um novo ranking para voltar a jogar os ATPs Challengers.

O que você achou dessas grandes mudanças no circuito ITF, acha que vai afunilar mais e priorizar os juvenis? Vai ficar mais difícil subir no ranking?

Para quem joga o circuito ATP Challenger vai ser mais difícil e disputado, porque vão aumentar o número de integrantes. Vai ser também mais difícil de entrar para quem está jogando Futures. Para os juvenis, eu acho uma iniciativa bem legal. Quando eu era juvenil tive muito sucesso e não tive essas oportunidades. Pode ser uma mudança interessante, vamos ver como vai ser. Será um ano de novas experiências.

Crédito: Green Filmes

Falando de Copa Davis, você teve boas atuações defendendo o Brasil. Como foram suas experiências no torneio?

As experiências na Copa Davis foram inesquecíveis, as melhores da minha carreira. Contra a República Dominicana, defini o confronto. Foi realmente incrível. Sem dúvida um momento muito marcante.

Na Colômbia acabei não saindo com a vitória, mas lutei até o final. Competi com toda equipe unida, foi muito bom. Eu me sinto realmente muito bem nesse ambiente de Copa Davis. Adoro e com certeza espero ter mais oportunidades de fazer parte da equipe.

Qual sua expectativa para o próximo duelo do país, contra a Bélgica, em fevereiro?

É um confronto duro, isso não tem como negar. O Brasil já jogou contra a Bélgica, tudo bem que foi lá na casa deles, com o piso favorecendo os jogadores deles. Mas vai ser um confronto muito duro principalmente se o [David] Goffin vier. A gente sabe das dificuldades, mas sabemos também que o Brasil é uma equipe forte e pode surpreender a Bélgica.

Foto: Matheus Joffre/CBT

O que você pode dizer sobre o desenvolvimento do tênis no Brasil? Quais pontos que acha que pode melhorar?

Esse detalhe que você comentou, da cultura do tênis, é muito importante. Quando você vai para fora do país, principalmente nos Estados Unidos e Europa, existe uma cultura do esporte. As pessoas gostam de assistir em todos os níveis, de realmente ver, torcer, investir. Eu acredito que o brasileiro tem os olhos muito virados para o futebol e os outros esportes acabam ficando um pouco de lado. O Brasil é um país grande, com muito potencial para investir em todos os esportes, mas falta essa cultura específica do tênis.

Como é o seu dia a dia fora das quadras, no Rio de Janeiro e tudo mais?

Eu estou muito bem, contente de morar no Rio de Janeiro. É uma experiência nova para mim, eu mudei esse ano para lá. A gente acaba viajando muito, então não dá nem para dizer direito que eu 'moro lá' porque eu fico mais viajando do que lá no Rio.

Minha família não é de lá, e sim do interior de São Paulo, então eu acabo muitas vezes viajando, passando um pouco lá para visitar a família e depois volto para o Rio para treinar. É uma rotina meio puxada mas no tempo em que estou no Rio eu aproveitou bastante, gosto bastante de lá.

Foto: Matheus Joffre/CBT

Bate-bola com Sorgi:

Qual o torneio que mais gostou de jogar?

Roland Garros.

Qual o tenista mais difícil que já enfrentou?

Guillermo Garcia Lopez.

Qual o time que você torce?

Palmeiras.

Está feliz então?

É, muito (risos).

Qual a raquete que você joga?

Wilson Blade.

Qual seu jogador preferido no masculino?

Guga. No caso então, ex-tenista. Atual, Roger Federer.

Qual sua tenista preferida?

Simona Halep.

Qual seu maior sonho como tenista profissional?

Estar entre os 100 melhores do mundo.

Qual sua principal meta para 2019?

Voltar a competir bem e subir no ranking.

Por Vinicius Araujo e Guilherme Souza

Publicado em 10 de Dezembro de 2018 às 17:49


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