Número 1 do Brasil, Bia ocupa a 187ª colocação no ranking WTA
Por Vinicius Araujo e Guilherme Souza em 7 de Dezembro de 2018 às 22:12
Crédito: André Gemmer/Green Filmes
Beatriz Haddad Maia é, desde o juvenil, uma das maiores esperanças do tênis feminino no Brasil. Aos 22 anos de idade, ela já alcançou a 58ª colocação do ranking e teve grandes momentos, sobretudo em 2017, quando foi finalista do WTA International de Seoul, na Coréia do Sul.
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Após um 2018 complicado, muito por conta da cirurgia feita para reduzir as dores na hérnia de disco lombar, a paulista tem sonhos altos para 2019. Classificada atualmente na 187º colocação, ela quer voltar ao top 100, e não só isso, como pretende bater sua melhor marca e furar o top 50.
No bate-papo realizado durante o Encontro Internacional de Treinamento organizado pela CBT em Santa Carina, Bia falou também sobre sua paixão em defender o país na Fed Cup e a mudança de ares para Florianópolis. Confira:
O que você está achando do Encontro Internacional da CBT?
Primeiramente eu acho que é uma iniciativa muito legal da CBT. Quando a gente investe em coisas que são para somar, quando é para agregar experiências entre todos, tanto os treinadores, quando preparadores físicos e jogadores, quando a gente se une nós podemos fazer a diferença. É muito legal ter a oportunidade de jogar tanto com juvenis quanto profissionais, enfim, trocando essa experiência que é o melhor para o Brasil crescer.
Como foi esse treino, que você estava com o German Gaich, seu técnico, e a Roberta Burzagli, a técnica da Fed Cup?
Isso é muito legal. Normalmente quem joga Fed ou a Davis fica só com o treinador da equipe. Com essa oportunidade de eles dois conversarem em quadra antes da próxima viagem da Fed Cup, a própria Roberta pode seguir uma linha do que já estamos fazendo e não ficar uma coisa do tipo "Ah, o que você faz?". Isso que é legal, ela já ter uma ideia do nosso trabalho.
Como está seu relacionamento com a CBT? Agora que você mora em Floripa e treina nas quadras da Confedereção.
Estou tomando conta do espaço (risos). O ambiente aqui é uma delícia. A Confederação tem um espaço super agradável e o pessoal me recebeu super bem. Estou feliz com meu dia a dia. A rotina do tenista é bem pesada, então você estar com pessoas boas, que querem o seu bem, faz a diferença. A CBT sempre esteve comigo, desde os meus 11 anos, então estar próximo deles é muito especial.
Crédito: André Gemmer/Green Filmes
Você teve uma lesão, precisou jogar torneios menores esse ano. Qual o balanço que você faz da temporada?
Esse ano não foi fácil para mim. Talvez tenha sido um dos anos que fiz menos partidas, não consegui pegar ritmo. Teve a cirurgia, depois perdi seis primeiras rodadas seguidas e consegui fazer uma final, o que foi legal. O que importa é a gente sempre seguir acreditando. Apesar dos resultados não terem sidos dos melhores eu estou muito tranquila. Tenho feito tudo para chegar onde eu quero chegar, então isso me deixa confiante do meu trabalho.
Como é essa mudança de voltar a jogar os torneios menores?
Para mim, o nível de jogo não muda. O nível das meninas, seja 50 ou 200 do mundo, é alto de qualquer forma. Todas jogam bem, então eu tenho que fazer o meu jogo. Isso é independente se for contra Halep, Pliskova, Muguruza e Venus Williams, contra quem joguei ano passado, ou as meninas mais novas que ainda não chegaram no top 100, mas tem todas as condições para isso. No jogo de tênis o que importa é a bola entrar do outro lado.
Qual é a diferença de jogar com as meninas que estão entrando no profissional e de jogar com as tenistas mais experientes?
São meninas que jogam mais soltas e às vezes elas não sabem o gostinho de estar lá em cima. Então elas pensam "nossa, essa menina já foi 60 [do mundo]" e jogam soltas. Depende muito do ponto de vista de cada uma. Tem algumas que 'não respeitam', no bom sentindo, e vão para a quadra, dão na bola e é isso. A forma que eu tenho de jogar depende muito mais de mim do que das outras. Se for uma Venus ou uma menina de 14 anos eu tenho que me impor de qualquer forma, é indiferente.
