Memória Boa!
Mineiro chegou às quartas nas simples em 2002 e jogou na Quadra Central meses após Brasil ter derrotado Inglaterra na Copa do Mundo de 2002
TRINTA E SEIS ANOS DE IDADE, sendo 17 de circuito profissional. Muitas viagens e torneios já passaram pela vida de André Sá, porém não há época melhor do ano para o mineiro do que as quadras de grama do charmoso complexo do All England Club, em Wimbledon. Foi ali que ele conquistou seu principal resultado em simples, com as quartas de final em 2002 e teve a honra de jogar na Quadra Central, onde caiu bravamente diante do ídolo local Tim Henman em quatro sets.
Cinco anos depois, André retornou a Londres, mas agora com a companhia do amigo Marcelo Melo do seu lado da quadra na chave de duplas. Em seu primeiro Grand Slam juntos, a dupla passou por uma maratona de seis horas contra Paul Hanley e Kevin Ulyett na segunda rodada, com direito a 28/26 no quinto set, e só parou nas semifinais.
Por essas e diversas outras razões, como a tradição de usar a roupa e os calçados brancos, o jogo raro para os brasileiros que não estão acostumados com as quadras de grama, Sá ainda continua na ativa e, quando Wimbledon chega, ele vive grande expectativa para o início de sua nova participação.
Em 2013, Sá fará sua 13ª aparição na chave de duplas em Londres (a primeira foi em 1998) e, agora, ele terá do seu lado um jovem debutante nesse tipo de torneio - o gaúcho Marcelo Demoliner, de 24 anos e que havia disputado a chave qualificatória no individual nessa edição de Wimbledon.
Em um bate-papo, o tenista de Belo Horizonte conta sobre as expectativas da dupla, os conselhos e a tranquilidade que vem passando a "Demo" antes da estreia em Londres contra ninguém menos que Bob e Mike Bryan, parceria cabeça de chave 1 e campeões do torneio em 2006 e 2011.
Confira na íntegra!
1) É a sua 13ª participação na chave de duplas em Wimbledon. Qual o sentimento após tantas participações no torneio? O que torna Wimbledontão especial para você?
ANDRÉ SÁ - Wimbledon é, sem duvidas, meu torneio favorito por vários motivos: meu jogo se adapta bem à grama, eu me senti bem jogando aqui e adoro a cidade de Londres. Acho que por isso tive tanto sucesso aqui.
2) Você teve em 2002 sua melhor campanha em simples, alcançando as quartas de final e jogou na Quadra Central contra o Tim Henman. Jogar naquela quadra foi, na sua opinião, a melhor sensação de sua vida? Conte-nos aquela experiência. Havia uma grande rivalidade na época pelo fato de um pouco antes o Brasil ter derrotado a Inglaterra na Copa do Mundo, não é?
ANDRÉ SÁ - Jogar na Quadra Central contra um inglês nas quartas de final foi, com certeza, o melhor momento da minha carreira. Lembro de estar na anti-sala antes de entrar para a quadra, muito nervoso, mas muito excitado ao mesmo tempo. A torcida estava agitada, pois queriam uma revanche depois de o Brasil ter eliminado a Inglaterra nas quartas da Copa. Lembro que, nesse dia pela manha, li o jornal a caminho do clube e na primeira página tinha uma foto to Henman com o corte de cabelo do Ronaldo (aquele do "Cascão") e a manchete dizia: "Revenge" (vingança, em português). Achei demais aquilo.
3) Em 2007, você e Marcelo Melo fizeram uma campanha espetacular alcançando a semifinal em duplas. Hoje em dia, crê que foi sua melhor chance de vencer um Grand Slam? Vocês sentiam que seria possível conquistar o torneio?
ANDRÉ SÁ - Naquele torneio de 2007, não achávamos que tínhamos chance de ganhar o torneio, mas as coisas foram acontecendo tão rápido que, a partir da quartas de final, quando ganhamos em três sets de Marc Knowles/Daniel Nestor, começamos a acreditar num possível titulo. A gente já vinha jogando bem antes, conquistamos o título de Estoril, então a dupla se sentia bem em Wimbledon.
4) Você já enfrentou os irmãos Bryan em 11 oportunidades, com diversos parceiros. As únicas vitórias aconteceram em 1998 com o Nelson Aerts em San Jose e a outra em Queen's com o Marcelo em 2008. Com tantos jogos contra eles, pode dizer qual o segredo para batê-los? Quais são os pontos a serem explorados no jogo deles?
ANDRÉ SÁ - É muito difícil jogar contra eles, porque fazem tudo muito bem principalmente o saque, mas a grande arma deles é a intensidade que trazem para todos os jogos. Para batê-los, é preciso estar muito bem nos fundamentos básicos como saque, devolução e voleios.
5) Você já jogou com diversos parceiros experientes, mas agora jogará com o Marcelo Demoliner, que faz sua estreia em Grand Slams. Você, experiente com 36 anos, o que está procurando passar a ele nesse momento? Ele está muito ansioso por essa primeira partida, num torneio como Wimbledon, e já contra os melhores duplistas do mundo?
ANDRÉ SÁ -Vou tentar passar todos meus conhecimentos e experiência ao "Demo". Acho que ele é um grande jogador, com um potencial enorme. O principal seria ajudá-lo a acreditar que pode jogar nesse nível e vou tentar aumentar a autoconfiança dele.
6) No ano passado, você e Thomaz Bellucci fizeram um grande confronto diante deles na primeira rodada da Olimpíada em Wimbledon. O que faltou naquela ocasião que agora poderá ser trabalhado? Qual a estratégia de vocês para amanhã contra os Bryan?
ANDRÉ SÁ - Realmente eu e o Thomaz tivemos chances reais de vitória nas Olimpíadas. Aqui vamos ter que entrar com a mesma intensidade e acreditar na vitória desde o primeiro ponto, senão eles passam por cima. Como eu disse antes, para vencer vamos precisar fazer tudo muito bem.
Publicado em 26 de Junho de 2013 às 12:01