Surpresa em Doha, Zvonareva credita a Boris Yelsen o sucesso do tênis russo

Para tenista, ex-presidente foi fundamental para o crescimento do esporte no país


Ron C Angle/TPL
Última a se classificar, russa ja venceu as duas primeiras partidas
Última tenista a se classificar para a Masters Cup de Doha, Vera Zvonareva já aparece como a maior surpresa da competição até o momento. Uma, entre as cinco tenistas russas no top10, Zvonareva credencia o sucesso do tênis no país ao falecido presidente Boris Yelsen.

Depois de passar pela compatriota Svetlana Kuznetsova na primeira partida, a número nove do mundo venceu hoje a sérvia Ana Ivanovic, ex-número um, e já lidera o grupo branco. Considerada a "zebra" do torneio, a jovem tenista se diz agradecida por todo o apoio que Yelsen deu ao tênis russo.

O primeiro presidente eleito popularmente no país era figura freqüente em jogos de Copa Davis e grandes torneios. "O tênis se tornou popular graças à ajuda de Boris, que se envolvia e amava muito o jogo", afirmou Zvonareva ao jornal Gulf Times. A principal medida adotada pelo ex-líder foi promover a prática do tênis e difundir a modalidade, que na época do comunismo era considerada imprópria para a grande massa.

Na semana de sua morte, em abril do ano passado, a ex-primeira dama, Naina Yelsen, esteve presente nas finais da Federation Cup, em sinal de respeito às paixões do marido. "O amor do presidente pelo esporte fez com que muitas pessoas começassem a jogar tênis", conta Zvonareva. "Lembro de quando tinha sete ou oito anos e via grandes partidas pela tevê".

A tenista acredita que o futuro do tênis russo é ainda mais promissor. "É fantástico ver quatro jogadoras de nosso país aqui em Doha. Sempre via os grandes nomes do tênis e jamais me imaginei junto com eles", comemora a jovem, que ressalta o grande número de jogadores do país entre os melhores do ranking, tanto no feminino quanto no masculino.

Ao contrário da maioria das mulheres, os grandes ídolos da tenista não vêm do tênis feminino. André Agassi e Yevgeny Kafelnikov eram quem mais lhe impressionavam quando criança. "Agassi era meu favorito, mas é claro que sempre gostei de Kafelnikov. Além de grande jogador, ele era russo, e sempre gostei de seu jogo", lembra a 9ª melhor tenista do mundo.

No começo da carreira virou rotina ver a tenista chorando pelos cantos das quadras após momentos difíceis, mas ela afirma que a mudança de mentalidade foi o que mais influenciou na grande temporada que vem jogando. "Estou mais experiente e mais madura. Já estou no circuito há alguns anos e já percebi que nem sempre você joga o seu melhor tênis", analisa a russa. "Você tem que encontrar uma maneira de ganhar as paridas, mesmo jogando mal, e é isso que vai fazer você se tornar uma campeã".

José Eduardo Aguiar

Publicado em 5 de Novembro de 2008 às 13:49


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