Crédito: André Gemmer/Green Filmes
Como está seu planejamento para 2019?
Primeiro vou para a IMG terminar a pré-temporada lá. Aí vou começar o ano em Auckland, no quali, e depois jogo o quali do Australian Open. Na sequência, uma série de ITFs. Depois eu volto para a Fed Cup.
Sobre a Fed Cup, o que você achou da nova treinadora, a Roberta?
Achei muito legal. O Fernandão foi um excelente capitão, a gente se deu super bem. Tenho certeza que não foi um motivo negativo para a troca, foi só realmente uma mudança para sempre buscar melhorar. Ela (Roberta) sempre viajou com meninas. Ela me conhece desde pequena também e tem muita intimidade com a gente, então isso facilita muito.
Você acha que uma treinadora mulher facilitará o relacionamento entre as tenistas?
Por ser mulher ela entende as mulheres um pouco mais. A Ro já estava com nós nas outras Fed Cup, que é um torneio de muita energia, de estar sempre para cima, todo mundo animado. Isso é o principal para um capitão. E a partir do momento em que você une as jogadoras, fica muito legal.
Você gosta de jogar a Fed Cup?
Eu adoro. Esse ano foi muito legal, adorei, foi muito gostoso. Infelizmente perdi o jogo contra a Cepede Royg por 6/7, 7/5 e 7/6, e não deu para nós nas duplas, mas foi detalhe.
Crédito: André Gemmer/Green Filmes
Essa pressão de jogar defendendo o Brasil vira uma energia extra dentro de quadra?
A gente não está acostumada a jogar em equipe. É uma experiência diferente, única semana que jogo por equipe. Mas eu gosto demais e sou muito amiga delas. Isso ajuda muito dentro de quadra.
Como você enxerga a transição no tênis feminino e como está a interação com as meninas do juvenil aqui no Encontro?
O que eu falei de ter tido a interação foi muito legal. E não só bater bola por meia hora, isso qualquer menina poderia fazer. O melhor é poder trocar informações, de eu poder aprender com elas e elas poderem aprender comigo. Dos treinadores verem e falarem "Isso ela melhorou, isso ainda pode melhorar". A ideia é todo mundo pode ir se ajudando, não só nessa semana, mas criar uma amizade para o resto do ano.
Você acha que as outras meninas podem ter uma ascensão no ranking como a que você teve?
Com certeza eu acho que todas têm condições. É muito trabalho, tem que treinar duro e acreditar também. Muitas coisas externas podem tirar o foco e muitas podem por para baixo. O ambiente do profissional também não é muito fácil. As meninas são bem competitivas, mas se você tem uma equipe que você confia e se tem muito claro o objetivo dá para conseguir sim.
Como está a vida fora das quadras? Agora que você mora aqui em Floripa.
Longe da família sempre foi, desde os 14 anos. Eu tenho muito carinho pelo Sul, acho a cultura aqui muito legal. Gosto muito das pessoas, do respeito, de você realmente se sentir acolhido pelas pessoas. E eu gosto muito do clima, da praia, que me deixa muito tranquila para o dia a dia. Esse é o principal, eu ter um pouco mais de paz.
Crédito: André Gemmer/Green Filmes
Como está o relacionamento entre você e o Thiago [Monteiro, número #1 do Brasil na ATP e namorado de Bia]?
Namoro à distância não é fácil. Ainda mais quando você viaja mais de 30 semanas no ano, cada um para o lado. A gente se viu 3 semanas no ano, nem isso. Mas, temos muito claro que a prioridade é o tênis e precisamos sempre apoiar um ao outro. De uma forma ou de outra, saber lidar nos momentos mais difíceis. Tem momentos que um está mais em cima, o outro mais embaixo, e a gente sempre se põe para cima. Enfim, o mais legal é ter uma pessoa para você compartilhar coisas diferentes e não só tênis.
Qual a jogadora mais forte que você já enfrentou?
Halep.
O torneio que você mais gosta?
Wimbledon.
Qual seu maior sonho como tenista profissional?
Ganhar Wimbledon.
Qual sua meta para 2019?
Ficar entre as 50 melhores.
Qual o time que você torce?
São Paulo.
Qual raquete você está usando?
Head Radical.
Qual seu tenista preferido no masculino?
Federer,
E no feminino?
Kvitova.