Demoliner realiza sonho ao debutar nos Majors em Wimbledon contra os irmãos Bryan: "não poderia ser melhor"

Na carreira de simples, o posto mais alto da carreira veio há quase quatro anos, quando chegou ao modesto número 232 do ranking da ATP. Na modalidade, sequer jogou uma chave principal de um torneio de primeira linha e passou toda sua trajetória jogando o circuito de Futures e Challengers. Quando tinha a chance, não perdia a chance de disputar o qualifying de eventos grandes, como o Brasil Open. 

Demoliner (à dir.) teve ótimos resultados na série de Challenger em 2013, inclusive ao lado de Feijão

 Com uma altura privilegiada e jogo agressivo dentro de quadra - com forte saque e constantes subidas à rede -, era inevitável que Marcelo Demoliner acreditasse que levava jeito também para as duplas, tanto que começou a mesclar as duas chaves nos torneios que disputava pelo mundo.

Em meados de 2012, o gaúcho começou a ter resultados mais satisfatórios nas duplas do que no circuito individual e, assim, enxergou na modalidade uma brecha para subir às maiores competições que tanto sonhou quando pequeno. Após ótimos resultados por torneios no Brasil e América do Sul, "Demo" furou pela primeira vez o top 100 do ranking da ATP e, se a tão sonhada vaga na chave principal lhe escapou em Roland Garros, não teve jeito - a grama sagrada de Wimbledon lhe esperou de braços abertos.

Logo em sua primeira participação em Grand Slams, Demoliner, número 77 do ranking de duplas da ATP, jogará em seu torneio predileto e, para quem crê que a ansiedade possa ser um problema para o ainda jovem de 24 anos, o parceiro em Londres promete auxiliá-lo nesse caminho - o experiente André Sá, 36 anos, jogará o torneio inglês pela 13ª vez, tendo alcançado as semifinais em 2007 com Marcelo Melo e as quartas de final em simples há 11 anos.

E, na estreia do mais tradicional torneio de todos no calendário masculino, logo uma pedreira pela frente - os irmãos Bob e Mike Bryan, líderes do ranking e campeões de 14 Grand Slams. Certamente os melhores jogadores de todos os tempos na modalidade. Honra ou azar no sorteio?

Demoliner diz realizar um feito ao jogar seu primeiro Major logo em Wimbledon e já mostra respeito aos adversários, porém já tem ideia do que deverá anotar em quadra nessa quinta-feira a partir das 12h30 (horário de Brasília) e o amigo Sá promete ajudá-lo.

Por email, a Revista TÊNIS bateu um papo com nosso debutante em Grand Slams a respeito das exectativas às vésperas desse grande desafio pela frente.

Confira na íntegra a entrevista com Marcelo Demoliner! 

1) É a sua primeira vez em uma chave principal de Grand Slam (simples e duplas), e logo em Wimbledon, o templo sagrado do tênis. O quanto significa para você jogar pela primeira vez um torneio desse porte logo em Wimbledon? Era seu sonho ou imaginava um outro Grand Slam como estreia?

MARCELO DEMOLINER: Não poderia ser melhor. Wimbledon é meu torneio favorito! É um sonho realizado, mesmo que seja na chave principal de duplas, isso não deixa de ser uma chave principal de um Grand Slam. Agora quero buscar mais Slams, e em simples também. 

2) Você tem jogado muito bem o circuito de duplas e obteve ótimos resultados em Challengers, o que lhe deu ranking suficiente para entrar em chaves dos torneios maiores, como Wimbledon. É um desejo seu se tornar especialista apenas em duplas, seguindo a onda de Bruno Soares, Marcelo Melo e André Sá?

MD - Sempre tive um jogo agressivo, de subidas à rede. É algo que me deixa confortável, e eu acho que isso me facilita muito nas duplas. Quero tentar um pouco mais nas simples, vou mesclar o calendário, jogando torneios maiores nas duplas e qualis de simples. Vamos ver no que vai dar! 

3) Enquanto você joga pela primeira vez em Wimbledon, o André joga a chave de duplas pela 13ª vez na carreira. Como mais experiente, o que você acha que ele pode te passar nessa estreia? Já deu tempo para entrosarem o jogo de vocês para a estreia?

MD - O André tem me ajudado bastante com sua experiência e o seu prestígio dentro do circuito. Isso faz com que eu eleve ainda mais o meu nível, não só tenisticamente falando, mas como pessoa. Estamos treinando com vários duplistas tops, nos adaptando da melhor maneira possível.  

4) Falando sobre a estreia - logo os irmãos Bryan pela frente. Como está sua preparação? Está muito ansioso por jogar a primeira partida em uma competição como essa e logo diante dos melhores duplistas do mundo?

MD - Ansioso todo mundo fica, isso é natural. Mas eu estou desfrutando muito! Estreia no meu Grand Slam favorito, contra os melhores da história nas duplas, poderia ser melhor? 

5) Qual é o segredo para manter a calma antes de um jogo como esse na estreia? Já deu para montar uma estratégia com o André para vencê-los? O que deverão fazer para surpreendê-los?

MD - O segredo é fazer o que você treinou, isso te deixa no prumo. Eles são muito completos, vamos procurar ser agressivo nas devoluções, o lob também é uma boa opção contra eles. Temos que jogar bem concentrados nos nossos serviços, pois na grama é difícil de quebrar o saque, qualquer vacilo pode custar o set.